Global Americans/NED

Instituto que paga Boulos é ligado ao governo dos EUA e golpes na América Latina

IREE é parceiro da Global Americans, think tank financiado pelo NED para ajudar nas "mudanças de regime" no continente

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─ Por Eduardo Vasco, com Rui Costa Pimenta e João Caproni Pimenta

Durante sabatina na rádio CBN, em 25 de novembro de 2020, quando disputava com Bruno Covas (PSDB) a Prefeitura de São Paulo, Guilherme Boulos, fez uma afirmação contrária ao posicionamento tradicional da esquerda brasileira a respeito dos nossos vizinhos latino-americanos.

“Para mim, nem Cuba e nem Venezuela são modelos de democracia”, disse. “E não se importa modelo para cá”, completou. Essa foi sua única resposta quando indagado pelos entrevistadores sobre o tema.

Por que, ao invés de defender esses países tão atacados e difamados pela direita e pelo imperialismo, Boulos preferiu rechaçá-los? Mais ainda, se ele é contra por que não criticar? Seja lá qual for a nossa política devemos apresentá-la claramente. Vemos aí algo que é histórico em Guilherme Boulos: ele não é contra e nem a favor, ele é o que ele achar melhor ser no auditório, isso no discurso. Suas ações, contudo, são sistematicamente alinhadas num prejuízo à esquerda nacioanlista ao estilo do PT.

No 1° de novembro último, o Diário Causa Operária trouxe uma revelação bombástica. Reportagem de Rui Costa Pimenta e João Caproni Pimenta trouxe à tona uma rede de empresários, atores políticos, think tanks e agências norte-americanas com ligações mais do que suspeitas com o líder do PSOL.

Conforme as próprias palavras do advogado e empresário Walfrido Warde, amigo pessoal e doador e articulador político de Boulos, o coordenador do MTST “trabalha” como professor e colunista do Instituto para Reforma das Relações entre Estado e Empresa (IREE) ─ do qual Warde é presidente.

Parceiro do IREE de Boulos é financiado pelo NED

Em março deste ano, o IREE anunciou uma parceria com o think tank norte-americano Global Americans. Think tanks são instituições não-governamentais cujo objetivo principal é difundir ideias através de estudos, pesquisas, análises, relatórios, participação na imprensa, realização de eventos de debates etc. A esmagadora maioria ─ senão a totalidade ─ dos think tanks espalhados pelo mundo promove ideologias liberais ou conservadoras ─ ambas no sentido capitalista dos termos.

A missão da Global Americans é fornecer análises “para promover mudança no sentido de uma relação mais próspera entre a América Latina e os EUA”.

O que seria essa “relação mais próspera” entre os países latino-americanos e o grande irmão do Norte?

Se analisarmos quem são os impulsionadores desse think tank, teremos algumas pistas.

  1. Lenín Moreno, ex-presidente do Equador
  2. Gregory Meeks, presidente do Comitê de Relações Exteriores do Congresso dos EUA
  3. Julissa Reynoso, ex-embaixadora dos EUA no Uruguai, ex-assistente-adjunta do Departamento de Estado para a América Central, Caribe e Assuntos Cubanos do Governo dos EUA e atual chefe de gabinete de Jill Biden, primeira-dama dos EUA
  4. Carolina Barco, ex-ministra de Relações Exteriores da Colômbia e ex-embaixadora nos EUA durante o governo de Álvaro Uribe
  5. Frank Mora, ex-assistente-adjunto do Departamento de Defesa para o Hemisfério Ocidental do Governo dos EUA

Lenin Moreno é o homem que deu um golpe branco no Equador, ele foi eleito com os votos de Rafael Correa, aliado e uma espécie de versão equatoriana de Lula, e depois governou com o “PSDB” do País. Os outros nomes são desconhecidos, mas seus cargos mostram que são, o que fazem e para quem servem.

Como publicamos anteriormente, o CEO da Global Americans é Guy Mentel. “Ele foi estagiário do Departamento de Justiça do Governo Obama, em 2013, foi analista de um escritório de direito internacional em Washington, com escritório em São Paulo. Em 2016 foi organizador de campanha para Hillary Clinton, candidata de direita do Partido Democrático, ex-secretária de Estado (leia-se secretária para a política imperialista mundial) do governo Obama. Foi estagiário do Senado norte-americano, depois foi auxiliar jurídico no Departamento de Defesa dos EUA e ainda foi correspondente legislativo, uma espécie de especialista, do Comitê do Senado sobre o Judiciário e o Estado, especificamente no subcomitê de Operações Estrangeiras, cujo nome dispensa explicações”, escrevemos em nossa primeira reportagem.

