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O empresário (e seus sócios imperialistas) por trás de Boulos

A rede de homens de negócios e agências estrangeiras que promovem o líder do PSOL queridinho da burguesia

guilherme boulos e walfrido warde (1)

Por Rui Costa Pimenta e João Caproni Pimenta

Na semana passada, Guilherme Boulos, cuja campanha para o governo do Estado de S. Paulo pelo PSOL está em pleno andamento, apresentou como o possível candidato a vice na sua chapa o advogado Sílvio Almeida, autor do livro Racismo Estrutural.

Muitos na esquerda têm questionado a ascensão meteórica do candidato. Em 2013 Boulos era completamente desconhecido do amplo público, em 2020 vai ao segundo turno da eleição municipal paulistana ultrapassando a votação do PT, partido que elegeu três vezes o prefeito da maior cidade do País no período posterior à ditadura militar. 

A explicação deste sucesso é simples: Boulos tem sido um instrumento e o beneficiário da ofensiva golpista que levou ao golpe de 2016 e à fraude eleitoral de 2018.

A ala esquerda do golpismo

Em 2014 ele desponta como líder do movimento  “Não Vai ter Copa“. O movimento foi apresentado como uma campanha de defesa dos interesses populares diante das obras da Copa do Mundo a ser realizada no Brasil em 2014, ano da eleição presidencial. O que já chamava a atenção dos observadores mais agudos da situação política era o seu objetivo: impedir a Copa do Mundo no Brasil, que nada tinha a ver com defender interesses populares. Recebendo claro apoio de toda a imprensa golpista, o movimento apresentava slogans como “queremos hospitais padrão FIFA”. A questão política era clara: Lula havia conseguido uma enorme vitória política ao trazer a Copa para o Brasil, uma indicação ambicionada por qualquer país, com ganhos econômicos de propaganda para o País anfitrião e, logicamente, com enormes ganhos políticos para o governo que o realizasse.

Neste momento, o golpe de Estado já estava em pleno andamento, tendo tido o seu primeiro capítulo no famoso julgamento do “Mensalão”, no qual líderes do PT de primeiro plano como José Dirceu haviam sido condenados sem qualquer prova por meio de expedientes fraudulentos e persecutórios. Durante 2012 e 2013, a imprensa e os partidos golpistas fizeram uma enorme campanha sob o tema de “a Copa não vai dar certo, o PT é incompetente”. Esta campanha foi completada pela mobilização esquerdista de pretensa defesa do povo diante das obras da Copa.

O movimento dirigido por Boulos foi apoiado pelas redes de TV, pela Globo, por toda a imprensa golpista. Era Boulos do lado de fora dos estádios e os coxinhas gritando impropérios contra Dilma, num ato completamente ensaiado, na partida inaugural, do lado de dentro. Nesses anos, o líder recém-descoberto foi parar no Uol, num programa do blogueiro Leonardo Sakamoto, ganhou coluna na Folha, duas vezes. Para os desatentos, pareceria uma nova era de abertura, pareceria que a imprensa estava encontrando uma nova era de democracia e de pluralidade, que abria uma porta para o movimento popular. Se lembrarmos bem, estes eram os anos em que a imprensa castigava impiedosamente o governo Dilma e Lula. Em março de 2014 inicia-se o processo da Lava Jato.

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Coletiva de imprensa do MTST (Boulos ao centro), em maio de 2014 em meio ao “Não vai ter Copa”

É de fundamental importância destacar que toda esta campanha foi orquestrada pelo imperialismo, em particular pelas agências do governo norte-americano. Sobre a Lava Jato já não há mais mistério quanto à participação desses organismos estrangeiros de espionagem e conspiração contra governos e países oprimidos. Na campanha do “Não vai ter Copa” há muitos elementos que indicam a mesma coisa, tal como vídeos profissionais em português e em inglês mostrando o pretenso sofrimento do povo com a Copa e inclusive financiamento da Fundação Ford para os comitês populares contra a Copa.

