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25 anos do Plano Real: o golpe eleitoral

Em toda a imprensa capitalista, abundam as matérias celebrando o “jubileu de prata” do Plano Real. Os que comemoram não são outros que não aqueles que apoiaram entusiasticamente a implementação das medidas econômicas que garantiram à burguesia e aos seus partidos, em meio a uma profunda crise, uma expressiva eleitoral em 1994 e o estabelecimento de um dos períodos de maiores retrocessos econômicos e sociais do história do País, que o governo ilegítimo de Jair Bolsonaro buscar superar, sem, no entanto – conseguir se aproximar, nem de longe, dos efeitos avassaladores para a economia nacional e para a maioria do povo brasileiro, provocados pelo plano estabelecido no governo de Itamar Franco (PMDB), que tinha como ministro da Economia Fernando Henrique Cardoso, futuro candidato do PSDB e do “centrão” à presidência da República.

Imposto em 1994, com o estabelecimento de uma nova moeda, o real, em substituição ao cruzeiro real, o plano é apresentado como um verdadeiro milagre econômico que teria acabado com “um problema crônico da economia brasileira [a inflação, NR] e trouxe ganhos sociais e econômicos, em vez de perdas associadas a processos de estabilização” (O Estado de S. Paulo, 1/7/19).

Usando a inflação como “espantalho”, valendo-se do fato de que ela chegou a acumular alta de quase 500% ao ano, a burguesia impôs uma política de intensa expropriação dos trabalhadores, fazendo os salários acumularem perdas de até 80% na sua vigência, principalmente nos seus primeiros anos, da mesma forma que ocorreu uma “perda dos aposentados do INSS em relação ao salário mínimo chega[sse] a 87,28%, desde o Plano Real“.

A expropriação dos trabalhadores, que se completou em outras áreas (maior concentração de terras no campo, ataques aos direitos trabalhistas e previdenciários etc.), foi acompanhada de uma intensa destruição da indústria nacional e do maior e mais agressivo programa de “privatizações” da história do País.

Essa situação de conjunto favoreceu uma maior dominação do País pelo imperialismo, destacando-se entre outros o aumento do predomínio das empresas multinacionais na economia brasileira, a entrega de algumas das maiores riquezas nacionais para o capital internacional (às vezes consorciados ao capital “nacional”), como no caso da privatização fraudulenta da Vale do Rio Doce (por 1% do valor de suas reservas), a entrega do petróleo nacional e a privatização – de fato – da Petrobrás (72% das suas ações da empresa nas mãos de grupos privados), bem como a enorme expansão da presença do capital estrangeiro no campo, dentre outras áreas.

Toda essa gigantesca operação de entrega da economia nacional e expropriação dos trabalhadores não seria possível de ser realizada sem que a burguesia e seus partidos superassem a crise advinda da queda do governo pró-imperialista de Collor, ante a grandes mobilizações populares e conseguisse emplacar um novo governo entreguista e neoliberal.

Assim o plano real se constituiu um golpe dado, pelo imperialismo e seus súditos no Brasil, para ganhar a eleição, principalmente, diante do fato de que antes do plano real, o candidato do Partido dos Trabalhadores, Luiz Inácio Lula da Silva, detinha três vezes mais intenções de voto do que quaisquer um dos possíveis candidatos dos partidos burgueses e tinha chances de ganhar as eleições no primeiro turno, como mostra o gráfico de pesquisa realiza cerca de um ano antes das eleições.

Já nas vésperas da decretação do plano, com os partidos já definindo seus candidatos, um dos principais articulistas da Folha de S. Paulo, ao analisar pesquisa realizada nos dias 23 e 24 de maio daquele ano, pelo instituto Datafolha, assinala que “se a eleição tivesse se realizado nos dias em que foi feita a pesquisa, Lula se elegeria sem necessitar de um segundo turno. Seus 40% superam a soma de todos os demais concorrentes, que dá 36%“.

A esquerda colaborou com esta operação de estelionato ao apoiar – de fato – o plano real, destacando (o que ocorre até hoje) seus supostos “pontos positivos”, sem denunciar seu verdadeiro caráter de expropriação dos trabalhadores e de destruição da economia nacional, ocultando – inclusive – que a chamada “estabilidade” que o plano estabeleceu, significava simplesmente conter a tendência à reação da classe operária, impulsionada pela inflação, criando melhores condições para a retomada da ofensiva pró-imperialista contida com a queda de Collor de Mello. Ao se colocar na ofensiva diante do plano de estelionato eleitoral da direita neoliberal, a esquerda ajudou a colocar todo o movimento operário na defensiva, abrindo caminho para a derrota eleitoral do PT e um longo período de retrocessos, na famigerada era FHC (1995-2002).

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