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CUT DF e o PCO

A CUT é do trabalhador e não puxadinho da direita

A política do não confinamento de Bolsonaro foi o pretexto para unir esquerda e direita

Por Renan Rosa de Arruda

da Direção Nacional do PCO e diretor da CUT DF

Nesta minha coluna, vou tratar da resposta oficial da CUT DF a uma matéria escrita neste Diário, sob o título “CUT-DF: de sindicato a repartição pública de governo de direita“, que critica de uma maneira até amena a política demagógica e cínica da direção da Central no DF em disponibilizar a sede da CUT-DF – atitude seguida, também, pela Sindicato dos Professores – para o governo de extrema-direita de Ibaneis, em nome do combate ao coronavírus, quando o próprio governador já está pondo fim ao confinamento, medida mágica (e única) para derrotar a epidemia, com a reabertura de bancos, lotéricas e parte do comércio.  

A nota da CUT, assinada por seu presidente, Rodrigo Rodrigues, e pela diretora Rosilene Corrêa, também diretora do Sinpro-DF e ambos, da direção nacional da Central, inicia acusando o PCO de ter publicado um artigo, “cruel, ardiloso e egoísta e com uma crítica de forma infundada a CUT-DF e o Sinpro-DF”. Em seguida, acusa a publicação como “material grotesco” e de que o PCO que se reivindicava um partido de luta agora “se alinha com a mesquinhez de figuras como Jair Bolsonaro”.

O tom de indignação e ofensa contra o PCO que os assinantes do documento procuram passar apenas reforça as críticas que fizemos. Trata-se de uma uma política de demagogia e cinismo.

Por que entregar as entidades dos trabalhadores para a direita? Ibaneis é um bolsonarista de carteirinha. Em acordo com o Ministério da Educação, transformou as escolas públicas do DF em laboratórios da militarização fascista pela PM assassina, está privatizando todas as empresas públicas do DF, arrocha salários, demite, tem a polícia como instrumento de repressão permanente dos trabalhadores, dos movimentos sociais e da população pobre das periferias. 

Por outro lado, é uma falsificação que existe no DF ou em qualquer outro estado da federação,  uma política de combate à epidemia pelos governadores, transformados por conta da política da esquerda em “heróis nacionais” e muito bem aproveitado pela imprensa direitista e golpista. É mais do que comprovado que a política de confinamento só pode ter validade se acompanhada de outras medidas, a começar por testes em massa, para poder separar, de fato, quem está doente dos sadios. As periferias do DF estão absolutamente entregues à própria sorte. Não existe controle sanitário, as pessoas estão amontoadas em cortiços, não existem proteções básicas, como álcool gel, máscaras e luvas, o que dizer de leitos hospitalares preparados com ventiladores mecânicos, equipamento essencial para salvar vidas.

A CUT fala em “preservação de vidas”, mas de quem cara pálida? Da população pobre amontoadas nas periferias ? E o que dizer das categorias que estão trabalhando, como correios, rodoviários, bancários, atendentes de supermercados? E os que estão perdendo emprego ou tendo seus salários reduzidos? E a população amontoada nas portas dos bancos, sendo atendidas por terceirizados, a parte mais fragilizada dos trabalhadores? Esses nada podem fazer, porque seus dirigentes estão confinados. Entregaram nas mãos do que existe de pior no País, os políticos da direita e da extrema-direita, a resolução da crise, como se houvesse da parte dessa escória uma mínima preocupação com os trabalhadores, com os explorados.

Os sindicalistas, assim como boa parte da esquerda, deveriam fazer justamente o contrário do que estão fazendo. Os sindicatos, a CUT, deveriam ser as referências de mobilização popular. Que boa iniciativa, para começar, seria organizar nos bairros das periferias a população para demonstrar a falsificação da realidade, organizar greves para garantir que os trabalhadores ou não trabalhem ou tenham as condições mínimas de assistências garantidas, a fim de evitar as mortes que já ocorrem com trabalhadores dos correios, bancários, petroleiros. Lutar contra as demissões, como as que estão ocorrendo em larga escala nas empresas privadas, mas também nas públicas e estatais, como na Petrobras.

