Há três dias, o Ibope (Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística) lançou uma “pequisa” que apontava que 90% dos brasileiros são favoráveis a penas em relação as chamadas “fake news” (literalmente, notícias falsas). Tamanha unanimidade nunca fora visto antes na história do nosso país, em torno de um único tema.
Segundo o instituto de pesquisa, ou o instituto de distorção descarada da realidade, os dados foram colhidos por telefone do dia 28 a 30 de maio. Fica claro pelos números homogêneos e sem quebras, e pelas perguntas totalmente direcionadas, que a pesquisa tenta colocar uma base de apoio artificial a uma das aberrações promovidas pelo Estado burguês: a censura.
Desde que a internet surgiu e se viu a possibilidade de começar a democratizar, até certo ponto, a informação a burguesia se viu desesperada. É inconcebível para a classe dominante do capitalismo, os parasitas da população, que nutrem seu império decadente através de guerras sem sentido, miséria, doenças, torturas e deturpações e opressões de todo tipo, que acontecem dia-a-dia, que essas informações sejam compartilhadas rapidamente em meio a população.
É absolutamente visível que a invenção da internet é um progresso civilizatório, algo revolucionário. Mas claro que na sociedade de classes, na sociedade capitalista, a classe dominante busca todos os meios para continuar detentora da informação. O caso que deixa isso claro é o de Julian Assange, fundador do WikiLeaks, que transformou em domínio público diversos documentos secretos da burguesa, de diversos Estados-nação, principalmente do imperialismo. Deixando público a barbárie imperialista que a burguesia mundial tenta colocar para debaixo do tapete. Mas como já disse o escritor uruguaio Eduardo Galeano: “(…) mas não se necessita ser Sigmund Freud para saber que não existe o tapete que possa ocultar a sujeira da memória”.
Na tentativa de puxar o tapete e fazer ressurgir a sujeira na memória da História, o resultado: uma manobra do imperialismo mundial para prender numa solitária Assange, até hoje. A burguesia sabe muito bem, diferente da esquerda, que a internet é um local propicio para a informação necessário que seja o estopim de uma explosão das massas.
E a falta de perspectiva e programa político da esquerda pequeno-burguesa faz ela cair, como um patinho, em qualquer bode expiatório que a burguesia lance no jogo político. Nesse caso, a falsa polêmica das “fake news”. A tese é de que notícias falsas, especificamente na internet claro, teria elegido figuras de extrema-direita como Trump nos EUA, e Bolsonaro no Brasil.
É uma total falta de perspectiva política. Não é que o regime norte-americano é uma ditadura má maquiada, que através do seu engessamento total impõe a população um verdadeiro ditador de caráter nazista. Não é que prenderam o Lula e deram um golpe de Estado para fazer uma manobra até mais escandalosa para eleger, por meio de uma fraude, um fascista mal disfarçado no Brasil.
Percebe-se a completa ignorância da esquerda pequeno-burguesa em cair em golpes fuleiros da burguesia, em qualquer documentário besta da Netflix, em vez de uma análise séria da realidade, da luta de classes que se estende. A própria imprensa capitalista é uma indústria de notícias falsas, e deve-se lutar por criar uma imprensa contrário e não pedir sua censura.
É necessário dizer: a esquerda não deve cair nessa história mal contada, quem irá decidir que é notícia falsa ou não são órgãos reguladores de informação e isso só tem um nome: censura.
A esquerda deve ser democrática, é necessário travar uma luta com a extrema-direita, e não pedir para que o Estado burguês a censure. O pretexto pode ser moralmente “lindo”, mas se voltará contra a própria esquerda e o povo.