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Cenário turvo

Algo ainda pode acontecer até o final do 1° turno. O que será?

O poder da burguesia imperialista e o direitismo da esquerda dão ampla margem de manobra ao golpe nas eleições

Enquanto no Brasil a situação política é dominada pelo fato das eleições, nada de grande ocorre. A própria campanha eleitoral não é vista nas ruas como de costume durante as eleições, não de maneira reconhecível, tamanha é a redução do que tem de fato. A maior parte da campanha eleitoral no país acontece na televisão, com as sucessivas pesquisas dos institutos burgueses, e a discussão gira em torno destas pesquisas controladas pela GloboFolha, etc. Mesmo na internet a eleição aparece pouco, uma campanha insipiente.

Nesse cenário, as próprias pesquisas, que determinam as discussões, demonstram uma situação estável, em que os principais candidatos não sofrem grandes alterações. As campanhas frias, sem acontecimentos grandes de campanha ou mobilizações de maior vulto, sem presença nas ruas, dão espaço para isso, o que poderia justificar estes apontamentos.

A imprensa burguesa, que levou Bolsonaro ao poder, busca apresentá-lo como um mal caricato, e favorece a terceira via. Simultaneamente, o PT, que deveria realizar a maior campanha possível para derrotar o golpe, segue as pesquisas caninamente, e acredita no que elas apontam ambiguamente, de uma provável vitória no primeiro ou no segundo turno. Nesse sentido, a desmobilização total da candidatura dos trabalhadores se mantém.

A burguesia, porém, tem muito poder, as possibilidades de ação da burguesia imperialista são muitas, e qualquer coisa pode acontecer. Se a eleição vai para o segundo turno, se haverá um golpe branco ou um grande acontecimento, tudo está na mesa como possível. O direitismo da campanha da esquerda aumenta a margem de ação da burguesia, que não vê grande impedimento a qualquer uma de suas cartas.

Ao mesmo tempo, a esquerda se descaracteriza completamente, vindo a defender o STF, ao lado de Geraldo Alckmin e, agora, vindo à defesa de Vera Magalhães. Quando Jair Bolsonaro apontou, num debate, a jornalista Vera Magalhães como uma vergonha para o jornalismo — o que é dizer pouco sobre tal figura execrável, golpista e asquerosa — a esquerda sentiu vontade de defendê-la. Na sequência, um deputado estadual, em debate, também criticou a jornalista, e agora sofre uma perseguição política.

O juiz-rei Alexandre de Moraes mandou abrir um inquérito para averiguar se o deputado teria proferido palavras críticas a Vera Magalhães. Num quadro parecido, diversos candidatos foram impugnados arbitrariamente, muitos se mantêm concorrendo com recurso, o PCO teve suas redes fechadas pelo STF faltando dois meses para as eleições e teve sua verba retida por semanas, enquanto transcorria o curto período eleitoral. Criticar a forma como as eleições são conduzidas está proibido, criticar as urnas eletrônicas está igualmente proibido. A eleição, portanto, se dá em meio a uma ditadura.

A única maneira de impedir o golpe que se costura cada vez mais na situação política é com uma campanha de rua que mobilize as bases trabalhadoras. As organizações operárias, os sindicatos, a CUT, as organizações camponesas precisam estar mobilizadas, ativas, prontas a responder ao que vier pela  parte da burguesia.

Como se encontra, a campanha infiltrada de candidatos identitários, financiados por banqueiros, destacadamente candidatos do PSOL, como Guilherme Boulos e Sonia Guajajara, é um prato cheio para a derrota não apenas eleitoral, mas política, da esquerda. Não apenas os esquerdistas comprados pelos bancos e pelo imperialismo, mas candidatos abertamente de direita, como o lavajatista Marcelo Freixo (PSB) no Rio de Janeiro, um defensor da polícia, apoiado como o candidato de esquerda ao governo do estado. O atual governador da Bahia, Rui Costa (PT), acabou de realizar um despejo violentíssimo contra uma organização camponesa, com uso da polícia militar. As perspectivas não são muito melhores.

Mesmo que a esquerda ganhe as eleições, a situação política ainda estará nas mãos da burguesia. O panorama político será direitista enquanto a esquerda estiver com essa posição. Com isso, a burguesia tem, não apenas por seus recursos, mas pela capitulação total do conjunto da esquerda, uma ampla margem de manobra. Não sabemos o que virá, mas está claro que apenas a campanha por Lula presidente e um governo dos trabalhadores, em defesa das liberdades democráticas e da soberania nacional, se coloca em choque com o golpe de Estado e a burguesia golpista e sua política de conjunto.

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