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Um programa crítico

Denunciar energicamente as alianças da esquerda com a burguesia

Os militantes da esquerda revolucionária precisam ser críticos quanto às figuras direitistas no seio da esquerda brasileira

Em 2020, após o começo da pandemia, a esquerda pequeno-burguesa, em conjunto com a direita mais ligada ao capital financeiro, iniciou uma campanha nacional em prol da chamada “frente ampla”. A ideia, na época, era a de juntar todos aqueles que queriam derrubar Bolsonaro em um grande grupo pelo impeachment do presidente golpista.

Naquele período, este Diário realizou uma ampla campanha contra a frente ampla. Explicamos que se tratava de uma armadilha contra os trabalhadores. Afinal, a direita que queria se juntar à esquerda era a mesma que, em primeiro lugar, havia colocado Bolsonaro no poder após prender Lula em 2018.

Agora, vemos ainda mais uma reedição da frente ampla no Brasil com a infame “luta pela democracia”. A ideia, mais uma vez, é a de que Bolsonaro representa um risco à democracia brasileira e que, por isso, todos deveriam colocar as suas diferenças de lado e, em um grande bacanal político, defender as instituições democráticas do estado burguês nacional.

Essa tem sido, pelo menos, a desculpa utilizada pelo PT para concretizar alianças eleitorais em praticamente todos os estados do Brasil durante as eleições deste ano. O auge dessa política foi a inclusão de Geraldo Alckmin, um consagrado inimigo dos trabalhadores e da juventude, na chapa de Lula como seu vice-presidente.

Todavia, essa política tomou proporções desastrosas que vão além de meras alianças eleitoreiras, algo já consagrado na esquerda reformista brasileira. O que temos aqui é uma fusão entre o PT e a direita tradicional brasileira. Veja, por exemplo, a campanha de Haddad em São Paulo. As dezenas de acordos feitos para viabilizar a candidatura do petista no estado, como a inclusão da mulher de Márcio França (PSB) como vice de Haddad, transformaram o PT em um refém. É como se parte do partido estivesse se tornando o PSDB.

Ademais, é preciso lembrar que o PT simplesmente abandonou candidaturas próprias em nome de acordos com outros partidos burgueses em boa parte dos estados do País. O caso que melhor demonstra como isso representa uma sabotagem à campanha do PT é o do Rio de Janeiro, onde Molon se impôs ao partido e passou por cima dos acordos feitos.

Bom, dito isso, e daí? Qual a importância dessas alianças? Toda. Afinal, ainda estamos vivendo um golpe de estado no Brasil, golpe que, orquestrado pelo imperialismo, serviu para tirar o PT do poder em primeiro lugar, bem como prender Lula. Nesse sentido, absolutamente nada mudou. A burguesia continua não querendo o governo do PT e, para impedir isso, farão de tudo.

O ponto é que, no momento, essa luta toma a forma eleitoral. Ou seja, antes de qualquer coisa, a burguesia vai tentar aplicar o seu golpe por meio das eleições justamente para dar um ar democrático à operação. Todavia, caso isso falhe, não há dúvidas de que partirão para um ataque mais agressivo por fora do Estado burguês.

É o que aconteceu em 2016, por exemplo. Tentaram emplacar Aécio Neves contra Dilma durante o pleito. Uma vez que esse plano fracassou, iniciaram o processo fraudulento do impeachment, um dos pontos altos do golpe no Brasil que, inclusive, levou Temer ao poder.

Hoje em dia, uma das possibilidades é justamente essa. As figuras direitistas que estão engolindo o PT em todo o País seriam perfeitas para substituir governos petistas e até mesmo Lula, uma reiteração do golpe de 2016. Suponhamos, nesse sentido, que Lula ganhe as eleições. Logo, teremos um bloco dentro do governo que já é, praticamente, o PSDB. Fica claro, portanto, que a esquerda é refém da direita nessas eleições.

Por esse ângulo, a campanha em defesa da democracia, lançada pelos banqueiros da Fiesp e da Febraban, é muito significativa. É uma operação, já muito clichê, para enfiar figuras profundamente reacionárias da política brasileira dentro da esquerda. O mesmo que tentaram no ano passado, em que a esquerda pequeno-burguesa estava convocando atos ao lado do MBL. Mais uma vez, tudo em nome da “defesa da democracia”.

Frente a todo esse cenário capitulador, só existe uma postura acertada a ser tomada neste momento: denunciar energicamente as alianças da esquerda com a burguesia em âmbito nacional.

Agora, estão chamando atos para o dia 11 de agosto em defesa do manifesto da democracia. Os trabalhadores, a juventude e a esquerda, de maneira geral, devem ir a esses atos que – diga-se de passagem – estão sendo convocados pelos grandes capitalistas brasileiros? De forma alguma, apenas como forma de denúncia. A CUT, que está efetivamente convocando esse ato, deve fazê-lo? Também não.

Finalmente, os trabalhadores, os movimentos populares, os trabalhadores sem terra, a juventude e, enfim, todos  os setores oprimidos da sociedade, não devem ficar à reboque da burguesia. Esse é o caminho da derrota mais segura possível.

A burguesia, por sua vez, utiliza todo o seu aparato, tanto estatal quanto de sua imprensa, para criar um cenário que justificaria essas alianças. É o caso das pesquisas eleitorais, por exemplo, que indicam uma realidade completamente avessa ao que de fato está acontecendo no País. A guinada fascista de Bolsonaro vai no mesmo sentido: não passa de uma propaganda que visa justificar medidas autoritárias do judiciário golpista brasileiro, por exemplo, em nome da democracia.

Para isso, cria-se a ilusão de que Bolsonaro está armando um golpe militar quando, na realidade, é a burguesia internacional que está fazendo isso. O caso do Partido da Causa Operária comprova essa caracterização: primeiro, o STF se armou com o Inquérito das Fake News e perseguiu figuras bolsonaristas que estariam atentando contra a democracia brasileira por meio de palavras. Depois, foi atrás do PCO e derrubou toda a sua imprensa digital do ar sob o mesmo pretexto.

Apesar de tudo, é preciso defender a candidatura de Lula de maneira incondicional. Entretanto, para combater a nova etapa do golpe em uma batalha verdadeiramente consequente, é preciso fazer uma campanha de maneira crítica. Não se pode aceitar qualquer lixo atirado aos trabalhadores e, por isso, é imprescindível que se trave uma luta firme contra a direita que, no momento, encontra-se no seio da esquerda brasileira.

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