Recentemente, veio à tona que os comitês contra a Copa receberam pelo menos R$ 30 mil do Fundo Brasil. Para quem não sabe, Fundo Brasil é uma ONG que doa para várias causas justíssimas como a de Boulos. A candidata a vice-presidente em sua chapa, Sônia Guajajara, também tem uma ONG que recebeu um bom dinheiro, R$ 150 mil para ser exato. O Fundo Brasil, além de receber doações de gente rica no Brasil, recebe dinheiro de outros lugares igualmente idôneos e preocupados com o País: a Fundação Ford, sediada nos EUA e que, admitidamente, já trabalhou com a CIA.

A dura campanha da imprensa conseguiu em grande medida neutralizar o efeito da Copa do Mundo dentro do País. No entanto, era necessário obter mais um resultado: impedir a vitória brasileira. A campanha lançou-se, então, à desestabilização da seleção nacional de futebol que, combinada com outros recursos, resultou na derrota humilhante de 7 a 1 do Brasil para a Alemanha. Vale dizer que os defensores esquerdistas do “Não vai ter Copa” foram até o extremo de fazer uma campanha política em favor da seleção alemã.

A verdadeira sabotagem da Copa do Mundo no Brasil foi a terceira etapa do golpe de Estado imperialista, sendo a segunda, que facilitou o “Não vai ter Copa”, o sequestro pela direita do atos pelo passe livre em 2013 apresentados fraudulentamente como atos contra o governo federal pela imprensa e os partidos golpistas.

Boulos no golpe de Estado de 2016

A partir de 2015, o golpe de Estado é escancarado. No palanque do ato de 1º de maio daquele ano, o Partido da Causa Operária disse com toda a clareza que a prioridade naquele momento era apenas uma: impedir o golpe contra Dilma Rousseff.

Boulos e setores da esquerda como PSOL, PSTU, PCB etc. tinham outros planos. Buscavam um pretexto para se somar à campanha golpista e o encontraram no pálido ajuste fiscal de Dilma Rousseff que, na ilusão de conter o golpe, havia feito um compromisso com os banqueiros, convocando dois representantes do capital financeiro para o governo.

Boulos imediatamente se torna novamente porta-voz da ala “esquerda” do golpe, declarando que “se quisesse ser defendido na rua, [o governo] teria que se tornar defensável” numa entrevista à revista Samuel. A campanha de criticar Dilma pelo ajuste fiscal, tentando criar uma reticência na esquerda em relação ao governo, não parou até o governo cair.

Naquele momento, dissemos que, se Dilma caísse, seu ajuste fiscal pareceria uma brisa perto do que fariam os golpistas. Isto se confirmou catastroficamente durante o golpe de Michel Temer.

Para levar adiante a campanha esquerdista contra o governo, Boulos criou a chamada Frente Povo Sem Medo. Esta frente tinha como objetivo declarado levar adiante a peculiar forma de campanha “contra” o golpe feita por Boulos e teve o mérito de dividir a luta contra o golpe e semear confusão no interior da esquerda.

Acrescente-se que Boulos foi presenteado durante todo o período do golpe com uma coluna semanal em um dos principais jornais golpistas, a Folha de S.Paulo, de onde levou adiante sua política confusionista.

A primeira aparição do mentor rico de Boulos

Em 2020, em meio à estranhamente bem sucedida campanha de Boulos para prefeito, a revista Veja publica um artigo  intitulado “Walfrido Warde, o amigo rico que é cabo eleitoral de Boulos nos Jardins“. O mais estridente órgão de imprensa do golpe vai descrever a figura de Walfrido como colega de classe de Boulos no curso de Filosofia da USP. Walfrido já era formado em direito nesta época e já era dono do escritório Warde Advogados. Hoje, o escritório é um pequeno palácio de 1000 metros quadrados nos Jardins.

