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São João

Direita proíbe fogueiras, mas atira o povo ao fogo da pandemia

Em Pernambuco e na Paraíba, a burguesia se mostrou preocupada em acabar com a festa do povo

Todo ano, o povo de Caruaru (PE), que reivindica para si o título de “capital do forró”, e o povo de Campina Grande (PB), que garante ser dona do “maior São João do mundo”, concorrem para mostrar como a festa junina de sua cidade é a melhor que existe. Neste ano, no entanto, o São João passou batido: por causa da pandemia de coronavírus e da alta taxa de contágio da doença, as grandes festas juninas não puderam ser realizadas. Não bastasse isso, a direita na Paraíba e em Pernambuco decidiu aproveitar o pretexto do coronavírus para reprimir ainda mais o povo durante o período.

Na Paraíba, a Assembleia Legislativa aprovou uma lei que proíbe as fogueiras durante a pandemia de coronavírus. O projeto, de autoria do PSB, prevê multa para quem acenda fogueira. A pena poderá ser dobrada em caso de reincidência. Em Pernambuco, o deputado bolsonarista Cleiton Collins (PP) pediu para que o governo de Pernambuco aprovasse uma lei com o mesmo sentido. Nenhum projeto que proíba fogueiras foi votado na Assembleia Legislativa de Pernambuco, mas as prefeituras das maiores cidades acabaram aprovando a medida. Foi o caso de Recife (PSB), de Olinda (SD) e de Caruaru (PSDB). Na “capital do forró”, inclusive, a prefeitura promoveu a seguinte campanha: “uma fogueira não acesa pode salvar várias vidas”.

Não bastasse a proibição das fogueiras — e em muitos casos, dos fogos de artifício —, a direita decidiu também promover uma verdadeira campanha de denúncias contra as pessoas que incorressem neste “crime”. Tanto o Correio da Paraíba quanto o Jornal do Commercio, órgãos de destaque da imprensa burguesa nordestina, dedicaram um espaço em seus periódicos para ensinar a população a denunciar as “perigosas” fogueiras:

“A Operação ‘São João Sem Fogueiras’ será deflagrada no começo da noite desta terça-feira (23) para coibir o acendimento de fogueiras em áreas urbanas, em toda a Paraíba. As fiscalizações contam com a atuação conjunta do Batalhão de Polícia Ambiental (BPAmb), Superintendência de Administração do Meio Ambiente (Sudema) e Corpo de Bombeiros Militar. A proibição foi estabelecida pela lei nº 11.711, sancionada pelo Governo do Estado no último dia 19. As denúncias podem ser feitas pelo número 190” (Correio da Paraíba).

“Para garantir que fogueiras não sejam acesas, várias cidades que proibiram a prática irão fiscalizar a atividade. Os moradores também podem contribuir fazendo denúncias através de canais de atendimento fornecidos. (…) A prefeitura [de Caruaru] informa que não vão haver equipes fazendo rondas, mas disponibiliza meios para a população denunciar moradores que estejam acendendo fogueiras. É possível acionar a Guarda Municipal, através da Ouvidoria Municipal, no número 156 (das 7h às 13h, de segunda a sexta), ou no WhatsApp 98384-5936. Além disso, a denúncia pode ser feita também pelo 190 da Polícia Militar e Corpo de Bombeiros no número 193” (Jornal do Commercio).

Houve quem tentasse acender, mas a direita não desperdiçou a oportunidade de colocar seu aparato de repressão na rua. Apenas em Olinda, a prefeitura encheu três caminhões de lenha apreendida. As operações aconteceram nos bairros de Jardim Fragoso, Jardim Atlântico, Rio Doce, Ouro Preto e Jardim Brasil. Todos, sem exceção, bairros populares.

O caso de Olinda, inclusive, é bastante exemplar para demonstrar como a direita está procurando sabotar as festas juninas. No ano de 2019, o prefeito de Olinda, o bolsonarista Professor Lupércio (SD), cortou todas as verbas públicas para o São João. O pretexto da época foi o de que o dinheiro seria todo destinado ao trabalho de prevenção das chuvas. Um discurso, obviamente, moralista e mentiroso tipicamente utilizado pela direita.

Se, por um único momento, fôssemos levar em consideração que o motivo para a repressão às fogueiras de São João é a saúde do povo, teríamos de nos perguntar: por que, em Olinda, foram reabertos os dois shopping centers da cidade? Por que o comércio, de uma maneira geral, está sendo reaberto? Porque os desempregados estão sendo largados ao descaso? Porque, enfim, trabalhadores como os da construção civil estão sendo forçados a continuar seus serviços? Nenhuma resposta lógica é capaz de dar conta de tais questões.

O fato é que a direita sempre odiou as festas de São João do Nordeste e todo e qualquer tipo de manifestação popular. Não são poucos os episódios de censura e sabotagem da direita ao carnaval, maior festa popular do País. E também não é para menos: o carnaval se mostrou, no início do ano, uma verdadeira manifestação política. Uma manifestação pelo Fora Bolsonaro.

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