A Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) propôs ao Comando Nacional da categoria, em negociação realizada no dia 19/08/2022, um reajuste miserável de 5,82% para os trabalhadores. Com relação à proposta de reajuste, é importante salientar que esta nem ao menos repõe as perdas salariais do último ano, levando em conta a inflação oficial em torno de 12%.
Sempre é bom lembrar que, o índice de inflação, medido pelos órgãos oficiais do governo, fazem uma média de preços de vários produtos e, o que realmente pesa nos salários dos trabalhadores são, principalmente, os preços dos alimentos, transporte, gás de cozinha, saúde, higiene.
Só para se ter uma ideia, os preços dos alimentos que compõem a cesta básica no País tiveram aumento de 26,75% calculado até o mês de maio. Os planos de saúde individuais e familiares foram reajustados em 15,5%; o leite longa vida, somente neste ano, foi reajustado em 42%; a alta dos preços nos transportes foi de 17,37%, puxada pelo aumento dos combustíveis, que chegou a 27,89% e o diesel teve um aumento de 46,47%; já os produtos de limpeza atingiram o dobro da inflação oficial.
É neste contexto que os banqueiros planejam mais um golpe em toda a categoria que se encontra em campanha salarial. A proposta de reajuste miserável de 5,82% é ridícula em comparação aos lucros aferido pelos banqueiros no ano passado que alcançou a cifra de R$ 132 bilhões, enquanto que o salário de ingresso de bancário é um pouco mais que 2 mil.
A categoria bancária vem sofrendo ao longo dos anos um ataque brutal às suas condições de vida, especialmente após o golpe de Estado de 2016, que já resultou em dezenas de milhares de demissões, descomissionamentos, arrocho salarial, sobrecarga de trabalho por falta de pessoal, aumento do assédio moral, etc.
A proposta dos banqueiros, apresentada na mesa de negociação junto ao Comando de Negociação dos Bancários, não apresenta nada de novo, passando por cima das pautas de reivindicações aprovada na Conferência Nacional dos Bancários, tais com aumento real, garantia no emprego, defesa das estatais (que passam por um profundo processo de sucateamento e ataques sistemáticos com vista a privatização), melhores condições de trabalho, sobre a questão da saúde do bancário etc.
Há claramente uma interpretação equivocada da situação política que leva a direção do movimento da categoria bancária, uma das mais combativas do País, assim como todos demais trabalhadores, a uma posição defensiva diante da situação. Uma avaliação de que não é possível lutar e arrancar mais dos banqueiros. Isso quando a burguesia se vê pressionada pela situação, pela crise provocada pela evolução da situação à esquerda, com a enorme revolta e rejeição popular contra o golpe e o gigantesco apoio à candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva.
Nessas condições, é preciso ampliar a denúncia dos lucros bilionários dos banqueiros e da situação de penúria da categoria bancária, rejeitar a proposta miserável e organizar uma ampla mobilização pelo atendimento das reivindicações mais sentidas da categoria, como a estabilidade no emprego, a reposição integral das perdas salariais, 20% de aumento real (reivindicação tradicional do movimento dos trabalhadores), fim das terceirizações, não à privatização dos bancos públicos.
Essa luta deve se unificar coma luta contra o golpe, por Lula Presidente, por um governos dos trabalhadores.