No último dia 25, Bolsonaro “determinou ao Ministério da Defesa que faça as comemorações devidas com relação a 31 de março de 1964”. Como se sabe, é a data do golpe militar patrocinado pela CIA que afundou o país em 21 anos de ditadura, perseguindo, prendendo, torturando e matando membros de organizações populares e partidos de esquerda. Os militares entregaram completamente o País nas mãos do Imperialismo e da burguesia nacional associada ao capital externo, censuraram os meios de comunicação e as manifestações artísticas, destruíram o sistema de Educação Pública.
Cabe à população um veemente repúdio à iniciativa em todos os meios possíveis, sobretudo nas ruas – o espaço natural de manifestação da esquerda. A palavra de ordem deve ser clara: contra a celebração do golpe de 64. A data é domingo, 31 de março de 2019, aniversário de 55 anos do golpe. Foi criado um evento no Facebook, não apenas para o ato de São Paulo, mas também para centralizar as demais manifestações em outras cidades do País. Nada de comemorações de direita. Nada de “manifestações pela paz” defensivas! É hora de encarar o fascismo de frente.
O anúncio das comemorações foi feito pelo porta-voz da Presidência da República, o general Otávio Rêgo Barros, que justificou sem qualquer pesar aparente: “O presidente não considera trinta e um de março de 1964 golpe militar. Ele considera que as sociedade reunida e percebendo o perigo que o País estava vivenciando naquele momento, juntou-se civis e militares e nós conseguimos recuperar e recolocar o nosso País num rumo que, salvo melhor juízo, se isso não tivesse ocorrido, hoje nós teríamos um tipo de governo aqui que não seria bom para ninguém”. O general acrescentou que “uma ordem do dia patrocinada pelo Ministério da Defesa que já foi aprovada pelo nosso presidente”.
Desde o fim da Ditadura, em 1985, não se comemorava o aniversário do golpe de 1964, salvo em círculos muito restritos ou em atos notadamente ridículos como as manifestações de um homem só protagonizadas pelo então deputado Jair Bolsonaro diante do Congresso Nacional, que estendia uma faixa, soltava fogos sozinho, filmava tudo e bradava barbaridades a sua audiência direitista nas redes sociais. A determinação de comemoração nos quartéis é a institucionalização do fascismo. Um perigoso passo rumo à normalização de um regime ditatorial de direita. Uma afronta a todos aqueles que deram suas vidas na luta pelos direitos democráticos da população. Uma ameaça, hoje, de novo golpe militar – afinal, para Bolsonaro “democracia e liberdade só existem se as forças armadas assim o quiserem”.
Os setores mais reacionários das Forças Armadas – notadamente o alto oficialato – apressaram-se em organizar celebrações, enviando convites a seus simpatizantes para “Formatura alusiva à Revolução Democrática de 31 de março de 1964”.
Somente a mobilização popular resoluta pode oferecer resistência real a mais esse ataque. Nenhuma ilusão institucional, nenhuma fé consignada a processos judiciais. O Brasil está sob um golpe imperialista que se aprofunda a cada dia. O governo Bolsonaro tem tantas contradições que seu esfacelamento é iminente. Sem o povo nas ruas exercendo pressão política, a ditadura militar é uma possibilidade real colocada pelo imperialismo – até porque os militares já estão no comando. Confirme sua presença no evento no Facebook. Veja onde será o ato de sua cidade no dia 31! Todos às ruas contra o golpe militar. Todos às ruas contra a celebração do golpe de 1964.