Na última segunda-feira (22), o ex-presidente Lula, agora candidato à presidência pelo Partido dos Trabalhadores (PT), em uma entrevista à imprensa burguesa, criticou o teto de gastos. Segundo o petista, se trata de uma “coisa para garantir interesse do sistema financeiro e dos credores”.
“O governo sério sabe que não pode gastar mais do que tem. Se tiver que gastar, fazer dívida, tem que ser para construir novos ativos que possam fazer o país crescer. Ele não pode fazer dívida para custeio, porque aí será sem fim […] O governo que tem responsabilidade não precisa de lei delimitando teto de gastos”, colocou Lula.
A Emenda Constitucional do Teto de Gastos, instituída durante o governo Temer, logo após o golpe contra Dilma, prevê um novo regime fiscal que limita o investimento do Estado em despesas primárias. Em outras palavras, impõe um congelamento nos investimentos públicos em áreas primordiais, como a saúde e a educação.
Nesse sentido, Lula está absolutamente correto em sua caracterização. Trata-se de um aparato legal feito para beneficiar os grandes capitalistas, já que, ao invés do capital do Estado ser injetado na economia brasileira, é destinado aos bolsos da burguesia. Foi o que ocorreu, por exemplo, no começo da pandemia, quando o governo Bolsonaro-Guedes entregou 1 trilhão de reais aos bancos para “salvá-los” da crise que se intensificava naquele momento.
Tal Emenda foi feita justamente após o golpe de Estado no País. Aliás, em conjunto com os duros ataques do governo Temer ao povo brasileiro: a reforma da previdência, a reforma trabalhista, a privatização de uma série de empresas públicas etc.
Apesar do histórico de Lula no que diz respeito à realização de reformas extremamente moderadas, sua campanha, neste momento, toma um caráter profundamente progressista. Não é à toa que Ricardo Lacerda, sócio do banco de investimento BR Partners, afirmou, em entrevista ao Estadão, que “O Lula de hoje é o pior dos últimos 40 anos”, fazendo referência ao esquerdismo de sua candidatura.
De qualquer maneira, sua candidatura deve ser empurrada cada vez mais à esquerda para que suas declarações se transformem em medidas concretas, e não se restrinjam à bravatas. Finalmente, ele é o principal representante da luta da classe operária brasileira contra o golpe de Estado que, fundamentalmente, serve para que o imperialismo possa aplicar a sua política neoliberal no Brasil.
Por isso é que o imperialismo não quer Lula de volta no poder e, principalmente agora, com a aproximação das eleições, o ataca por vários lados. É completamente diferente de figuras como Boric, Petro, Boulos e Haddad que, na realidade, apoiam a política econômica imperialista contra os trabalhadores.
Logo, todas as figuras reacionárias que cercam Lula devem ser dispensadas, pois são, no final, amigas dos banqueiros e apoiadores do próprio Teto de Gastos. O caso mais gritante disso sendo, por certo, Alckmin, um ferrenho apoiador do golpe no Brasil que se infiltrou na campanha de Lula como uma raposa no galinheiro.