Por quê estou vendo anúncios no DCO?

Mulheres contra Bolsonaro: chantagem para eleger o “feminista” Alckmin

Um grupo numa rede social cresce rapidamente, é apartidário, consegue botar palavras-chave com hashtags no topo dos trending topics, tem o apoio da imprensa golpista, do Facebook e de outras corporações internacionais, ameaça com processos judiciais os seus opositores. Não, não são as páginas do MBL, Revoltados Online ou Vem pra Rua, mas o grupo Mulheres Unidas contra Bolsonaro, que – ele mesmo – polarizou as atenções nas redes sociais.

Primeiro noticiou-se que o grupo atingira 2 milhões de membros – uma proeza notável. No final de semana, o grupo foi tomado e retomado sucessivamente por hackers partidários do nazista Bolsonaro. Com a ajuda do Facebook, as criadoras do grupo conseguiram reavê-lo, mas mantêm-no secreto por questões de segurança. Foram criados ainda grupos alternativos, quase homônimos, além de – é claro – as tradicionais patacoadas que os bolsonaristas criam quando são atacados – como um certo grupo Mulheres com Bolsonaro e até mesmo Homens com Bolsonaro.

Quando ainda na ativa e público, o Mulheres Unidas contra Bolsonaro chegou a ter 40 mil confirmações numa manifestação contra o candidato, a ser realizada no próximo dia 29 em São Paulo. Por se declarar apartidário – ou pluripartidário –, contava com postagens fixas para discutir os outros candidatos, além de mensagens como a seguinte: “Mulheres lindas! Se somos um grupo pluripartidário, vamos nos respeitar. Esquerda ou direita, o que importa é fazer ‘o coiso’ não se eleger! Prioridade”. Outra participante apregoava que “nem todo mundo que é contra o Bolsonaro é do PT ou comunista. Às vezes a pessoa só é sensata”.

Como a política de Jair Bolsonaro – e ele próprio – é completamente misógina, o agrupamento em torno à questão de gênero passou a ser especialmente sensível na campanha eleitoral. Acresce que o atentado ao candidato havia sido especialmente sentido no aumento das intenções de votos entre as mulheres – o que despertou o movimento contrário na semana passada.

Em que pesem as supostas boas intenções – e provavelmente uma boa dose de ingenuidade – dos entusiastas do movimento anti-bolsonarista, há que se ponderar que, se não é da própria lavra da burguesia, evidentemente ela há de capturar e manipular os trending topics anti-bolsonaro de modo a associá-los a palavras de ordem sectárias, despolitizadas, e mesmo a campanhas de direita.

A intenção do establishment com esse tipo de movimento apartidário é tão mais clara quanto mais espaço O Globo, O Estado de S. Paulo, a Folha de S. Paulo ou o El País dedicam ao fenômeno. Há pouco mais de uma semana, as redes sociais estão infestadas com as hashtags #EleNão ou #EleNunca. Embora se assemelhe à letra de Teresinha de Jesus, o mote ganhou vida própria para além do grupo e desdobramentos como #MeuBolsominionSecreto, destinado a expor as contradições dos pontos de vista e do comportamento dos bolsonaristas. É evidente que se trata de puxar votos para qualquer candidato que chegue ao segundo turno com Jair Bolsonaro e Hamilton Mourão – os espantalhos da eleição.

A disparada de um candidato de direita na reta final que antecede o primeiro turno é apenas uma questão de articulação de apoios contra um “mal maior” – quer seja ele o PT, quer seja ele Bolsonaro. O mais provável é que o tal candidato seja Geraldo Alckmin (PSDB) – o favorito do imperialismo.

Nesse contexto, até o Picolé de Chuchu viraria um feminista?

Embora seja mais discreto, Geraldo Alckmin  – membro da seita católica ultraconservadora Opus Dei – é potencialmente capaz de levar a cabo políticas ainda mais misóginas que Bolsonaro. Jamais o movimento pelo direito ao aborto ganhará destaque em seu governo. As creches, para o tucano, são apenas de pretexto para o desvio de merenda: nunca serão prioridade para a libertação das mulheres da escravidão no lar. Para pontuar um caso recente de arbítrio tucano, basta mencionar ordem dada à polícia para prender manifestantes de esquerda nos estádios de futebol – sobretudo mulheres –, como aconteceu com a professora Liliane Roque: agredida e detida por levar uma faixa pela liberdade de Lula ao Itaquerão no último domingo (16).

A estratégia da direita não poderia ser mais surrada – desde os tempos de Paulo Maluf, Newton Cardoso etc.: cria-se um candidato supostamente monstruoso, para estimular o voto nos candidatos da direita – tão ou mais monstros que o original. É uma tática que se vale do conceito de “voto útil” – em que se vota no “menos pior” com chances de ganhar – e do recurso do segundo turno, em que os eleitores são obrigados a votar no “menos pior”…

Como se sabe, as eleições presidenciais de 2018 são abertamente fraudulentas: o principal candidato está encarcerado numa masmorra em Curitiba, impedido de concorrer pelos golpistas. Cabe a todas as organizações de esquerda denunciarem a farsa, usando a campanha eleitoral não para discutir promessas vazias ou celebrar ilusões de vitória no voto. Cabe exigir nas ruas a liberdade de Lula, a deposição do governo golpista e a realização de verdadeiras eleições controladas pelo povo.

Gostou do artigo? Faça uma doação!

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Diferentemente de outros portais , mesmo os progressistas, você não verá anúncios de empresas aqui. Não temos financiamento ou qualquer patrocínio dos grandes capitalistas. Isso porque entre nós e eles existe uma incompatibilidade absoluta — são os nossos inimigos. 

Estamos comprometidos incondicionalmente com a defesa dos interesses dos trabalhadores, do povo pobre e oprimido. Somos um jornal classista, aberto e gratuito, e queremos continuar assim. Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Diferentemente de outros portais , mesmo os progressistas, você não verá anúncios de empresas aqui. Não temos financiamento ou qualquer patrocínio dos grandes capitalistas. Isso porque entre nós e eles existe uma incompatibilidade absoluta — são os nossos inimigos. 

Estamos comprometidos incondicionalmente com a defesa dos interesses dos trabalhadores, do povo pobre e oprimido. Somos um jornal classista, aberto e gratuito, e queremos continuar assim. Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.

Quero saber mais antes de contribuir

 

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.