Mentel participou de um debate, em 12 de maio deste ano, com Warde, organizado pela Global Americans e pelo IREE, cujo tema foi “O futuro das relações Brasil-EUA no Governo Biden”. Como debatedores, compareceram também Rubens Barbosa, que foi embaixador do Brasil em Londres e Washington no governo FHC; Fernanda Magnotta, senior fellow do CEBRI (que se considera “o think tank de referência em relações internacionais do Brasil” e que tem FHC como presidente de honra e muitos de seus amigos envolvidos, além de ser parceiro de uma série de organizações ligadas ao Estado norte-americano); e Nicholas Zimmerman, ex-diretor do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca para Assuntos do Brasil e do Cone Sul. Nesse evento, Warde lembrou, carinhosamente, que Mentel é um “querido amigo” seu.

Em determinado momento do debate, eles discutem um possível governo Lula. Para eles, o problema da corrupção seria um ponto de conflito em potencial com o governo dos EUA, pois Biden tem nisso uma questão central para o Hemisfério Ocidental e o governo Lula seria muito diferente dos anteriores com relação aos EUA. Os debatedores ainda expressam aprovação total à Operação Lava Jato e inserem como objetivos de uma parceria intergovernamental redução de impostos para empresas americanas e o combate ao governo da Venezuela.

Os colaboradores da Global Americans são pessoas que trabalham ou trabalharam para as mais importantes organizações e agências ligadas ao Estado norte-americano. Christopher Sabatini trabalha para a ONG imperialista Humans Right Watch e já trabalhou com a USAID e como diretor para a América Latina e Caribe no National Endowment for Democracy (Fundo Nacional para a Democracia, NED); Evan Ellis trabalha no Colégio de Guerra do Exército dos EUA e fez parte da equipe de planejamento político do Departamento de Estado; Andrés Cañizález é CEO da Medianálisis, uma ONG venezuelana que acusa Nicolás Maduro de destruir a liberdade de imprensa; Kevin Gallagher trabalhou no Comitê de Consultas sobre Economia Política Internacional do Departamento de Estado e no Comitê de Consulta Nacional sobre o Acordo de Livre-Comércio da América do Norte (NAFTA) na Agência de Proteção Ambiental do Governo dos EUA; Georges Fauriol é vice-presidente retirado de Operações de Concessões e Avaliações do NED e serviu entre 2002 e 2010 como vice-presidente de Planejamento Estratégico e vice-presidente sênior do Instituto Republicano Internacional (IRI) ─ parceiro do NED; Sergio Guzmán trabalhou para o Congresso dos EUA. Para acessar a lista completa de colaboradores da Global Americans, basta clicar aqui.

Em outras palavras: a Global Americans, parceira do IREE de Boulos, é uma organização formada inteiramente por funcionários, ex-funcionários ou funcionários indiretos do governo dos EUA. Mas não para por aí.

De fato, não é apenas em palavras que o governo dos EUA apoia a Global Americans. Esse think tank é financiado pelo NED, para o qual já doou pelo menos 100 mil dólares. O NED (National Endowment for Democracy) é uma agência fundada em 1983 pelo governo de Ronald Reagan, pretensamente com a ideia de espalhar a democracia pelo mundo. Em 1991, seu cofundador, Allen Weinstein, afirmou: “muito do que fazemos hoje era feito de modo encoberto pela CIA 25 anos atrás.” Ele inclusive continua ao dizer que “Nós não deveríamos ter que fazer isso de forma encoberta” e emenda com uma constatação de fatos: “seria terrível para grupos democráticos em todo o mundo serem vistos como subsidiados pela CIA. Nós vimos isso nos anos 60, e por isso que isso foi descontinuado [encerrado]. Nós não temos tido a capacidade de fazer isso, por isso o Endowment [NED] foi criado.”

Como também já havíamos lembrado na primeira reportagem da série, “o governo Putin declarou o NED como uma fachada para desestabilizar a Rússia e o baniu do País. O governo chinês acusa o NED de trabalhar junto com a CIA para desestabilizar Hong Kong, e de ter fomentado os protestos de 2019/2020 naquela cidade. Os governos bolivarianos de Chávez e Maduro também buscaram sancionar o NED e outras ONGs, pelos mesmos motivos”. Em Cuba, o NED nunca pôde atuar legalmente, por isso financia opositores do regime operário de fora do país. Exatamente o mesmo se passa contra a Coreia do Norte.