A Veja descreve os clientes do “amigo” assim: “a clientela inclui, ainda, algumas das maiores companhias dos Estados Unidos, China e Israel”. Perguntado sobre o que ele achava dessa curiosa amizade, que inclusive estava ajudando-o a conhecer pessoas no meio empresarial, Boulos disse estar sem agenda para dar uma resposta à Veja. O PSOL disse que não tem problema Boulos ser amigo de gente rica, e que Warde não havia doado à campanha até aquele momento.

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A Veja comete um pequeno erro, dizendo que ambos vieram de famílias de classe média. Warde já não era de classe média quando conheceu Boulos, nem Boulos era exatamente de classe média. Seus pais são ambos médicos e professores de medicina da USP. Marcos Boulos, o pai, chegou a ter clínica nos Jardins e a ser diretor da Faculdade de Medicina da USP, apontado pela ultra-tucana reitora da faculdade Suely Vilela, carrasca do movimento estudantil. É sabido que na USP a esquerda não tem diretor ─ nem na FFLCH, muito menos na Faculdade de Medicina. O pai de Boulos também foi indicado para o grupo de trabalho da pandemia de João Dória sendo, portanto, um homem de confiança do PSDB.

Voltando ao caso de Warde, o empresário disse ir à casa de Boulos com frequência. Recentemente, os bolsonaristas espalharam a mentira de que Guilherme Boulos teria jatinho, o que até agora não foi provado, mas Walfrido expôs interessantes verdades sobre isso no Twitter: “vamos lá! Sigam a trilha. Convidei @GuilhermeBoulos para me acompanhar ontem em reunião do IREE, instituto que presido, e no qual ele trabalha como colunista e professor.” 

Ao falar que Boulos “trabalha” no instituto, supomos que seja remuneradamente. Mas, afinal, o que é esse IREE onde Boulos dá aula e para o qual escreve? Como que ninguém nunca ouviu falar disso?

IREE: o instituto mais bizarro da política brasileira 

O IREE se apresenta assim: “O IREE, Instituto para Reforma das Relações entre Estado e Empresa, é uma organização independente cuja missão é promover o debate democrático e pluralista para aperfeiçoar a interação entre os setores público e privado no Brasil.” Isso é muito pouco esclarecedor. O quadro de Equipe do instituto é composto principalmente por sócios do escritório de Warde e figuras que cumpririam papéis técnicos. Em linguagem mais corrente, o IREE seria o que chamam de think tank, tendo até parceria com outros think tanks estrangeiros. O dicionário de Oxford descreve este tipo de empreitada, os Think Tanks, como “um corpo de especialistas fornecendo ideias e propostas sobre temas políticos e econômicos específicos.”

O IREE se subdivide em vários grupos de trabalho, tendo um para o mercado financeiro, outro para indústria, para direitos humanos e até para defesa. Não vamos debater tanto as ideias apresentadas pelos vários colegas de trabalho de Boulos, mas ler as biografias deles.

IREE Mercado

O IREE Mercado é dirigido pelo ex-presidente do CVM, o órgão público que deveria policiar os especuladores da Bovespa, impedir que eles cometam fraude contra o País no sistema financeiro e regular o bom funcionamento deste. Em nenhum lugar do mundo isso funciona. Os diretores em geral são bons amigos dos banqueiros ─ é como o Banco Central, onde vimos a proximidade deles com os banqueiros no escândalo revelado pela palestra de André Esteves.

Em agosto, o instituto divulgou a lista de entrevistados para o mês: o atual presidente do CVM, o diretor de regulação do Banco Central, o diretor-superintendente da PREVIC (autarquia do governo que fiscaliza as previdências privadas) e o presidente da Coaf (que fiscaliza as atividades financeiras). 

