Todo mundo que acompanha minimamente os noticiários sabe que uma das principais debilidades do combate ao coronavírus no Brasil é a ausência de testes.
Até agora, o governo disponibilizou pouquíssimos testes para identificar as pessoas que foram infectadas. Por conta disso, todos os dias aparecem inúmeras denúncias de pessoas mortas com os sintomas do coronavírus sem serem diagnosticadas e muitos doentes que simplesmente são mandados para casa fazer quarentena sem saber se realmente estão com a doença.
Mas a direção da ECT (Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos) parece ignorar esse fato. Recebemos denúncias de trabalhadores dos Correios que afirmam que as chefias, por meio do boletim interno da empresa, chamado de “Primeira Hora”, estão afirmando que caso o trabalhador seja afastado por coronavírus ele terá que provar que estava com a doença quando retornar.
Das duas uma: ou a direção da ECT e o governo Bolsonaro decidiram disponibilizar testes apenas para os trabalhadores dos Correisos ou trata-se pura e simplesmente de uma ameaça aos trabalhadores.
Para os que conhecem o dia a dia dos Correios e da classe operária em geral fica fácil de saber o que acontece. O que os patrões estão fazendo é pressionar os trabalhadores que apresentem os sintomas do coronavírus a continuarem trabalhando. Como os sintomas são parecidos com o da gripe, o Ministério da Saúde indicou, na ausência de testes, que a pessoa que apresentar qualquer sintoma de gripe fique em casa por 14 dias. Mas essa indicação aparentemente não serve para a classe operária.
O trabalhador dos Correios terá que escolher entre ficar em casa no isolamento social, sem condições de saber se realmente está com o coronavírus, ou se arriscar e ir trabalhar correndo o risco de contaminar outras pessoas e do seu quadro de saúde piorar.
Se ficar em casa, cumprindo a precária determinação do Ministério da Saúde bolsonarista, o trabalhador pode sofrer um processo administrativo caso a empresa diga que ele não estava com coronavírus.
E não é só isso. O trabalhador que se enquadra no grupo de risco por portar doenças pré-existentes também terá que provar para a chefia que realmente possui tal doença.
Os patrões impõem todas as dificuldades contra o que deveria ser um direito básico do trabalhador diante de uma pandemia de tamanha gravidade.
Essa é a política da direção da ECT para os trabalhadores dos Correios. Nem mesmo materiais básicos de segurança como máscaras e luvas a empresa não irá fornecer aos funcionários, conforme denunciamos neste Diário.
A única solução é parar os setores de trabalho, uma greve geral pela sugurança de todos os trabalhadores e suas famílias.