Nesta última semana tivemos um acontecimento da maior importância que agrava, e demonstra, a crise na direita. A derrubada do governador do Rio de Janeiro, o nazista Wilson Witzel. O processo que decorreu no afastamento do governador do “mirar na cabecinha” foi após o próprio ter tentado se beneficiar da crise envolvendo a família Bolsonaro, em mais um escândalo envolvendo as sujeiras do baixo clero do Congresso, com o qual Bolsonaro se identifica e pertencia quando parlamentar. O cálculo do governador foi extremamente equivocado, pois o único objetivo da burguesia era colocar Bolsonaro na linha, discipliná-lo.
Acentuada a crise, Bolsonaro colocou a Polícia Federal para cima de Witzel, em uma operação sobre fraudes na compra de respiradores para o Rio de Janeiro. Diante da crise e da displicência em relação ao coronavírus, fica claro que a manobra para derrubar Witzel é apenas uma operação política e nada mais. E essa operação, pelo seu caráter institucional, é da própria direita, e nada tem a ver com a rejeiçao a Witzel e sua política genocida desde o começo do seu governo, que atirava em escolas e levou a vida de centenas de adultos e crianças nas periferias do Rio.
Witzel, no entanto, não caiu por sua política genocida, que se apresentava antes mesmo da pandemia; caiu por ser uma “pedra no sapato” do bolsonarismo. A queda do governador fraudulento, que se elegeu em meio a uma intervenção militar golpista no estado, passa longe de qualquer mobilização popular, de esquerda, da intervenção do povo na crise que se vrifica no RJ. Essa queda é apenas uma manobra da burguesia para manter intacto o governo Bolsonaro e o conjunto do regime golpista.
O grande questão que se coloca para a compreensão desse problema é a demagogia da esquerda em torno ao assunto. Um exemplo claro é a nota da bancada do PSOL/RJ sobre a queda do governador. O partido apresenta o acontecimento como uma grande vitória da esquerda. Como se a “luta institucional” do partido do “socialismo com liberdade” tivesse sido protagonista e essencial para a derrubada de Witzel. Nada mais falso.
Seria absurdo pensar que a mafiosa Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, dominada por elementos da direita e da extrema-direita como as milícias fascistas do estado, as igrejas evangélicas, a polícia genocida, a burguesia falida do RJ, os bolsonaristas e as figuras do centrão estivessem juntos com o PSOL pela queda de Witzel. E, ainda pior, que esses setores estivessem cedido para esse partido da esquerda pequeno-burguesa o espaço de protagonista para a manobra que tirou Witzel.
É absurdo esse argumento e mostra uma completa falência da esquerda, uma completa desorientação. O terreno institucional, onde o PSOL/RJ diz “lutar” bravamente contra o fascismo está dominado pela burguesia. Está dominado por uma tendência direitista da burguesia, não por uma tendência democrática. Uma direita que tem como plano político livrar o regime político da esquerda, excluir os setores populares da participação no regime político.