Na noite da última terça-feira (30), o pacto selado durante a pandemia de Coronavírus entre a burguesia golpista e a ala direita da esquerda nacional deu a maior demonstração de seu caráter reacionário até então. Danilo Pássaro (Psol/Somos Democracia), junto com outros capangas, tentaram encurralar, às 22 horas, um dirigente nacional do Partido da Causa Operária. Em uma franca tentativa de intimidar o PCO e seu dirigente, Danilo Pássaro já havia dito publicamente que iria ter “pouca conversa” com o Partido.
O motivo que levou Pássaro a querer intimidar o PCO, conforme nem o próprio psolista tentou esconder, foi o fato de que o Partido e seus militantes se recusaram a abaixar a cabeça para a política direitista de que os atos não deveriam ter bandeiras. De maneira acertada, o Partido afirmou que não baixa suas bandeiras nem para a extrema-direita, muito menos as baixaria a pedido de um setor minoritário da esquerda nacional que está sob a política do PSDB e da burguesia em geral.
Travestidos de esquerdistas, os capangas do senhor Guilherme Boulos e de Danilo Pássaro foram até o PCO para tentar fazer o que a burguesia quer, mas não consegue: impedir que o PCO se manifeste. No momento, o PCO é o único partido que está saindo às ruas e que está levantando um programa dos trabalhadores para a pandemia e para a crise econômica. Trata-se, portanto, de um obstáculo à construção da chamada “frente ampla”, uma operação que visa submeter os trabalhadores aos seus piores inimigos: o DEM, o PSDB, o MDB, o STF, entre tantos outros.
Não é segredo algum que a orientação do Psol é ingressar de cabeça na “frente ampla”. O próprio Guilherme Boulos assinou um número imenso de manifestos e participou de eventos ao lado de Fernando Henrique Cardoso e de outros vigaristas do mesmo nível. Se Guilherme Boulos quer um acordo com a burguesia, e a burguesia só quer um acordo que permita acabar com o caráter combativo das manifestações, então, como fica óbvio, a tentativa de seus capangas intimidar o PCO é um serviço sujo para a classe dominante.
Menos de 24 horas depois da “visita inesperada” dos capangas da Frente Ampla ao PCO, um acontecimento em Recife demonstrou que a truculência de Danilo Pássaro não é um caso isolado. Durante o ato dos trabalhadores de entrega por aplicativo em Recife, ocorrido ontem (1º), o psolista Diogo Xavier ameaçou de agressão os militantes do Partido da Causa Operária.
Quando chegaram ao ato, os militantes do PCO, que portavam panfletos, adesivos e faixas pelo “Fora Bolsonaro”, foram cercados por um grupo minoritário de pessoas que se diziam da “organização” do ato. Como também aconteceu em vários incidentes em que estavam presentes Danilo Pássaro e Guilherme Boulos, esses “organizadores” não seriam de partido algum, segundo diziam. O que chamou a atenção foi que alguns deles, no entanto, chegaram a afirmar que seriam a favor do governo Bolsonaro, enquanto outras preferiam deixar claro que não eram “nem de esquerda, nem de direita”. Durante o tumulto, Diogo Xavier declarou para os militantes do PCO: “é melhor vocês vazarem logo, antes que a coisa fique feia para vocês”. Xavier não estava vestindo nenhum adereço do Psol: era mais um “apartidário” disfarçado. Mas uma rápida pesquisa revelará que se trata de um militante do Psol.
Essa, por sua vez, não foi uma ocorrência isolada. No dia 7 de junho, o psolista já havia tentado impedir que o carro de som do PCO acompanhasse o ato pelo “Fora Bolsonaro” em Recife. Naquele ato, Xavier, junto com outros organizadores”, fizeram de tudo para descaracterizar o ato como um ato da esquerda, colocando a cor preta como a cor do ato e dando voz apenas aos líderes das “torcidas antifas”.
É preciso questionar se é esta a posição oficial do Psol. Ameaçar militantes de esquerda, baixar bandeiras, vestir verde-amarelo como está propondo o deputado federal Marcelo Freixo, é a transformação de um partido que prega o pacifismo, o desarmamento, em um grupo de adoradores da direita com métodos bolsonaristas?