Na manhã do último domingo, centenas de trabalhadores sem terra do Assentamento Fábio Henrique foram atacadas por vinte pistoleiros fortemente armados contratados por latifundiários e políticos da extrema direita local.
As famílias de trabalhadores sem terra estavam realizando uma assembleia para responder às agressões a uma família de assentados durante a semana anterior realizada por um ex assentado que se vendeu a políticos bolsonarista locais para atacar os assentamentos e o MST.
Enquanto realizam a assembleia, os sem terra foram surpreendidos com veículos que carregavam 20 pistoleiros e esse elemento bolsonarista chamado Liva, que coordena as agressões contra as famílias sem terra. Os pistoleiros chegaram atirando em direção a assembleia e chegaram a agredir e prender trabalhadores para causar um clima de terror e tentar diminuir a resistência dos trabalhadores a política de destruição dos assentamentos do governo Bolsonaro.
Os pistoleiros deram centenas de tiros e o terror e a tortura duraram aproximadamente 30 minutos, quando os assassinos atiraram contra os veículos e atearam fogo em dois ônibus que estava estacionados no local com os pertences dos assentados. Durante a ação, agrediram os trabalhadores e perguntavam se conheciam lideranças do Assentamento e do MST e onde se localizam para perseguir. Eram armas apontadas contra a cabeça e na boca das pessoas que estavam em assembleia.
O assentamento Fábio Henrique está localizado no município de Prado, no extremo sul da Bahia, município em que recentemente o governo Bolsonaro com apoio da empresa Suzano celulose e papel, e o secretários de assuntos fundiárias do Ministerio da Agricultura, o pistoleiro e latifundiário Antonio Nabhan Garcia, usaram a Força Nacional de segurança pública para impor a política de privatização e destruição dos assentamentos para as famílias de sem terra da região.
Esse ataque no momento de uma grande assembleia de trabalhadores sem terra mostrou que os bolsonaristas e latifundiários da região querem atacar a organização dos assentamentos e acampamentos para enfraquecer a luta pela terra e a luta contra o governo Bolsonaro. Querem colocar um clima de terror para que as famílias não participem das assembleias com medo de represálias dos pistoleiros e sejam ameaçadas e até mortas pela pistolagem. É uma ação com clara intenção de afastar os trabalhadores dos espaços de organização da luta.
A formação de milícias fascistas no campo
O ocorrido mostrou como a extrema direita está organizando suas milícias fascistas. Se utilizaram de elementos capachos do latifúndio para liderar um grupo de pistoleiros fortemente armados e bem equipados, de muitas vezes com apoio da Polícia. Os veículos, as armas e o pagamento dos pistoleiros foram obtido através de políticos e latifundiaos da região que estão organizados e se reúnem no município vizinho, Teixeira de Freitas, no chamado Casarão Brasil. Neste local, a extrema direita organiza suas atividades fascistas, incluindo a atuação de suas milícias no campo para atuar contra os trabalhadores sem terra, indígenas e quilombolas que lutam pela reforma agrária na região.
O Casarão Brasil é um centro de operações fascistas em defesa do latifúndio e da grilagem de terras no Extremo sul da Bahia.
Uma verdadeira ditadura para impor a destruição dos assentamentos do governo Bolsonaro
Esses ataques da extrema direita ocorrem porque há um enorme repúdio dos trabalhadores a política de destruição dos assentamentos. Nem comprando pessoas que estavam dentro dos assentamentos, como o bolsonarista Liva, Bolsonaro não conseguiu enganar as famílias e sequer consegue visitar os assentamentos da região. Em tentativa de visitar a região e os assentamentos foi um enorme fracasso e passou rapidamente pelo município de Teixeira de Freitas.
A tentativa do governo em destruir os assentamentos através a privatização é um tremendo fiasco e para realizar essa política é necessário impor uma ditadura contra os trabalhadores sem terra através da perseguição de suas lideranças e organização, além de muita violência através da pistolagem.
O governo Bolsonaro está fortalecendo o latifúndio e incentivando o armamento desse setor. Para reverter esse quadro é preciso organizar os trabalhadores em comitês de autodefesa em cada assentamento, aldeia ou vila, e unificá-los em um grande movimento nacional para enfrentar os pistoleiros e a extrema direita, deslocando militantes, treinando e combatendo nas ruas a violência da extrema direita.
Os recentes ataques realizados por pistoleiros ocorrem após uma série de medidas instituicionais do governo Bolsonaro. A primeira tentativa foi de tentar utilizar o INCRA e servidores bolsonaristas selecionados para perseguir e expulsar lideranças dos assentamentos através de medidas “técnicas” e colocando em seu lugar pessoas de confiança e que não tem nenhuma relação com os assentamentos.
Como essa ação foi repudiada, a direita mobilizou efetivo policial e da força nacional para atacar os assentamentos de Prado e Mucuri. Isso ocorreu após figuras ligadas a extrema direita da região realizarem ações criminosas como incendiar casas, agredir trabalhadores sem terra e ameaças de morte, colocando a culpa no MST e outras lideranças dos assentamentos. A Polícia Federal e a Força Nacional não conseguiram seus objetivos nem mesmo com a ajuda da justiça que emitiu a reintegração de posse contra dezenas de famílias assentadas.
Agora, a extrema direita está utilizando os métodos fascistas para atacar os trabalhadores. Querem impor o clima de terror contra os assentados e acampados para que as famílias abandonem o assentamento ou não se oponha a política de privatização e destruição dos assentamentos, favorecendo os latifundiários e políticos ligados a Bolsonaro.
É preciso denunciar e reagir da mesma maneira contra os latifundiários e suas organizações fascistas que ainda se encontram dentro dos assentamentos da região e se reunem na organização fascista chamada Casarão Brasil.
Veja as matérias relacionadas a esses recentes ataques e os envolvidos:
Vídeo e fotos do ataque que ocorreu neste domingo contra o Assentamento Fábio Santos:
Veja vídeo do ataque dos pistoleiros contra assentamento do MST
Envolvimento de empresas e políticos para grilagem de terras de assentamentos e a fraude da licitação:
Ataques da Força Nacional contra os assentamentos da região:
Utilização do INCRA para atacar o MST na região: