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Um desastre anunciado

Sergio Massa: caminho peronista para entregar o governo à direita

A política da “esquerda” só tem tido o efeito de confundir a classe trabalhadora. Alimentar esperanças em Alberto Fernández só faz jogar a população no colo da extrema-direita

peso

Este Diário noticiou que a comemoração da vitória da chapa Fernández / Kirchner não fazia sentido, pois não se tratava de um avanço da esquerda na América Latina. É preciso relembrar que nas eleições de 2019 Cristina Kirchner era a candidata favorita. No entanto, foi alvo de uma perseguição judiciária, como as tantas que estamos acostumados a ver ultimamente, o que a fez recuar, pois saiu como vice de Alberto Fernández. Tratou-se de uma capitulação diante da pressão da burguesia e do imperialismo para que em seu lugar entrasse um governo mais estável que fosse de maior controle por parte dos banqueiros e de menos enraizamento popular.

Após o desastre da gestão neoliberal de Mauricio Macri, Alberto Fernández venceu as eleições ainda no primeiro turno. Porém, ao contrário do que tentaram propagandear, não se trata de um político de esquerda, oscila entre a chamada “centro-esquerda” e a direita, além de ser um homem no qual os bancos confiam. Aliás, é preciso muita imaginação para considerar que exista uma onda cor-de-rosa no continente. É impossível considerar como sendo de esquerda figuras como Fernández, Boric, Castillo, Petro… Mas, existem aqueles que gostam de viver iludidos.

O governo de Fernández acabou colocando um freio nas mobilizações populares, uma vez que a presença de Cristina Kirchner emprestava uma certa credibilidade à sua candidatura. Durante todo o mandato, o que assistimos foi a queima do capital político acumulado que o kichnerismo emprestou à gestão e, agora, o governo se vê mergulhado em uma crise que causa importantes rachas internos, além da renúncia de funcionários de primeiro escalão.

Como era de se esperar, o ultra moderado presidente argentino tratou de conduzir a economia, para não se chocar com o mercado financeiro, a um beco sem saída. Com isso, está se abrindo um grande espaço para o ascenso da extrema-direita. O fenômeno que estamos observando na França, na Itália e por toda a Europa.

Esse fenômeno do crescimento da extrema-direita é fruto da covardia e cegueira de boa parte da esquerda que, em vez de levar adiante uma política independente, acaba apoiando um candidato vendido como ‘mal menor’. Como esse ‘mal menor’ vai fracassar invariavelmente, pois sempre está a serviço da burguesia, acaba arrastando consigo a esquerda que o apoiou. Com isso, uma parcela da classe trabalhadora e da pequena burguesia deixa de enxergar na esquerda uma alternativa, e se vê atraída para a extrema-direita que acaba se apresentando como antissistema.

A crise argentina

A população argentina está saindo às ruas se manifestando e exigindo do governo programas como renda básica, aumento do subsídio da renda mensal e planos sociais. A pressão política sobre o governo se acentuou tanto que Silvia Batakis, ministra da economia, durou apenas 25 dias no cargo. E ela já estava substituindo Martin Guzmán, que renunciou ao cargo no início de julho.

A inflação atingiu 64% em julho (no acumulado de 12 meses). Já se observam saques em supermercados há alguns anos ─ boa parte disso se deve também ao pânico que o governo causou ao permitir o racionamento de alimentos nos supermercados. Os preços dispararam e as prateleiras se esvaziaram, o que provocou filas para se fazer compras.

Os preços estão subindo durante o dia, um produto pode custar x pela manhã e y na parte da tarde. A inflação corrói os salários, por isso os argentinos estão preferindo fazer seus pagamentos em dólar, o que é um paliativo, pelo menos no curto prazo, para proteger minimamente o poder de compra dos trabalhadores, pois o Peso tem se desvalorizado demais.

A diferença entre o dólar paralelo e o oficial chega a ser de 160%. Nas ruas, a moeda americana foi vendida a 338 pesos, enquanto no oficial seu valor é de 130 pesos.

Em outras palavras, a situação política na Argentina é explosiva e com certeza essas tendências vão se espalhar por todo o continente. Por isso já estamos vendo um grande endurecimento dos regimes, com o aumento da censura e da repressão.

As características do movimento peronista na Argentina | Momentos do Reunião de Pauta

Direitista de plantão

Com a saída de Silvia Batakis, Sergio Massa, presidente da Câmara, foi alçado ao posto de “superministro” e vai acumular as pastas de Economia, Desenvolvimento Produtivo e Agricultura, Pecuária e Pesca, e Relações com os Órgãos Internacionais, Bilaterais e Multilaterais de Crédito.

Sergio Massa é vendido como um peronista de ‘centro’, palavra que não passa de eufemismo para ‘direitista’. Aqui no Brasil, por exemplo, o ‘Centrão’ abriga todo tipo de golpistas, portanto, é bom que se percam logo as esperanças de que haja qualquer tipo tendência progressista no novo ministro.

Massa criou a Frente Renovadora como oposição ao kichnerismo. Em 2015 se candidatou à presidência e ficou em terceiro lugar com 21,9% dos votos. Sergio Massa militou no começo de sua carreira no Sindicato de Centro Democrático, considerado historicamente um dos maiores grupos antiperonistas.

Terceira via?

Neste 1º de agosto, promotores acusaram Cristina Kirchner de criar e liderar “uma extraordinária matriz de corrupção” ao lado de Néstor Kirchner, seu marido (morto em 2010), quando governaram a Argentina.

Ora, quem já não viu esse filme? É mais uma vez o Judiciário entrando em ação para determinar o que deve acontecer no Executivo. É o mesmo modus operandi que vimos contra o PT e Lula no Mensalão e na Lava Jato. Seguramente, querem com isso tirar C. Kirchner das próximas eleições e minar a sua influência sobre o governo. Talvez seja prematuro assegurar, mas quem garante que não seja uma operação para viabilizar o próprio Massa para a futura presidência?

No Brasil já tivemos um “superministro”: o supergolpista FHC. Que de ministro do governo Itamar Franco, com os bons serviços prestados à burguesia, foi premiado com a presidência, cargo que desempenhou muito bem no papel de capacho do imperialismo e destruiu a nossa economia.

Em 2023 ocorrerão novas eleições na Argentina e poderemos enxergar com mais clareza os passos que começam a ser dados nesse cenário de crise.

É certo que existe um ator muito importante: a classe operária. Os trabalhadores são a peça fundamental que pode de fato alterar os rumos políticos na Argentina. Por isso, desde já é preciso que nos solidarizemos com os nossos vizinhos, pois a luta deles é também a nossa luta. É preciso romper com as ilusões de que concertos eleitorais e institucionais com a direita “civilizada” em nome da tal “governabilidade” são necessários. Isso apenas prejudica a esquerda e a luta dos trabalhadores, descredibiliza a esquerda diante da população e enfraquece sua própria atuação, colocando-a a reboque dos políticos profissionais da burguesia.

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