A imprensa norte-americana divulgou, na sexta-feira (6/03), a detenção de três príncipes da Arábia Saudita pelas autoridades sob acusação de estarem tramando um golpe de estado. As detenções vêm em meio à crise com o coronavírus e com o preço do petróleo, base da economia saudita.
Segundo o Wall Street Journal, o príncipe Ahmed bin Abdulaziz al-Saud, irmão do rei Salman e o sobrinho do monarca, o príncipe Mohammed bin Nayef, teriam sido levados de suas casas pelas autoridades sauditas na sexta-feira acusados de traição. Os dois já foram candidatos potenciais ao trono.
O New York Times também informou as detenções, acrescentando que o irmão mais novo do príncipe Nayef, príncipe Nawaf bin Nayef, também havia sido preso.
A imprensa destaca que as detenções ocorrem em meio à intensa repressão do regime do príncipe Mohammed, que consolida o poder com a prisão de clérigos e ativistas importantes, além de príncipes e elites empresariais. Mohammed, que é herdeiro do trono, também enfrentou uma avalanche de críticas após o assassinato do jornalista crítico ao governo, Jamal Khashoggi dentro do consulado da Arábia Saudita em Istambul em 2018.
Além disso, recentemente, a Arábia Saudita proibiu o acesso de peregrinos muçulmanos em locais sagrados do Islã por conta do coronavírus. O reino suspendeu a peregrinação “umrah” durante todo o ano por temores da doença se espalhar para Meca e Medina, aumentando a incerteza sobre o próximo hajj – um pilar essencial do Islã. Além disso, a Arábia Saudita também está lutando com o preço do petróleo, sua principal fonte de receita.
A Arábia Saudita tem sido, há décadas, o principal sustentáculo da política imperialista entre os países árabes. Governada por uma monarquia extremamente conservadora e retrógrada, o país é o principal fornecedor de petróleo para o Estados Unidos e também a maior força militar e econômica árabe aliada do imperialismo no Oriente Médio.
No entanto, esse domínio da influência imperialista tem sido ameaçado à medida que o Rei Salman ensaia aproximações com a Rússia e China. Desde que chegou ao poder, o governo tem apresentado pequenas contradições com o imperialismo, como exemplo, ao iniciar um esboço de industrialização do país e uma aproximação com a Rússia, principalmente em 2018, o que se mostrou mais claro com o caso do assassinato de Khashoggi.
Diante disso, não é de se descartar a possibilidade de envolvimento dos norte-americanos na tentativa de golpe de estado na Arábia Saudita. Afinal, com a crise generalizada derrubando economias do mundo todo, o imperialismo deve buscar fortalecer seu domínio em países onde sempre exerceu influência, como o caso do país árabe.