Mal secou a tinta da caneta, após a assinatura do Acordo Coletivo 2022/2024 entre as entidades sindicais dos trabalhadores da Caixa Econômica Federal e a direção do banco, já surgem denúncias do aprofundamento da política de assédio moral na área de cartões.
Numa clara demonstração que, para os banqueiros e seus governos, os acordos assinados com os trabalhadores e seu cumprimento são só “para inglês ver”, eis mais uma prova: para os patrões a máxima “para os amigos os favores, aos inimigos a lei” é o que vigora, para aqueles que tem nas palmas das mãos as instituições do Estado.
Nem passado um mês da assinatura do acordo coletivo dos trabalhadores da Caixa, o setor de Cartões do banco já aparece com denúncias, enviadas às entidades sindicais dos bancários do estado de São Paulo, de que há uma forte pressão e assédio para que os trabalhadores atinjam metas abusivas nas vendas de cartões.
“Segundo as denúncias, os empregados vêm sendo obrigados a empurrar produtos que muitas vezes não têm qualquer utilidade para os clientes e servem apenas para entregar as metas cada vez mais absurdas”. (Contraf/Cut 13/09/2022)
Entra acordo, sai acordo, em que consta, na cláusula de Condições de Trabalho, da formação de grupo de trabalho paritário para discutir condições de trabalho, é mais uma jogada os patrões para que, na verdade, nada aconteça. Esses “Grupos Paritários” sempre foi um artifício dos banqueiros para enrolar o movimento sindical para, no frigir dos ovos a situação permaneça a mesma: o sistema da chibata para que os banqueiros continuem lucrando os tubos, às custas da maior exploração dos trabalhadores.
Pesquisa realizada recentemente pela Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae) revelou que o assédio moral dos chefes para que os funcionários cumpram metas de venda de produtos é o principal responsável pela péssima qualidade de vida dos bancários da Caixa no último período. Conforme pesquisa, “dentre os principais motivadores de afastamento do trabalho estão os casos de depressão (33%), ansiedade (26%), síndrome de burnout (13%) e síndrome de pânico (11%)” (site Fenae 27/07/2022).
Mais essas denúncias no setor de cartões da Caixa comprovam, mais uma vez que, ao contrário do papo furado da direção do banco de forma demagógica em aprovar um suposto grupo de trabalho para evitar o assédio nas suas dependências é conversa para boi dormir, e revela que a situação do bancário da Caixa que já era um caos, só tende a piorar ao longo dos próximos dois anos (o acordo assinado foi por dois anos, ou seja, bianual).
As direções sindicais devem exigir o cumprimento do acordo, feito com a direção da Caixa e, não acreditar em promessas dos patrões. Somente a mobilização da categoria poderá barrar a ofensiva reacionária da direção da empresa que vem, ao longo dos últimos seis anos, ou seja, logo após o golpe de Estado, implantando uma política de terra arrasada contra os trabalhadores.