Ontem (10/06) o governador do Pará, Helder Barbalho (MDB) foi alvo de uma ação da Polícia Federal, cujo pretexto era o “desvio de recursos” na compra de respiradores para infectados com Coronavírus. Como sempre, a PF atuando politicamente sob o pretexto da “luta contra corrupção”.
A operação, na verdade, nada tem de “luta contra a corrupção”, o que os acontecimentos nacionais vêm mostrando é um domínio cada vez maior do governo Bolsonaro sobre a PF. Na medida em que a crise se aprofunda, o bolsonarismo avança sobre os outros setores da própria direita que com ele tem divergências, mesmo que secundárias.
Não é de hoje que a Polícia Federal tem sido um instrumento para a perseguição política da direita. A instituição foi peça-chave na constituição do golpe de Estado de 2016, famosa por seus grampos que curiosamente iriam diretamente para a Globo, antes de passar pelo tribunal. Foi através dela que toda perseguição política, o impeachment, a prisão de Lula e a fraudulenta eleição de 2018 passou.
Na medida em que o golpe foi se aprofundando, principalmente no marco do governo Bolsonaro, que mostra seu desenvolvimento mais profundo, a crise política foi se tornando cada vez mais incontornável. Com isso, os setores de direita começaram a romper dentro do bloco golpista. O caso dos governadores estaduais e do governo bolsonarista federal é exemplar.
Desde a demissão de Sérgio Moro, a Polícia Federal vem se transformando em uma polícia política à serviço de Bolsonaro, antes era uma polícia política à serviço do Centrão, buscando pressionar as tendências reacionárias que tem divergências com o governo federal na base da perseguição descarada. Isso mostra muito bem, de forma clara, para onde o golpe vai: em direção a uma ditadura total e aberta.
Esse instrumento político não começou e nem vai permanecer perseguindo apenas a direita. É necessário denunciar que a PF busca perseguir qualquer força reacionária que estiver em seu comando mandar, e o ponto mais visado é a esquerda e o povo.
É preciso mobilizar para se derrubar o governo Bolsonaro e derrubar o golpe de Estado, barrando a regime de exceção que segue em marcha no país.