O governo Bolsonaro é odiado por diversos setores da população brasileira. Destes setores, a Cultura é um dos exemplos onde há praticamente uma repulsa generalizada – embora esteja longe de ser o único – contra Bolsonaro e o bolsonarismo.
Esta repulsa não é por acaso, afinal, os ataques da extrema-direita na área da Cultura são muito profundos. Para ficar em apenas dois exemplos: a área foi rebaixada de Ministério a Secretaria no governo federal e há toda uma campanha ideológica contra a classe artística de conjunto sob a forma de ataques contra a Lei Rouanet.
Uma matéria do jornal O Globo noticiou recentemente que o governo Bolsonaro exonerou o número 2 da Secretaria de Cultura. Atualmente, a Secretaria é chefiada pela folclórica Regina Duarte, atriz que pertence à extrema-direita e que deixou o povo brasileiro estupefato com uma entrevista recente concedida à CNN (sobre isto, recomendamos a seguinte matéria deste Diário). A matéria do Globo informa que o advogado Pedro Horta, um dos poucos elementos da rede de confiança de Duarte em sua própria secretaria, foi demitido pelo ministro da Casal Civil, o general Walter Braga Netto.
A saída de Horta, que ficou pouco mais de duas semanas no cargo, empolgou bolsonaristas nas redes sociais. Grupos ligados ao astrólogo Olavo de Carvalho, figura conhecida pelas suas posições estapafúrdias, comemoraram a saída do advogado. Os olavistas pedem a demissão de Regina Duarte, sob a acusação delirante de que ela estaria infiltrando elementos de “esquerda” no governo Bolsonaro.
Esta briga, que é uma verdadeira caricatura para qualquer indivíduo normal, não é uma disputa meramente ideológica. Ela emerge em função da profunda crise que se desenvolve no Brasil, que tem atingido proporções dramáticas com o problema do coronavírus. O setor “ideológico” do governo Bolsonaro, quer dizer, os olavistas, acreditam que Regina Duarte não está atacando suficientemente a área da Cultura, como faziam os seus predecessores.
Em parte isto acontece porque Duarte, embora seja ela mesma um elemento da extrema-direita, como a já citada entrevista à CNN demonstra, pertence ao meio artístico, de modo que ela sofre uma gigantesca pressão por parte das relações que possui. Isto faz com que ela encontre muitas dificuldades para dizimar o que resta da Secretaria de Cultura, mesmo que a sua intenção seja levar esta tarefa adiante. Por conta disso, os olavistas julgam, não sem alguma razão, que ela não está a altura deste trabalho.
A demissão do número 2 de Regina Duarte, assim como outras crises do governo Bolsonaro, em geral dão lugar a uma grande quantidade de memes de humor nas redes sociais. Embora estas campanhas cumpram o papel de desmoralizar este governo de malucos e delinquentes, é preciso passar das palavras às ações. É preciso mobilizar pelo “Fora Bolsonaro”, centralizando todo o descontentamento popular contra este governo.