Um fenômeno que marca acentuadamente as eleições gerais do presente ano diz respeito à ausência de campanha, notadamente a campanha de rua. O órgão do Estado que controla de forma antidemocrática o pleito (TSE) está submetido aos ditames dos grandes capitalistas, que dão o tom da campanha, ou melhor, da ausência de campanha.
A explicação para esse estado de coisas é relativamente simples e fácil de compreender. Uma campanha de rua vigorosa, “quente” e agitada é desfavorável à direita, que praticamente se apresenta aos olhos do eleitorado como uma nulidade, com suas candidaturas empacadas, todas abaixo dos dois dígitos nas pesquisas eleitorais. O fato é que os partidos representantes da burguesia e da direita tradicional simplesmente evaporaram nessas eleições.
A campanha da direita é insossa, sem apoio popular, clientelista, não empolga, até porque eles (os candidatos burgueses) nada têm a dizer e menos ainda a oferecer à população, ao eleitorado. Vale destacar que uma base importante dos partidos representantes da burguesia liberal, da direita tradicional, se deslocou para a extrema direita, para o bolsonarismo, isso não de agora, mas desde as eleições de 2018, marcadas pela fraude em função da exclusão do ex-presidente Lula do pleito.
O que temos, na verdade, é uma pseudo-campanha, que se resume à TV (debates, entrevistas manipuladas e dirigidas à satisfação dos interesses do grande capital), além do monótono e chato horário eleitoral. Na prática, as eleições se restringem às pesquisas eleitorais que são realizadas e controladas pelos institutos que atuam sob o olhar atento e vigilante dos grandes capitalistas e bancos (DataFolha, BTG Pactual, IPEC etc).
Neste sentido, ao pautar e submeter as eleições aos seus desígnios, a burguesia se coloca como soberana no pleito eleitoral de 2022. Por sua vez, a esquerda, que realiza uma campanha no ritmo ditado pelas regras antidemocráticas do regime golpista, não apresenta qualquer iniciativa para reagir a essa verdadeira ditadura imposta contra os candidatos populares, em particular contra a candidatura principal do Partido dos Trabalhadores, a do ex-presidente Lula. A situação é tão fragorosamente absurda que a coordenação de campanha do candidato mais popular do país – que lidera todas as pesquisas de opinião desde quando as mesmas tiveram início – atua colaborando com a direita, sabotando ainda mais a campanha popular e de rua, o que fica constatado pelas inúmeras restrições que são impostas (revistas, detectores de metal, senhas, catracas, etc) para o acesso da população aos comícios e atos de campanha do ex-presidente.
Desta forma, o caráter “frio” da campanha faz desta uma das eleições mais acentuadamente direitistas. Os esforços da burguesia para dar vida a uma candidatura de “centro”, destacadamente a terceira via, parece não surtir efeito, a julgar pela imobilidade dos representantes da direita liberal, que não decolam nas pesquisas, embora essas sejam controladas pelos grupos econômicos que se inclinam abertamente em defesa da candidatura da senadora do MDB, Simone Tebet.