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Alguns dos colunistas do sítio da Global Americans têm como missão exclusiva atacar Cuba e Venezuela, chamando a ilha de “ditadura” e o governo de Maduro de “regime”. Esses dois países são alvo direto da artilharia dessa instituição, bem como os governos aos quais ela tacha de “populistas”.

Outras vítimas dos ataques da Global Americans/NED são a China e a Rússia. Ela monitorou por um ano os veículos russos RT e Sputnik News e os chineses Xinhua e Diário do Povo para tentar comprovar que são peças de “propaganda” dos governos de seus respectivos países a fim de influenciarem a América Latina para seus próprios interesses, em detrimento da histórica hegemonia do imperialismo norte-americano na região. “Coincidentemente”, as acusações do relatório “Mentiras e distorções: monitorando a desinformação russa e chinesa na América Latina” são exatamente as mesmas desferidas pelo governo dos EUA ─ seja o anterior, de Donald Trump, seja o atual, de Joe Biden.

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Um outro relatório, intitulado “Tabela de desempenho país-por-país”, vai ainda mais longe em seus ataques contra os governos de esquerda da América Latina.

Tacha a política externa da Argentina, sob o governo de Cristina Kirchner, de negativa, bem como a política de direitos humanos dos governos de Evo Morales na Bolívia.

Já em seu relatório sobre o Equador, é visível a tomada de partido da Global Americans/NED contra o antigo governo de Rafael Correa. “Sob o Presidente Correa, o governo também impôs uma série de restrições sobre a sociedade civil e seu direito de receber apoio internacional [leia-se: financiamento à oposição]. Essas políticas se assemelham com as da Venezuela, bem como as de China e Rússia. […] No entanto, o Presidente Lenín Moreno tem demonstrado um maior compromisso com os direitos indígenas e parece estar se distanciando da tática e retórica mais agressivas contra oponentes políticos e a imprensa do que aquelas adotadas pelo seu antecessor”, diz o documento.

Já na prévia do relatório, ataca-se Correa como responsável por “abusos de direitos humanos” ─ por que escolhê-lo como alvo, se depois dele já passaram outros dois presidentes pelo governo equatoriano? Correa foi um presidente nacionalista, o mais radical junto com Evo Morales, depois dos chavistas na Venezuela. Entrou em diversos atritos com o imperialismo norte-americano, que tentou derrubá-lo em 2010. Seu sucessor ─ Lenín Moreno ─ o traiu, vendendo-se ao imperialismo, e aplicou uma dura política neoliberal. Em 2019, amplas massas se revoltaram contra seu governo e Moreno impôs uma intervenção militar com toque de recolher para afogar em sangue a insurreição popular. Mas o relatório da Global Americans/NED ataca Correa e elogia Moreno. Finalmente, Moreno é um dos apoiadores públicos da Global Americans e colaborou estreitamente com Donald Trump contra a Venezuela!

Sobre a Nicarágua, o relatório ataca nominalmente o presidente Daniel Ortega por sua “rejeição aberta dos direitos humanos e da democracia”. A avaliação da Freedom House (outra organização financiada pelo governo dos EUA para dar golpes!), que consta no relatório, é que a Nicarágua não é um país livre.

O governo de Daniel Ortega é semelhante ao de Nicolás Maduro na Venezuela. Um governo de esquerda, nacionalista, com muitos programas sociais e que chega até mesmo a falar em socialismo ─ embora não tenha nada de reamente socialista. Mas é um dos governos nacionalistas mais radicais do continente, tendo graves conflitos com o imperialismo. O país sofre, especialmente desde 2018, inúmeras sanções dos EUA. Naquele ano, as mesmas organizações ligadas à Global Americans (como NED, USAID ou o Departamento de Estado) patrocinaram protestos violentos pela mudança de regime na Nicarágua. Esses protestos deixaram centenas de pessoas mortas.

Sobre isso, à época Boulos condenou “de maneira clara” a “repressão feita pelo governo” ─ embora a maioria das mortes tenha sido causada por grupos armados de oposição.

O jornalista investigativo norte-americano Max Blumenthal, editor-chefe do portal Grayzone, já denunciava, durante aqueles acontecimentos, o papel da Global Americans como ferramenta do governo dos EUA, financiada pelo NED, contra o governo nicaraguense, em artigo de 19 de junho de 2018. Dois meses depois, em 20 de agosto, Blumenthal voltou a denunciar o financiamento do NED à Global Americans contra o governo de esquerda da Nicarágua.

