A dupla de candidatos eleitorais do Movimento para o Socialismo (MAS) foi escolhida nesta quinta-feira (16) e será representada por David Choquehuanca, ex-chanceler de Evo Morales, e pelo jovem líder cocaleiro, Andrónico Rodríguez, para as próximas eleições golpistas que ocorrerão na Bolívia tomada por fascistas.
A decisão, que foi tomada em uma reunião realizada em La Paz, onde as organizações que compõem o Pacto de Unidade, uma plataforma dos setores sociais que apoiam o MAS, decidiram por unanimidade aprovar a dupla, é um erro grave frente a atual realidade do país. O partido do ex-presidente Evo Morales, exilado na Argentina depois que um golpe de Estado que forçou sua renúncia, irá fazer o anúncio oficial na próxima quarta-feira (22), data em que terminaria o mandato de Evo.
O deputado Henry Cabrera, do MAS, anunciou na manhã desta sexta-feira (17): “no MAS é oficial o apoio do nosso companheiro David Choquehuanca como candidato à presidência e do nosso companheiro Andrónico Rodríguez como candidato à vice-presidência. Portanto, são decisões dos nove departamentos, dos setores sociais que compõem o Pacto de Unidade e a Central Trabalhadora Boliviana, e decisões dos setores sociais que acompanharam este partido político”.
É preciso alertar aqui, mais uma vez, que o golpe de Estado perpetrado pela direita boliviana está tomando contornos abertamente fascistas. Nos últimos dias, um ministro do governo golpista, fez um vídeo onde ele derruba a estátua de Evo Morales e depois o chama de criminoso. Percebam que não estamos falando aqui de um grupo não ligado ao governo, mas sim, de um ministro que tomou uma atitude semelhante aos nazistas alemães. E este, é apenas um exemplo, já que tivemos um circo de horrores após a derrubada violenta do governo eleito pelo povo.
Noticiamos neste diário toda a escalada da violência descontrolada da direita e, agora, vamos demonstra-lá aqui para que fique claro o tamanho do erro da esquerda boliviana: tudo começou com a farsa das próprias eleições que o MAS quer participar novamente; após militares ameaçarem a vida de Morales, ele renuncia; a polícia visivelmente fechada com os golpistas, ataca bandeiras indígenas; esquerda capitula com a “famosa” resistência que não resiste em nada, com a retórica vazia do pacifismo cego e a defesa da suposta democracia mesmo após ser golpeada; a senadora e segunda vice-presidenta do senado, viola a Constituição e se auto-proclama presidente do país; com pretexto da fraude eleitoral, golpistas prendem 3 membros do MAS do TSE e o golpe avança; polícia e militares começam a repressão violenta contra as grandes manifestações; polícia e fascistas agridem senadora sucessora de Evo ao tentar entrar no Congresso; deputada do MAS denuncia ameaças fascistas de serem queimados vivos se não renunciarem; com apoio dos EUA, o golpe boliviano começa a colocar seus fascistas nas principais cadeiras das Forças Armadas; OEA mostra que organizou o golpe; golpistas demitem os embaixadores nomeados por Evo; líder fascista confirma a participação de Bolsonaro no golpe; começa o assassinato de manifestantes pelas forças de repressão do Estado fascista; governo ameaça jornalistas que denunciam a repressão brutal nas ruas contra o povo que elegeu Morales; para finalizar, surgem inúmeras denúncias de torturas e assassinatos nas prisões fascistas.
Essas estão longe de serem todas as notícias das barbáries cometidas após o golpe de Estado contra Evo Morales e o povo. Para o leitor atento, há mais de 10 páginas de notícias apenas neste diário. E este leitor afinco, após toda esta leitura, pensaria que qualquer pessoa que consegue discernir, chegaria facilmente a conclusão de que é impossível pensar em eleições dentro dessas circunstâncias. Porém, essa é a política que tem sido levada pelas direções da esquerda boliviana.
Com assassinatos de lideranças pelo exército, com grupos de motoqueiros fascistas que andam nas ruas aterrorizando os indígenas aos moldes da SS nazista, é impossível fechar os olhos. Ir para eleições é uma posição fantasiosa, um suicídio político!
Evo Morales havia defendido a criação de organizações de auto-defesa do povo, armados, ainda nesta semana, mas voltou atrás. No entanto, esta é a única política existente no atual momento boliviano: o armamento do povo e o enfrentamento nas ruas. Os golpistas não querem saber de eleições, pois estão controlando todas as instituições, financiados pelos EUA, que treinou soldados para repressão do povo, estão assassinando lideranças e não se preparando para ganhar nas urnas. A experiência mostrou, agora o povo deve aprender e avançar na luta nas ruas!