Carlos Moises da Silva (PSL) atual governador de Santa Catarina será afastado do cargo a partir do dia 27 por até 180 dias em função do julgamento que enfrentará para decidir se sofrerá impeachment. A denúncia foi aceita pelo Tribunal Especial de Julgamento na madrugada deste sábado (24), se ele for declarado culpado no julgamento que se seguirá, perderá o cargo definitivamente. Sua Vice-governadora, Daniela Reinehr (sem partido) teve a denúncia rejeitada pelo tribunal, dessa forma assumirá de forma interina o cargo após o afastamento.
Carlos é julgado a respeito do caso do aumento salarial dado aos procuradores do estado em 2019, constituindo assim supostamente uma forma de clientelismo político com uso de poderes do cargo.
É importante frisar que estes casos, mesmo quando a denúncia se baseia em fatos reais, são utilizadas como pretexto para a burguesia atacar os setores que lhe convém derrubar ou ameaçar se aproveitando da legitimidade da prerrogativa institucional. O caso acerca da derrubada do governador vem numa onda de embates internos entre a burguesia e do acirramento do processo ditatorial no país que vêm centralizando cada vez mais o poder e esvaziando o já precário estado de direito, ou seja, os mecanismos como presunção de inocência, habeas corpus e etc.
Alguns casos envolvendo o embate da direita e a campanha pelo acirramento dos processos de condenações envolvem por exemplo o governador Wilson Witzel , o qual foi derrubado após se colocar contra Bolsonaro na política relativa ao “lockdown”. Naquele momento a tendência da política da burguesia era apenas “ pôr Bolsonaro na linha” contendo a polarização e não derrubá-lo. Witzel acabou por perder a posição de governador.
No caso de Witzel a esquerda eleitoreira chegou a se vangloriar reclamando responsabilidade pelo feito, isso se resume a propaganda eleitoral e não constitui qualquer reflexo de uma vitória da esquerda ou do povo pois witzel e Carlos Moisés foram derrubados pela própria direita. Somente a partir de uma organização do povo e em sua luta empreendida é possível dar um rumo para a situação política, a derrubada de governos fascistas como de Bolsonaro deve vir da mobilização de massas e não da frente ampla com os próprios fascistas por exemplo,como sugere Guilherme Boulos.
Do contrário, fica-se a reboque das ações da burguesia, tendo alguns setores se aproveitando para contar a história se pondo como heróis, como no caso citado envolvendo o Psol e como no caso de Iago Montalvão, presidente da UNE que se vangloriou após Weintraub ser retirado do cargo como se fosse a partir de uma intensa luta da UNE, que efetivamente moveu pouco ou nada a respeito.
É preciso tomar cuidado, mesmo em casos de governadores de direita, com a ideia de caçar o mandato concedido pelas urnas sem a participação do povo no processo, isso tornar-se-à, uma clara ferramenta de golpe de Estado.