As peças começam a se encaixar perfeitamente. Boulos e a Global Americans, financiada pelo NED, condenavam ao mesmo tempo o governo da Nicarágua. A Global Americans, que é parceira do instituto do amigo do peito de Boulos, o empresário Walfrido Warde, que o emprega no IREE.

Assim como a Nicarágua, Venezuela e Cuba também são considerados, pelos critérios da Freedom House, como países “não livres” nos relatórios da Global Americans/NED. A Venezuela é tida como “Estado fraudulento”, inimiga dos direitos humanos, civis e políticos. Cuba, por sua vez, é o “chefe dos regimes fraudulentos em termos de política externa e direitos humanos”, onde não há direitos políticos.

Talvez por isso, seguindo o que diz o NED, Boulos tenha dito que Cuba e Venezuela não são democracias?

Muito interessante, também, é o relatório da Global Americans/NED sobre o Brasil. Já em sua introdução, afirma que, “sob os governos do PT, o Brasil frequentemente foi um ‘facilitador’ de violações de direitos humanos [pelo mundo], abstendo-se em declarações críticas, frequentemente em aliança com um curioso grupo de parceiros [obviamente, os regime “fraudulentos”…]”. Ainda ironiza maldosamente o PT: “apesar do fato de que o Brasil, sob a ex-presidenta Dilma Rousseff, falhou em fazer qualquer contribuição voluntária à Comissão Interamericana de Direitos Humanos, e até o último momento ter apoiado um plano para esvaziar o sistema interamericano, desde seu impeachment Rousseff tem apelado para a Comissão para uma audiência sobre se seus direitos foram violados no processo.” Afirmações claramente hostis à presidenta golpeada. O Global Americans/NED apoiou o golpe de 2016, assim como seu parceiro, de forma tácita, Guilherme Boulos ─ como recordamos no primeiro artigo dessa série de reportagens.

Financiando a “esquerda” contra a esquerda

A principal bandeira levantada pelo NED, fundo patrono do Global Americans, seguindo a cartilha do conjunto do imperialismo mundial, é o identitarismo e versão aguada de esquerdismo, muito ao modo do Partido Democrático dos EUA, o chamado “liberalismo”. Financia ONGs e instituições que defendem publicamente os direitos humanos, o meio ambiente, os indígenas, as mulheres etc ─ pautas que o imperialismo, através do identitarismo, conseguiu sequestrar da esquerda, subvertendo o significado dessas lutas para domesticá-las e usá-las como pretexto para a ação do imperialismo. Assim, como num passe de mágica, a Venezuela não é mais um País oprimido pelo imperialismo americano, é uma ditadura cruel onde o chavismo viola os direitos humanos. O mesmo dizem do Irã, principalmente em relação às mulheres, bem como a tantos outros.

Na América Latina, por exemplo, essas frentes são utilizadas para atacar os governos nacionalistas e de esquerda. O exemplo recente mais notório é o caso do índio Yaku Pérez, no Equador, que se diz ecossocialista. Rafael Correa já denunciou-o como não sendo nem índio, nem de esquerda.

Nas eleições de 2017, declarou apoio ao banqueiro Guillermo Lasso contra Lenín Moreno (que era apoiado por Rafael Correa) quando este ainda não havia revelado sua verdadeira face, ou seja, quando ele era publicamente o candidato da esquerda. Depois, com o vitorioso Moreno no poder, explodiu uma insurreição popular em 2019 por conta do aumento dos preços da gasolina, que foi traída pela confederação indígena CONAIE ─ cujo partido de Pérez, o Pachakutik, é seu braço político. Finalmente, nas eleições deste ano, Pérez concorreu contra Lasso e o candidato apoiado por Correa, Andrés Arauz. Pérez foi uma candidatura com o objetivo de dividir os votos da esquerda e impedir a vitória de Arauz, atacando mais o candidato correísta do que o direitista ─ de fato, se autoproclamou como a “terceira via” e se apresentou publicamente como um candidato identitário. Não conseguiu o objetivo no 1° turno, mas no 2° ele declarou fraude e decidiu não apoiar Arauz contra Lasso ─ e, ainda por cima, continuou os duros ataques contra Arauz e o correísmo, contribuindo para a vitória de Lasso.

A CONAIE e o próprio Pérez já tinham há tempos um histórico golpista, pois apoiaram tentativas anteriores de golpe e desestabilização no Equador quando Correa ainda era presidente. Além disso, Pérez também apoiou os golpes no Brasil, na Argentina, na Venezuela, na Bolívia e na Nicarágua.

