Em 2019, ocorreu, na Bolívia, um golpe militar de estado, encabeçado pelos militares, contra o presidente eleito Evo Morales (MAS) e contra toda classe trabalhadora boliviana, instaurando uma verdadeira ditadura encabeçada por Jeanine Añez. Morales foi obrigado a sair do país, depois de renunciar, devido à extrema perseguição que sofreu por parte do regime, sendo, inclusive, acusado de terrorismo.
Neste ano, os ânimos da população boliviana aumentaram, principalmente após a resposta desastrosa do governo de Añez frente à crise intensificada pelo novo coronavírus. À título de exemplo, o país já contabiliza mais de 85 mil infectados, com cerca de 26.500 mortes pela doença, com uma população de pouco mais de 10 milhões de habitantes, menor que a da cidade de São Paulo.
Como tem sido feito ao redor do mundo, a burguesia boliviana utilizou a pandemia como pretexto para acirrar seu regime ditatorial. A algumas semanas atrás, foi anunciado que as eleições gerais do país seriam adiadas para o dia 18 de outubro, decisão supostamente apoiada por “parâmetros técnicos e científicos vinculados à evolução da pandemia”. Fica ainda mais claro que essa decisão não passa de uma tentativa de permanência no poder, impedindo a volta do MAS ao governo, uma vez que está previsto que seu candidato ganhe as votações de forma indiscutível.
Com isso, a Central dos Trabalhadores Boliviana (COB) não se calou. No dia 28 de julho, convocou a população às ruas e, logo após, anunciou o começo de uma greve geral para o último dia 3, prevista para durar até que a data das eleições seja restabelecida para 6 de setembro. Desde então, após quatro dias de protesto, a mobilização se intensifica cada vez mais, com a realização de bloqueios e manifestações em diversas partes do país.
Tendo em vista a iminente derrota do regime golpista de Añez, o TSE prontamente se mobilizou, convocando uma reunião com as direções da COB para que tentarum acordo acerca da data das eleições. Todavia, a organização não cedeu, ressaltando que a greve só irá parar caso o governo mude a data do evento. Juan Carlos Huarachi, líder da COB, colocou que não haverá acordo:
“Lamentavelmente, não existe vontade por parte do TSE; ficamos 5 horas justificando o pedido do povo, as reivindicações sociais e os argumentos jurídicos”,
disse o líder operário já em meio à gritos de “eleições já” fora do edifício do TSE, na praça Abaroa, em La Paz.
A luta dos companheiros bolivianos deve ser tomada como exemplo para toda a esquerda e setores progressistas da luta pelos direitos dos trabalhadores. Todavia, deve ficar claro, lúcido, que o governo golpista de Añez não pretende, de forma alguma, permitir que o MAS volte ao poder. Farão de tudo para que seu regime continue esmagando a classe operária ao redor de todo país. Nesse sentido, a única opção é a radicalização do movimento. A greve não pode parar com uma decisão favorável por parte do TSE: precisa continuar até que o regime fascista sucumba pelas mãos do povo.
Todo apoio ao povo boliviano!