A Polícia Civil de São Paulo prendeu o ex-assessor parlamentar de Flavio Bolsonaro, Fabrício Queiroz, ontem (dia 18), no município de Atibaia, interior de São Paulo. A prisão ocorreu na Operação Anjo, que também cumpre mandado de prisão contra a mulher de Queiroz, Márcia Oliveira de Aguiar e outros ex-funcionários da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro ligados a família Bolsonaro.
Há o que comemorar?
Rapidamente setores da esquerda pequeno-burguesa saíram em comemoração, mas não conseguem entender a jogada que está por trás da prisão e do cerco à família Bolsonaro. A Rede Globo, articuladora do golpe em 2016 e de todos os ataques que levaram Bolsonaro a presidência, por exemplo, está dando o maior destaque a prisão e não é por acaso.
A prisão de Fabrício Queiroz não deve ser interpretada pela esquerda como um combate a corrupção ou a política de ataques aos trabalhadores, pois faz parte de uma verdadeira guerra de quadrilhas que estão no poder.’
Esse cerco a família Bolsonaro vem após o governo Bolsonaro através da Polícia Federal atacar abertamente setores da direita golpista como o governador do Rio de Janeiro Wilson Witzel e iniciar ataques ao governador de São Paulo João Doria, todos ex-bolsonaristas, mas que são elementos da extrema direita.
Isso foi visto após a saída do golpista Sérgio Moro do Ministério da Justiça, e do maior controle da PF por Bolsonaro, nas operações da PF no final de maio quando invadiram a casa de Witzel e apreenderam celulares e documentos na chamada Operação Placebo. Após essa operação, João Doria saiu em defesa de Witzel e declarou que representava “uma escalada autoritária” de Jair Bolsonaro.
Burguesia e a perseguição aos governadores
A prisão de Fabrício Queiróz deve ser interpretada como um desdobramento da reação de setores mais tradicionais da burguesia golpista que levou Bolsonaro ao poder. São setores da burguesia como PSDB/DEM que estão numa tentativa desesperada de controlar o bolsonarismo.
Estão fazendo isso porque estão vendo que essa perseguição de Bolsonaro através da Polícia Federal a governadores dos principais estados do país pode ocasionar uma enorme instabilidade social e fazer com que o controle da situação política pela burguesia, que hoje é extremamente frágil, se quebre por completo. Ou seja, é uma reação da burguesia a perseguição a Witzel e Doria realizada por Jair Bolsonaro.
Apesar dessa briga entre setores golpistas e fascistas enfraquecer ainda mais a extrema direita, não deve ser comemorada, mas sim entendida para atuar em favor dos trabalhadores e da luta contra o golpe e pelo Fora Bolsonaro.
Tem que ficar claro que esses setores da burguesia que atuam “contra” o bolsonarismo não querem derrubá-lo, mas sim controlá-lo porque concordam em grande medida com sua política. E sua retirada pode acarretar um agravamento da crise política levando a desestruturação do regime político.
Nesse sentido, a esquerda não pode ficar a reboque da burguesia e muito menos colocar o movimento pelo Fora Bolsonaro a espera de medidas institucionais, como o STF ou o Congresso Nacional. É necessário se aproveitar da crise e ter uma política própria que garanta a derrubada de Bolsonaro e da direita pelos trabalhadores e nas ruas.