Na última quarta-feira (1), várias cidades do país testemunharam atos em torno da celebração do primeiro de maio, isto é, o Dia Internacional de Luta da Classe Trabalhadora. No entanto, diferentemente do que vinha acontecendo, os atos desse ano tiveram uma característica em comum: a “unidade” da CUT com as demais “centrais” sindicais e seus dirigentes, algumas das quais claramente identificadas com bandeiras golpistas.
O resultado dessa “unificação” foi visível em todos os atos: a mobilização foi baixíssima e a liberdade de Lula e a derrubada do governo Bolsonaro foi ignorada por praticamente todas as direções presentes. Em um momento de fragilidade do governo Bolsonaro e de tendência à mobilização pela liberdade de Lula, as direções da esquerda nacional desperdiçaram mais uma oportunidade de alavancar um movimento no sentido de colocar os golpistas contra a parede.
Mais grave ainda, alguns dirigentes dessas “centrais” usaram o 1º de Maio para fazer campanha em favor de reivindicações de interesse do grande capital e dos seus governos imperialistas contra os trabalhadores. Esse foi o caso do dirigente da Força Sindical e deputado do centrão, Paulo Pereira da Silva, o “Paulinho da Força”, que usou da atividade para fazer campanha a favor da “reforma” da Previdência e até para defender uma possível substituição de Bolsonaro pelo general Mourão.
Em meio à esse quadro, setores da esquerda pequeno burguesa ainda usaram o evento para fazer propaganda de sua política de “frente ampla”, ou seja, de ampliar a aliança com setores da burguesia golpista. Foi o caso do dirigentes do MST e ex-candidato presidencial do PSOL que lamentou enfaticamente a ausência de Ciro Gomes e defendeu o alargamento da frente com os golpistas: ““O Ciro deveria estar aqui. Vou encontrar com ele esses dias, conversei com ele por telefone. Acho que ele deveria estar aqui. Pena que não pode vir. Mas é importante que a gente construa a mais ampla unidade possível”.
No ato de São Paulo, o representante do PSTU/Conlutas defendeu também o “fora Maduro” fazendo coro com Trump, Bolsonaro e todos os setores mais reacionários que querem derrotar o governo e o povo venezuelano e impor uma ditadura a favor dos interesses do grande capital norte-americano na Venezuela.
Contraditoriamente à dispersão dos atos, setores da esquerda nacional defendem que esse foi um “primeiro de maio histórico”, já que foi a primeira vez em que a CUT se juntou às autoproclamadas “centrais sindicais” para celebrar o Dia de Luta da Classe Trabalhadora. Trata-se, obviamente, de uma falácia: a unidade que as direções da esquerda nacional deve fazer é com os setores dispostos a travar uma luta em comum, e não com organizações que se propõem abertamente a colaborar com a burguesia.
A liberdade de Lula, a derrota da “reforma” da Previdência e a derrubada do governo Bolsonaro não serão alcançadas pelos trabalhadores se o movimento estiver infiltrado e for sabotado por setores que se opõem a essas reivindicações e defendem outra política, a política dos patrões de aceitar a “reforma”, a politica da direita de manter Lula preso, a política do imperialismo de ataques à Venezuela etc.
É necessário romper essa falsa “unidade” com os setores reacionários que buscam infiltrar-se no movimento para derrotá-lo,
A unidade tem que ser com as organizações, movimentos e todos que defendem os direitos democráticos do povo brasileiro e latino-americano, que querem construir um verdadeiro movimento independente que mobilize para tomar as ruas para derrotar o roubo da Previdência, conquistar a liberdade de Lula e por abaixo o regime golpista e seus ataques contra o povo brasileiro e a economia nacional.