No momento de aprofundamento da crise do coronavírus no Brasil, quando o número diário de mortes se aproxima de 1500, ainda que subestimados, e um desejo da burguesia nacional em retomar a atividade econômica, a empresa do setor de finanças, Boa Vista, anuncia mais números que indicam a sucumbência dos capitalistas nacionais diante da crise econômica.
Segundo o anuncio, houve um crescimento de 30% nos pedidos de falência em maio, em relação ao mês anterior. Também aumentaram as taxas que medem os pedidos de recuperação judicial e as recuperações judiciais deferidas, respectivamente 68,6% e 61,5%, também em relação ao mês anterior.
Fazendo uma análise acumulada nos últimos 12 meses, os pedidos de recuperação judicial apresentaram alta de 3,7%, assim como as recuperações judiciais deferidas (2,4%). No entanto, em sentido contrário, ainda na análise acumulada no último ano, os pedidos de falência caíram 25% e as falências decretadas 21,6%.
Os números anunciados pela Boa Vista são coerentes com a previsão de queda de 10% PIB para o segundo trimestre e a redução de 18,8% da produção industrial. Demonstram um aprofundamento da atual crise capitalista iniciada em 2008, e agravada pela pandemia de covid-19. Recentemente, o DCO (Diário Causa Operária) publicou matéria intitulada “Um pós-pandemia com privatizações e liquidação do patrimônio”, acerca do plano do governo brasileiro de retomar a agenda pró-mercado, um claro indicativo de que a burguesia já sabia que a crise iria escalar.
Diante do aprofundamento da crise, percebe-se o desespero que se instalou no âmago da burguesia brasileira, demonstrado no racha surgido no interior do bloco golpista que elegeu o fascista Bolsonaro. Neste momento a burguesia brasileira encontra-se diante do dilema de apertar ainda mais o torniquete para conter as perdas ou relaxar a pressão e ver a esquerda avançar ameaçadoramente sobre o regime político.
Felizmente para os capitalistas, a esquerda brasileira ainda não encontrou o passo e ainda se debate de forma confusa entre a Frente Ampla e retomada das ruas. Os atos anunciados pra as próximas semanas podem ser o inicio do fim das incertezas em ambos os campos da luta de classes. O tempo dirá.