IREE Indústria

Para falar de indústria basta dizer o nome do presidente do departamento: Armando Queiroz Monteiro Bisneto, um advogado. Ele é filho do senador tucano Armando Monteiro Neto, do PSDB. O senador entende bem de Indústria, ele foi presidente da CNI (Confederação Nacional da Indústria) e votou para aprovar o Teto de Gastos e a reforma trabalhista. 

IREE INFRA

No caso da Infraestrutura, nós temos o presidente do departamento Andre Clark. Ele tem um MBA nos EUA, foi diretor da Camargo Corrêa, uma daquelas empreiteiras que Boulos atacava na época do governo Dilma, e foi CEO da Siemens no Brasil, aquela que foi denunciada por fazer Caixa 2 para o PSDB.

IREE Defesa

Deixamos o melhor para o final. O IREE Defesa tem um presidente e um presidente do conselho de administração. Os nomes não são apenas surpreendentes como nos casos anteriores, são assustadores. O presidente é Raul Jungmann, o ministro da Defesa no governo Temer, capacho dos militares, o homem que autorizou o uso de força militar contra os manifestantes no ato de 24 de maio de 2017, contra a reforma da previdência. O outro é Sergio Westphalen Etchegoyen. Etchegoyen é general de Exército, foi chefe do Estado Maior do Exército (o segundo principal cargo da corporação) durante o golpe de 2016. Ele sai do exército para integrar o governo Temer como chefe do Gabinete de Segurança Institucional. Elogioso da ditadura segundo o Intercept Brasil, Etchegoyen tem família militar, seu avô era Chefe da Polícia na Capital na ditadura quase fascista do Estado Novo. Depois ele decidiu se candidatar à presidência do Clube Militar sendo a ala contrária ao monopólio estatal do petróleo, um entreguista. Seus filhos, o General Leo Etchegoyen e o Coronel Ciro Etchegoyen, ajudaram no golpe de 1964. Durante o governo Médici, o mais brutal de todos os governos da ditadura, Leo era assessor do próprio presidente e Ciro era chefe do Comando de Informações do Exército, o serviço de espionagem. Leo e Ciro constam na Comissão da Verdade, Ciro consta como chefe da Casa da Morte de Petrópolis, centro de tortura clandestino durante os “anos de chumbo”.

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O escritório de Warde

O escritório de Warde não é parte do IREE, mas vários dos principais sócios aparecem como parte do Instituto. Valdir Moysés Simão um dos mais renomados sócios, foi um dos membros da equipe econômica de Dilma quando ela decide fazer o ajuste fiscal, pressionada pela direita, tentando não cair, e que Boulos tanto criticou. Outro sócio é Leandro Daiello, chefe da Polícia Federal durante quase uma década, especialmente até o golpe de Estado de 2016, durante a condução coercitiva contra Lula. Seu mandato termina no final de 2017, mas não antes dele ter marcado reunião particular com Aécio Neves, senador tucano investigado por corrupção, demonstrando que os dois eram próximos. Outro nome importante é Carlos Renato de Azevedo Pereira, ex-desembargador do Tribunal de Justiça de SP. Ele ocupa hoje o cargo de presidente da Comissão de Ética do Futebol, órgão criado na CBF durante o governo Temer ─ ele também foi apontado durante esse governo.

Há outras pessoas importantes que não aparecem no site. O portal de direita O Antagonista denuncia que a esposa do ministro Dias Toffoli do STF também integra o escritório. 

