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Para impedir o roubo da Previdência e libertar Lula, é preciso romper a “unidade” com os infiltrados que querem apoiar Bolsonaro

Nessa última semana, uma série de acontecimentos marcaram claramente o caráter da divisão existente no interior do movimento operário, em um momento de aguda crise da burguesia golpista, diante do declínio da produção industrial (-6% em março deste ano, em relação a março do ano passado), gerando aumento do desemprego, atritos internos entre as distintas alas do governo, dificuldade de levar adiante a aprovação da bilionária expropriação da classe trabalhadora, por meio da “reforma”da Previdência etc.

A crise interna do regime golpista, provocada pela sua ampla rejeição popular, expressa (ainda que de forma deformada) até mesmo nas pesquisas encomendas, realizadas e divulgadas (com as devidas manipulações) por instituições do próprio regime golpista, criou as condições para um avanço das tendências de luta presentes entre os explorados, para fazer avançar a mobilização em torno de suas reivindicações centrais diante da crise.

Esta tendência, no entanto, ficou claramente contida por conta da política de “unidade” com setores que se infiltraram no movimento para não serem totalmente deixados para trás pela mobilização e para buscar desviá-la da possibilidade de um enfrentamento real com o governo ilegítimo de Bolsonaro e o regime golpista.

Foi assim que no 1º de Maio, quando, diferentemente dos últimos anos, se colocou em prática a “unidade” da CUT e demais setores que lutaram contra o golpe, com as demais “centrais” sindicais e seus dirigentes, algumas das quais apoiadores do golpe de Estado, do governo Temer e até mesmo de parte das bandeiras golpistas do governo Bolsonaro, defensores da “estabilidade” do governo golpista atual ou da sua substituição por um governo ainda mais direitista sob a presidência do general golpista Hamilton Mourão

O resultado dessa “unificação” foi visível em todos os atos: a mobilização foi baixíssima (em relação ao potencial presente na situação atual) e as reivindicações centrais do momento ou foram deformadas (caso da luta contra a “reforma” da Previdência) ou abandonadas pela maioria dos dirigentes (cado da defesa da liberdade de Lula e o “fora Bolsonaro”) mesmo tendo amplo apoio popular.

Em um momento de fragilidade do governo Bolsonaro e de tendência à mobilização pela liberdade de Lula, as direções da esquerda nacional desperdiçaram mais uma oportunidade de alavancar um movimento no sentido de colocar os golpistas contra a parede.

Mais grave ainda, alguns dirigentes dessas “centrais” usaram o 1º de Maio para fazer campanha em favor de reivindicações de interesse do grande capital e dos seus governos imperialistas contra os trabalhadores. Esse foi o caso do dirigente da Força Sindical e deputado do centrão, Paulo Pereira da Silva, o “Paulinho da Força”,  que usou da atividade para fazer campanha a favor da “reforma” da Previdência e até para defender uma possível substituição de Bolsonaro pelo general Mourão. Não faltou nem mesmo a defesa da palavra-de-ordem de Trump e Bolsonaro, “fora Maduro”, entoada pelo PSTU sob merecidas vaias: uma afronta ao povo venezuelano que luta contra o imperialismo e ao próprio caráter internacionalista e de luta contra o capitalismo da data.

Em meio à esse quadro, setores da esquerda pequeno burguesa ainda usaram o evento para fazer propaganda de sua política de “frente ampla”, ou seja, de ampliar a aliança com setores da burguesia golpista. Foi o caso do dirigentes do MST e ex-candidato presidencial do PSOL que lamentou enfaticamente a ausência de Ciro Gomes e defendeu o alargamento da frente com os golpistas: ““O Ciro deveria estar aqui. Vou encontrar com ele esses dias, conversei com ele por telefone. Acho que ele deveria estar aqui. Pena que não pode vir.  Mas é importante que a gente construa a mais ampla unidade possível”.

Para impulsionar essa perspectiva direitista e reconhecendo publicamente o papel reacionário que a direita do PT e estes outros setores defensores da “frente ampla” com os golpistas cumprem, um dos principais órgãos da imprensa golpista, a Folha de S. Paulo, concedeu a um dos principais porta-vozes, o ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, um espaço como colunista em seu jornal, a partir desta semana.

Estes e outros fatos, evidenciaram que a “unidade” de fato não existe e que da forma proposta é tão positiva quanto juntar galinhas e raposas famintas no memo ambiente. Ficou mais uma vez provado que a única unidade que pode interessar à luta dos trabalhadores e demais explorados é com os setores dispostos a travar uma luta em comum, e não com organizações e dirigentes que se propõem abertamente a colaborar com a burguesia.

A própria paralisação nacional (“greve geral”), anunciada e referendada no  1º de Maio, para 14 de junho, que pode se constituir em um eixo imediato de unificação e mobilização está ameaçada pela sabotagem (já tradicional)  dos setores que apoiam parcialmente a reforma, são favoráveis à prisão de Lula, defendem a proposta dos EUA de derrubar o governo Maduro etc.

A liberdade de Lula, a derrota da “reforma” da Previdência e a derrubada do governo Bolsonaro não serão alcançadas pelos trabalhadores se o movimento estiver infiltrado e for sabotado por setores que se opõem a essas reivindicações e defendem outra política, a política dos patrões de aceitar a “reforma”, a politica da direita de manter Lula preso, a política do imperialismo de ataques à Venezuela etc.
manifestação CUTA CUT, a Frente Brasil Popular e demais setores que – de fato – lutaram contra o golpe e querem ver triunfar uma saída dos trabalhadores diante da crise, precisam romper essa falsa “unidade” com os setores reacionários que buscam infiltrar-se no movimento para derrotá-lo,

A unidade tem que ser com as organizações, movimentos e todos que defendem os direitos democráticos do povo brasileiro e latino-americano, que querem construir um verdadeiro movimento independente que mobilize para tomar as ruas para derrotar o roubo da Previdência, conquistar a liberdade de Lula e por abaixo o regime golpista e seus ataques contra o povo brasileiro e a economia nacional.

 

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