Yaku Pérez, como se descobriu facilmente à época, também é patrocinado pelo NED, conforme reportagem de Ben Norton no Grayzone, e pelo Instituto Nacional Democrático, como revelou a analista Eva Golinger.

Yaku Pérez é o mais destacado, mas não o único pretenso esquerdista financiado pelo governo dos EUA na América Latina. Durante a tentativa de golpe na Nicarágua em 2018, o Movimento de Renovação Sandinista (MRS) foi a face de esquerda da oposição a Ortega. Apoiou sua derrubada, que era promovida pelo imperialismo. E o MRS também é vinculado a ONGs financiadas por Washington.

Sobre o apoio de Boulos ao golpe na Nicarágua, já falamos acima. Mas seu partido, o PSOL, também apoiou o próprio Yaku Pérez no Equador. Em 8 de fevereiro deste ano, o secretário de Relações Internacionais do PSOL, Israel Dutra, publicou um artigo na Revista Movimento onde despeja elogios a Pérez e ao Pachakutik, principalmente por ser uma pretensa alternativa ao correísmo. 

Uma das pessoas que compartilharam o artigo nas redes sociais foi Luciana Genro, notória e ardente apoiadora do golpe de 2016 (principalmente por meio da Operação Lava Jato). “A esquerda indígena de Yaku Pérez pode ir ao 2° turno contra a antiga esquerda que já governou o Equador”, comentou a esquerdista lava-jatista. Vale abrir um parêntese para destacar que, no Brasil, uma esquerda que se apresenta como ainda mais radical, a UP (que não passa de um apêndice do PSOL), apoiou de forma ainda mais entusiasmada a candidatura de Yaku Pérez, em contraposição ao correísmo “corrupto”.

A própria UP repete a tese já usada contra o PT: votaram na direita contra a esquerda para punir essa esquerda.

Ainda na opinião de Luciana Genro, a eleição de 2021no Equador, na qual Yaku Pérez despontou, é “um sinal à região”.

A ex-deputada está certa. Essa é uma das táticas do imperialismo: promover seus próprios esquerdistas à Yaku Pérez para que se contraponham à esquerda nacionalista de base popular.

Também em fevereiro deste ano, quando Pérez despontava nas eleições equatorianas, Guilherme Boulos foi anunciado como uma das “lideranças do futuro” eleitas pela revista Time. O jornalista norte-americano Brian Mier, então, alertou que “isso mostra que setores do capital internacional o veem como o próximo Yaku Pérez ou Marina Silva”.

Na última segunda-feira (08), Boulos fez sua primeira declaração pública a respeito das denúncias do DCO. Em programa na DCM TV, tachou-as de invencionices e se esquivou o máximo possível das perguntas do público, numa amostra constrangedora de falta de resposta sobre questões importantes.

Dentre as raras respostas, Boulos soltou, sobre ONGs como Open Society e Fundação Ford: “eu não as conheço com detalhes, mas o que sei é que são ONGs internacionais (a Open Society é ligada ao George Soros, né?). São ONGs internacionais que financiam projetos, investimentos, alguns projetos sociais, culturais, de outra ordem, assim como a Fundação Ford. Não tenho muito a dizer sobre elas.”

Contudo, reconheceu que recebe salário do IREE, bem como da Folha de S.Paulo, onde está em sua segunda passagem como colunista.

Há uma pressão de setores ciristas e psolistas para colocar que todo este escândalo é uma excentricidade dos que tem feito a pesquisa. É um insulto para qualquer pessoa que saiba pensar. Buscam chamar o jornalismo investigativo de teoria da conspiração, como fizeram com o golpe de 2016. Os fatos são fatos.

Boulos deve respostas à esquerda. Uma pessoa não pode estar no nosso campo e estar recebendo dinheiro de organizações tão espúrias quanto esse think Thank neoliberal e golpista. Sobre as relações do Think Thank onde ele trabalha, boulos se limitou a dizer que “é plural”, que tem gente de esquerda e que o presidente, Walfrido Warde seria um “cara de esquerda”. O fato de ter mais gente de esquerda só piora. A ideia de que” é plural” um instituto com Boulos, o presidente do PSOL e Sérgio Etchegoyen, um general fascista é um deboche diante do movimento popular. As acusações são graves, os fatos também, o fato de que nenhuma explicação é dada apenas aumenta a suspeita de que há algo para se esconder.

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