O escritório de Warde especializa-se em áreas: 1º em contencioso e arbitragem, onde se resolve disputas de sociedades empresariais, frequentemente em processos decididos no CVM já citado. 2º Compliance e Anticorrupção, aqui eles podem, e representam, empresas em acordos de leniência, empresários metidos em acusações de corrupção. Um escritório com pessoas importantes que fizeram parte de governos, que fizeram parte de órgãos regulatórios, que fizeram ou estão ligados a membros do Judiciário, especializado em livrar clientes ricos de penas duras

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Sobre os esquerdistas que lá participam

Como vocês podem ver, temos o que há de pior na política nacional neste instituto, de grandes empresários a defensores da ditadura e filhotes de torturadores. Trata-se claramente de uma das muitas organizações da direita golpista nacional. Mas há uma esquerda que está lá como colunista ou como diretor de algum departamento. O próprio Guilherme Boulos, ou o presidente do PSOL (Juliano Medeiros), são colunistas. O professor universitário Alysson Mascaro, ligado ao PSOL, a militante do PSOL na USP, a presidenta do Centro Acadêmico da Faculdade de Direito, Letícia Chagas. A youtuber e militante da Consulta Popular ─ grupo ligado ao MST ─, Juliane Furno, consta como Economista Chefe do Instituto. Boatos correm que ela esteve envolvida pessoalmente com Jones Manoel e que os dois ainda são amigos próximos e apoiadores de Boulos. Ela chegou a ser entrevistada pelo presidente do PSOL às vésperas das eleições de 2020. O presidente do IREE – Direitos Humanos é Yuri Silva, militante de uma entidade do movimento negro ligada ao MTST. Nas suas redes sociais postou foto participando da campanha de rua para eleger Guilherme Boulos.

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Ainda mais: o parceiro americano do IREE

O IREE tem um think tank parceiro, o Global Americans. O Global Americans se descreve como think tank que, “através do seu site, Global Americans fornece pesquisa atualizada e análise em áreas chave e questões afetando a América Latina e o Caribe. Seu objetivo é prover os legisladores, acadêmicos e entusiastas da América Latina com as ferramentas que eles precisam para promover mudança no sentido de uma relação mais próspera entre a América Latina e os EUA.” Em parole povere, acentuar o predomínio imperialista sobre os países atrasados.

Novamente, como no caso do IREE, não é possível entender muita coisa sem puxar a ficha corrida das pessoas envolvidas. O CEO da Global Americans é um jovem chamado Guy Mentel. Mentel tem uma carreira acadêmica bastante bem sucedida e uma carreira no Estado norte-americano, bem como em órgãos ligados a políticas públicas dos EUA. Ele foi estagiário do Departamento de Justiça do Governo Obama, em 2013, foi analista de um escritório de direito internacional em Washington, com escritório em São Paulo. Em 2016 foi organizador de campanha para Hillary Clinton, candidata de direita do Partido Democrático, ex-secretária de Estado (leia-se secretária para a política imperialista mundial) do governo Obama. Foi estagiário do Senado norte-americano, depois foi auxiliar jurídico no Departamento de Defesa dos EUA e ainda foi correspondente legislativo, uma espécie de especialista, do Comitê do Senado sobre o Judiciário e o Estado, especificamente no subcomitê de Operações Estrangeiras, cujo nome dispensa explicações.

O extenso currículo do CEO do think tank mostra uma coisa: uma pessoa profundamente ligada ao aparato político imperialista e, pela sua passagem pelo Departamento de Defesa, até do complexo industrial-militar norte-americano. O seu papel de especialista na questão de “Operações Estrangeiras” também chama atenção, bem como sua especialidade na América Latina. A ligação dos EUA com o golpe no Brasil e em outros países da América Latina é notória, bem como o envolvimento do Partido Democrático ─ senadores do PSDB foram vistos conversando com o secretário de Estado, chefe da política externa do governo dos EUA, às vésperas do golpe.

O Global Americans também tem, em seu site, relatórios patrocinados pelo NED (National Endowment for Democracy) onde dizem ajudar a promover o debate moderado na América Latina, o que novamente necessita de tradução: promover os golpistas e agentes do imperialismo. Eles criticam, por exemplo, em um dos relatórios, o Brasil por não defender, junto à ONU, moções contra a Síria. O NED é uma organização criada pelo governo de Ronald Reagan, um ultradireitista dedo-duro do macartismo, com o objetivo de “promover a democracia em outros países”. O governo Putin declarou o NED como uma fachada para desestabilizar a Rússia e o baniu do País. O governo chinês acusa o NED de trabalhar junto com a CIA para desestabilizar Hong Kong, e de ter fomentado os protestos de 2019/2020 naquela cidade. Os governos bolivarianos de Chávez e Maduro também buscaram sancionar o NED e outras ONGs, pelos mesmos motivos.

