Foi publicada no último dia 3 no Vermelho, órgão oficioso do PCdoB na internet, coluna do consultor sindical João Guilherme Vargas Netto, sob o título “Ir para as ruas, agora?”, em que defende a política “sensata” dos sindicalistas em manterem as entidades de “portas fechadas”, supostamente em nome do isolamento social, mas que tem como objetivo central defender que as direções do movimento dêem um passo adiante e se engajem em defesa da política de frente ampla, de subordinação do trabalhadores à aliança que parte da esquerda, a começar pelo próprio PCdoB, busca com a burguesia.
A coluna afirma que
“no campo político e social mais amplo as centrais sindicais defendem a validade dos vários manifestos democráticos e trabalham para que seus apoiadores (que são milhares) se convençam da necessidade de um super-manifesto com a fusão de todos eles em um único preâmbulo que precede as assinaturas e no qual, sem discriminações, compareçam os trabalhadores e suas posições que são, sinteticamente, a luta contra a doença e o fortalecimento do SUS, a exigência do pagamento imediato de todos os auxílios emergenciais para os trabalhadores e as micros e pequenas empresas, a defesa dos direitos dos trabalhadores e dos direitos sindicais e a participação ativa do Estado no enfrentamento da crise sanitária, econômica e social“.
Vargas Netto expõe o que seria a pauta dos trabalhadores em um “amplíssimo” movimento que congregue “gregos e troianos” em nome de uma suposta unidade “contra a pandemia, o caos social e pela democracia”.
Mais adiante o consultor sindical explicita o alcance da política que defende: os trabalhadores não têm que se mobilizar, não têm que ir às ruas, devem deixar a política para os políticos, subordinar-se aos interesses de uma burguesia golpista que os elegeu para pagar a conta da pandemia, com a contaminação pelo vírus, com a morte, com as dezenas de milhões de desempregados, além de outras dezenas com os salários suspensos ou com a redução salarial.
“Ir às ruas hoje, mesmo com as melhores intenções, quebra o isolamento social que ainda é necessário e expõe (como comprovado com nossa experiência desde 2013) os manifestantes à sanha repressiva dos milicianos e às provocações de serviços mais ou menos secretos. Ainda não é nas ruas que a correlação de forças se modificará“.
Quer dizer, lutar não dá resultado. A extrema-direita, o bolsonarismo, são fortes. Fiquem em casa (ou no trabalho), mas deixem a política para os Fernando Henrique Cardoso, Luciano Huck, Rodrigo Maia, Dória, Witzel e porque não, também para os probos esquerdistas Flávio Dino, Luciana D’Avila, Marcelo Freixo, Boulos, Fernando Haddad e por aí vai…. A correlação de forças não se muda nas ruas, segundo Netto, seria então no Congresso Nacional ou numa idealizada opinião pública, num movimento nacional de tomada de consciência?
É a política de unidade unidade nacional supostamente “contra o fascismo”, representado por manifestos como o “Estamos Juntos”, para quem sabe derrotá-lo em alguma próxima eleição. É a política de colocar Bolsonaro na linha, de que os militares respeitem a constituição, a democracia e blá, blá, blá.
Para Vargas Netto é “a hora é a do acúmulo de forças e da criação de um movimento forte de opinião pública contra a pandemia, contra o caos social e pela democracia…”. É a hora de se unir com os que promovem o caos, assassinam o povo pobre das periferias, condenam os trabalhadores à morte, porque o que vale é manter o “sistema” funcionando, o lucro?
Essa é a política da “frente ampla”, da unidade com a burguesia, que aparece agora propagandeada pelos grandes meios de comunicação golpistas justamente para tentar frear as grandes mobilizações que se avizinham, a verdadeira explosão social que está prestes a ocorrer no País pelo Fora Boslonaro, por derrotar o fascismo, por varrer com todos os golpistas, por salário, contra o desemprego, contra a destruição do Brasil, contra o latifúndio, por reforma agrária, pelo direito a terra para os indígenas, contra a polícia militar contra a pandemia e a morte.
O levante popular está apenas começando e os arautos da frente ampla, como Vargas Netto, estão irremediavelmente na contramão da história.