Nesta segunda-feira (07), os casos de infecção por coronavírus na Índia cresceram exponencialmente, colocando o país como novo epicentro da doença e o terceiro país mais atingido pela pandemia de covid-19 no mundo.
O país já registra 697.358 casos, com cerca de 24 mil novas infecções em apenas 24 horas. Ademais, o número de óbitos contabilizados é de 19.693.
Depois das eleições de 26 de maio de 2014, foi eleito o atual presidente da Índia, Narendra Modi. Seu governo tem sido marcado por uma administração notavelmente neoliberal e, acima de tudo, fascista. A política de extrema-direita de Modi tem sido diretamente responsável por ceifar a vida de milhões de trabalhadores, principalmente com seus ataques às legislações trabalhistas do país. Durante a presente pandemia do coronavírus, tem se mostrado cada vez mais autoritária, basicamente acabando com todo e qualquer direito dos trabalhadores indianos.
No começo da crise, o governo indiano prontamente estabeleceu um dos “lockdowns” mais rígidos do mundo. Sua população, de cerca de 1,3 bilhão de habitantes, foi obrigada a ficar em casa sem nenhum tipo de auxílio por parte do poder estatal. Entretanto, em meados do maio, o país começou a relaxar as medidas de isolamento que havia imposto anteriormente, resultando nos números citados acima.
É o que temos visto ao redor de todo o mundo: a burguesia pressiona o estado a voltar a funcionar, uma vez que o isolamento seguro da classe trabalhadora representaria perdas gigantescas nos lucros das grandes empresas. No fim, a vida da classe operária não vale nada quando comparada ao dinheiro do empresariado. Entretanto, existe uma diferença na situação da Índia quando comparado aos demais países que têm praticado a reabertura do comércio.
A classe operária indiana tem sofrido uma série de avanços brutais por parte do governo de Modi. O país basicamente retornou à Idade Média no que diz respeito aos direitos dos trabalhadores. Em Uttar Pradesh, por exemplo, a legislação trabalhista foi suspensa por três anos. Ademais, em outras cidades, a jornada de trabalho passou a ser de 12 horas por dia. Além disso, em Madhya Pradesh, as empresas estão isentas de pagar as férias de seus funcionários e de informar ao Ministério de Trabalho caso estes sofram acidentes.
À luz dessa situação, as centrais sindicais da Índia ameaçaram entrar em greve caso os governadores das cidades citadas não recuem em suas medidas autoritárias. Todavia, utilizando – mais uma vez – o pretexto da pandemia do coronavírus, o governo fascista de Modi proibiu qualquer tipo de manifestação política, reprimindo duramente aqueles que decidirem se manifestar.
No fim, Narendra Modi e seus governadores instituíram um verdadeiro estado fascista na Índia. Todos os direitos fundamentais da classe operária foram completamente obliterados, colocando a população em uma situação de verdadeira miséria, obrigando-os a trabalhar e morrer nas ruas em prol do lucro do empresariado nacional.
Além de tudo isso, a cereja no bolo humano feito por Modi foi o pacote de 20 trilhões de rúpias (266 bilhões de dólares) anunciado para “estimular a economia”. Mas já sabemos muito bem o que esse investimento representa: é apenas uma forma de encher os bolsos da burguesia e salvar suas empresas da inevitável falência, situação muito similar ao que tem ocorrido na Europa.
Finalmente, os trabalhadores da Índia só possuem duas opções: trabalhar incansáveis horas para garantir o enriquecimento da burguesia e morrer enquanto o fazem; ou se manifestar e pôr um fim à tirania imposta pelo Estado de Modi. Mais do que nunca, a classe trabalhadora precisa se unir e ir às ruas, e é dever dos sindicatos garantir que a mobilização tome uma forma verdadeiramente combativa. É a única saída para a crise que perpassa a sociedade indiana. A inércia tem um resultado certeiro: a morte de milhões de trabalhadores e o acirramento de um regime ditatorial por parte de Modi.