Por quê estou vendo anúncios no DCO?

Viajando na maionese

Bolsonaro tem o 7 de setembro; e a esquerda, tem o quê?

Enquanto extrema-direita vem se preparando para tomar as ruas, "intelectuais" clamam pela paralisia

Analistas da imprensa burguesa, articulistas da imprensa “progressista” e parlamentares alardeiam, todo dia, sobre o ato de 7 de setembro que o presidente ilegítimo Jair Bolsonaro pretende organizar nos 200 anos da Independência do Brasil. Para uns, a manifestação poderá dar lugar a um golpe de Estado; para outros, será um fiasco. Uma coisa, no entanto, é consenso: esse deverá ser um dos grandes marcos da candidatura de Bolsonaro à reeleição.

Não é possível prever, neste momento, os detalhes da manifestação. Isto é, quantas pessoas estarão presentes, qual será a participação das Forças Armadas, qual efeito terá na campanha etc. No entanto, é possível determinar que o presidente ilegítimo está pessoalmente empenhado na realização do ato. Bolsonaro já prometeu fazer o ato no Rio de Janeiro, quando todos esperavam que acontecesse em Brasília, convidou governantes estrangeiros e vem anunciando aos quatro ventos a manifestação.

Dito de outra forma, Bolsonaro está mobilizando a sua base. Sua preocupação maior, ao dar declarações, a convidar pessoas de fora, ao mudar o local é: encher as ruas em uma flagrante demonstração de força. Bolsonaro quer, neste dia, mostrar que tem o apoio de dezenas de milhares de pessoas, que parte desse apoio se encontra nas Forças Armadas e, ainda, desmoralizar por completo as “instituições” que se mostram como opositores do governo.

Somos obrigados, portanto, a admitir: Bolsonaro está trabalhando e esse trabalho terá um efeito muito positivo para a sua candidatura.

Tendo em vista a articulação de Bolsonaro para o 7 de setembro, agora nos perguntemos: no que se compara o Dia da Independência organizado pela extrema-direita à estratégia da esquerda para as eleições? Simples: não há.

A esquerda não tem absolutamente nenhum plano para mobilizar os trabalhadores, por mais contraditório que isso seja. O candidato da esquerda é a liderança mais popular da América Latina, e que se encontra em um momento particularmente favorável, em que há uma rebelião latente contra todo o regime político. No entanto, a esquerda não tem o seu “7 de setembro”, nem 1, nem 2, nem 3 de nenhum mês. E pior: quanto mais Bolsonaro se prepara para a manifestação, mais a esquerda se afasta da perspectiva da mobilização.

Há uma relação direta entre as coisas. Tanto o amplo favoritismo de Lula quanto a ofensiva de Bolsonaro explicam a conduta passiva da esquerda.

O apoio amplo das massas a Lula se traduz, neste momento, em um favoritismo nas pesquisas eleitorais. Junto a isso, a imprensa burguesa, que ainda não decidiu qual será o seu candidato nas eleições, procura tratar Lula de maneira mais amigável, de modo a ganhar confiança da esquerda pequeno-burguesa para o momento em que precisar atacar com todas as forças a candidatura de Lula. Dessa combinação de fatores, surge uma fantasia, um clima de que Lula será automaticamente eleito.

Por “automaticamente eleito”, devemos dizer claramente o que esses setores da esquerda pensam: que quem elegerá Lula não é ela própria, mas sim outras forças — a imprensa, a burguesia, os empresários, o imperialismo, a direita etc. É, portanto, uma ilusão, uma crença de que a vitória de Lula esteja consolidada porque ele “joga sozinho”, sem adversários na eleição. Ou melhor, contra um único adversário, que seria o presidente ilegítimo Jair Bolsonaro.

Os mesmos que acham que está tudo ganho, acham, portanto, que não é preciso combater o bolsonarismo nas ruas. Afinal, Bolsonaro já estaria liquidado. Dizem, tais setores, que reagir à ofensiva bolsonarista apenas levaria à extrema-direita, que estaria morta, a se reerguer.

O que torna tudo isso ainda mais bizarro é que, para justificar que a esquerda não contra-ataque e deposite toda a sua fé em seus inimigos políticos, seus intelectuais de plantão falam, ao mesmo tempo, que Bolsonaro planeja um golpe. Não seria nada sério, mas apenas um truque para que a esquerda saísse aplaudindo os “caçadores de golpistas”: o STF, a imprensa, a polícia etc.

Toda a concepção de que Lula será conduzido à presidência da República pelos seus próprios inimigos acaba levando, como visto, à mais completa paralisia. Seja pelo exagero — que Bolsonaro esteja prestes a dar um golpe de Estado —, seja pelo desdém — que Bolsonaro não irá nem para o segundo turno —, a orientação é a mesma: a esquerda deveria ficar em casa.

Nada poderia ser mais desastroso. Bolsonaro, a imprensa, a direita, a FIESP: todos os inimigos do povo se preparam para um golpe contra a candidatura de Lula. Nenhum favoritismo de pesquisa eleitoral é capaz de resistir a uma extrema-direita forte, nas ruas, a uma imprensa que ataque ferozmente a todo instante, à distribuição de dinheiro desenfreada nos rincões do País etc. Se não houver uma mobilização real, preparada com comitês de luta em cada município, que procure colocar nas ruas todo mundo que apoia a candidatura de Lula, preparada para o enfrentamento com a direita e a extrema-direita, a candidatura de Lula correrá sério risco.

Gostou do artigo? Faça uma doação!

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Diferentemente de outros portais , mesmo os progressistas, você não verá anúncios de empresas aqui. Não temos financiamento ou qualquer patrocínio dos grandes capitalistas. Isso porque entre nós e eles existe uma incompatibilidade absoluta — são os nossos inimigos. 

Estamos comprometidos incondicionalmente com a defesa dos interesses dos trabalhadores, do povo pobre e oprimido. Somos um jornal classista, aberto e gratuito, e queremos continuar assim. Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Diferentemente de outros portais , mesmo os progressistas, você não verá anúncios de empresas aqui. Não temos financiamento ou qualquer patrocínio dos grandes capitalistas. Isso porque entre nós e eles existe uma incompatibilidade absoluta — são os nossos inimigos. 

Estamos comprometidos incondicionalmente com a defesa dos interesses dos trabalhadores, do povo pobre e oprimido. Somos um jornal classista, aberto e gratuito, e queremos continuar assim. Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.

Quero saber mais antes de contribuir

 

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.