Ao contrário disso, entregam suas sedes, quando deveriam mobilizar a população para exigir que governos como o do Ibaneis, transformar em ponto de acolhimento, hospitais, centros de triagem de exames, os hotéis que estão entregue às moscas, o centro de convenções, o centro administrativo nunca inaugurado, as escolas.

No entanto, o problema é outro. É o sindicalismo dos tempos de paz. Na guerra temos que “unir todos”. O patrão que esmaga e o trabalhador esmagado, o banqueiro com o zé do boteco da esquina. O Ibaneis das escolas militares, o Dória e o Covas, que usam ônibus ao estilo dos caminhões nazistas que transportavam os judeus para a morte, para transportar os viciados da cracolândia, também para a morte, o Witzel metralhadora de helicóptero e o Caiado assassino de sem-terras! Todos juntos, todos irmanados nos mesmos propósitos! É o significado prático da política da CUT. 

Como não poderia ser diferente. A nota da CUT fala da “luta” dos sindicalistas de pressão sobre os parlamentares, que resultou na “conquista” da esmola de R$ 600. 

Primeiro, que de acordo com dados divulgados pelo PT e também pelo DIEESE, publicado no sítio oficial da CUT Nacional, são pelo menos 100 milhões de brasileiros em condição de receber o auxílio governamental e o Ministério da Cidadania assumiu que apenas entre 15 e 25% deste contingente será atendido pelo programa.

Segundo, não se tratou de uma “vitória” da esquerda, mas de uma concessão da burguesia com medo da explosão social. A política da burguesia e dos seus funcionários políticos da direita e da extrema-direita é a de administrar a crise. Esconder da população a verdade, mentir nas estatísticas sobre os infectados e os mortos, ao mesmo tempo em que “doa” a miséria de R$ 50, R$ 60 bilhões para o povo, assiste os banqueiros e grandes empresários com até 30 vezes mais do que esse valor. 

Poderia escrever ainda muito mais sobre essa política criminosa adotada pela Central que é a única verdadeira do País, construída pela luta de milhões de trabalhadores no anos 70 e 80, pois as demais ou são patronais ou insignificantes, mas o fato é que a decisão tomada, e segundo informada na nota da CUT DF, por “orientação da CUT Nacional”, foi absolutamente antidemocrática. A decisão de colocar o aparato dos sindicatos e da própria CUT a serviço da direita, daqueles mesmos que são responsáveis pelo caos da saúde, pelo golpe de Estado de 2016, pela eleição de Bolsonaro foi feita à revelia dos diretores da própria CUT DF, isso sem consultar os sindicatos ou se consultou, esses agiram da mesma forma antidemocrática à margem de suas bases..

Uma última palavra sobre o PCO, acusado de “cruel, ardiloso e egoísta”, mas, também, de “sectário”, por não se solidarizar com a política criminosa de entregar os sindicatos para os governadores, ‘os heróis do povo brasileiro’. Não apenas não temos acordo, como vamos continuar com a nossa política de ir às categorias chamando à mobilização, ao enfrentamento com contra a direita e a extrema-direita, defendendo a reabertura dos sindicatos e a organização dos trabalhadores, a necessidade da greve para enfrentar a epidemia, os patrões e seus governos, como única e exclusiva maneira de derrotar aqueles que querem descarregar toda a crise nas costas dos trabalhadores e pelo fora Bolsonaro e todos os golpistas (inclusive  governadores, como Ibaneis).

Ao contrário do que prega a nota da CUT de solidariedade com a direita, que significa, na prática, rendição aos carrascos do povo, para o PCO, os momentos de crise agudizam ao extremo a luta de classes. E desse ponto de vista, há muito sabemos qual é a nossa trincheira. Se isso é crueldade, egoísmo, sectarismo ou coisa que o valha, eis o PCO.

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