Walfrido, Boulos e o imperialismo

Walfrido é claramente uma peça chave na aceitação de Boulos pela grande imprensa do Brasil e até pelo PSDB. A sua inserção em meio à direita e à burguesia é visível.

O Estadão disse, às vésperas da eleição, que Boulos está amadurecendo, como alternativa de esquerda para aqueles que repudiam o PT e o “lulopetismo”. Ele é convidado frequentemente para falar na TV Globo: na sua última aparição, ao lado de Gleisi Hoffmann e Marcelo Freixo, ficou clara a intenção da TV de provocar Boulos para atacar o PT. Ele defende a frente ampla com o PSDB, defendeu Ciro Gomes em frente às vaias recentes. Participa da Frente Direitos Já, que vai da esquerda a setores da direita como Tabata Amaral, Michel Temer e Fernando Henrique Cardoso. A imprensa busca colocar Walfrido como uma figura para abrir portas no meio jurídico, mas, como visto, sua influência vai além do meio jurídico, é um operador político com trânsito com a direita, com os que deram o golpe de 2016, os militares e até mesmo o imperialismo norte-americano. Esta pequena pesquisa mostra porque Boulos despontou na revista Time, como uma das principais lideranças jovens do mundo. Juan Guaidó, o deputado fantoche dos EUA na Venezuela, também foi homenageado pela revista.

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O nível de inserção de Walfrido nas decisões políticas de Boulos é muito visível. É tão grande que nos leva a crer que além de amigo, doador, cabo eleitoral e empregador de Boulos, ele seja também o homem por trás das cortinas, tendo papel de decisão nas jogadas de Boulos, principalmente nesta campanha para o governo de SP em 2022 cuja função mais que clara é a de dividir os votos petistas para assegurar mais uma vitória do eterno PSDB no comando do principal estado da federação.

É algo notório que o PT tem uma candidatura viável ao governo, o ex-prefeito Fernando Haddad. Ele aparece em empate técnico no 1º lugar com o ex-governador Geraldo Alckmin. Boulos como candidato tira 11% do voto de Haddad, ficando em 4º lugar. Além de enfraquecer o palanque de Lula, é consenso entre os analistas que a divisão causada por Boulos poderia deixar o PT de fora do 2º turno. O PSOL está inclusive tentando condicionar o apoio a Lula na disputa presidencial ao apoio do PT a Boulos; o PT já disse não. É, contudo, visível o papel danoso que esta esquerda com relações promíscuas com a direita está causando, infiltrando no nosso campo direitistas como Ciro Gomes e fazendo pela esquerda o trabalho da direita de enfraquecer o PT.

Na semana passada, como dissemos no início deste artigo, foi divulgado que Boulos convidou o escritor e advogado negro Silvio Almeida para ser seu vice. Almeida disse não estar definido, mas elogiou muito Boulos. A proposta foi feita na casa de Walfrido Warde, e Almeida é sócio dele. Seria uma chapa de duas pessoas com relações econômicas com esta figura macabra da política brasileira. Estes fatos, que se acumulam, mostram porque é necessário desmascarar o pretenso líder popular como uma pessoa a serviço do golpismo e da política do capital imperialista.

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Warde, segundo da esquerda para a direita, e Silvio Almeida, último

A reportagem tentou insistentes contatos com Guilherme Boulos e Walfrido Warde ao longo da tarde/noite desta segunda-feira (01), mas não foi atendida nem obteve resposta.

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