O governo de Pernambuco do PSB, que de esquerda pouco tem, resolve dar um presente de natal antecipado para a burguesia local. Shopping centers e lojas de varejo receberam autorização para voltar a funcionar. A reabertura deve atender a um protocolo estabelecido pelo Plano de Convivência do governo do estado. Entretanto, este protocolo pode enganar os mais desinformados, mas, após análise mais aprofundada, parece bastante ineficaz. Os estabelecimentos poderão ter até 30% da sua capacidade máxima. Na prática, isto significa nada, pois, exceto em horários de pico e próximo a determinadas datas, o movimento nos shopping centers e lojas já é este. Os shopping centers (andares superiores dos grandes shopping centers) e lojas voltados à burguesia dificilmente chegam a esse valor de ocupação, exceto, talvez, nas praças de alimentação. Portanto, a reabertura nada mais é que a possibilidade de atender os desejos de consumo da burguesia e de parcelas mais enriquecidas da pequena burguesia. O protocolo parece tão sob medida para as classes mais ricas que as praças de alimentação, funcionarão parcialmente, atendendo apenas a retirada. É bem sabido que os mais endinheirados não têm costume de frequentar praças de alimentação. Então, para eles pouco importa isto, basta, apenas, que as lojas estejam abertas. As regras impostas pelo chamado Plano de Convivência chegam a não ter muita lógica. As lojas dos shoppings funcionarão de 12h às 20h. As lojas de rua, porém, funcionarão de 9h às 18h. Não há sentido algum em limitar o horário de funcionamento. Pelo contrário, o horário deveria ser expandido, para que as pessoas possam ir em horários de menor fluxo de pessoas. Vê-se aí, o caráter “para inglês ver” do suposto plano. Dentro de cada estabelecimento, deverá ser dado o distanciamento de 20 metros quadrados por cliente. Na mesma linha do que foi argumentado, as lojas voltadas aos mais ricos serão as únicas interessadas, já que estas sempre foram frequentadas por um pequeno número. Fica, cada vez mais claro, que a reabertura imposta pelo governo do estado é para atender tanto ao consumo de uma parcela mais endinheirada da população quanto aos donos de lojas de luxo. Outro setor que será “reaberto” é a construção civil. Empreiteiras e grandes fornecedores de materiais pressionam os governos para que as construções voltem a pleno vapor. Isto ocorrerá em Pernambuco. O setor já estava funcionando com 50% de sua capacidade, agora irá operar com a capacidade máxima. Para garantir o lucro e os luxos de parcela da população, os funcionários dos shoppings, lojas e construção civil serão colocados junto a outros setores nem um pouco essenciais em transportes lotados, sem testes e com pouca ou nenhuma expectativa de assistência médica. Apenas domingo, Pernambuco registrou quase mil novos casos de COVID-19, além de 86 novas mortes. Ao todo, mais de 52 mil pernambucanos já tiveram dignóstico positivo e mais de 4 mil já morreram. Portanto, é preciso que os sindicatos, partidos de esquerda e movimentos populares quebrem sua inércia e se mobilizem para que a população não permita esta reabertura criminosa e genocida cometida por Paulo Câmara, capacho dos empresários em Pernambuco.
