O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, afirmou na quarta (6) em sua conta do Twitter que o governo de Jair Bolsonaro possui características similares ao do regime nazista que vigorou na Alemanha da década de 1930. A afirmação foi involuntária – ou por ato falho –, quando o golpista tentou por iniciativa própria rebater um artigo de opinião publicado no site de notícias alemão Deutsche Welle, intitulado O projeto de Mefistófeles.
Como se sabe, a questão ambiental na Alemanha tem proeminência dentro do jogo de forças políticas. Incrustado no centro da Europa, o país lidera as ações e o mercado de redução do consumo de recursos naturais. É consequente que, no plano internacional, os ambientalistas alemães sejam especialmente ativos nas críticas à destruição das políticas ambientais promovidas pelos golpistas no Brasil. Como se sabe, as mineradoras, os latifundiários, as petroleiras, estão entre os principais setores patrocinadores do golpe em nosso país. Se o desmonte das políticas ambientais se fez sentir já no mandato de Michel Temer, ele aprofundou-se radicalmente com o governo Bolsonaro.
O artigo no Deutsche Welle, assinado pelo colunista Philipp Lichterbeck, sentencia:
A destruição do meio ambiente brasileiro parece ser um dos principais projetos do novo governo. Ele está numa missão mefistofélica: quer acabar com os bons costumes. Com os direitos humanos. Com a ciência. Com os projetos de emancipação. Com o próprio pensamento esclarecido.
São pessoas que agem e falam com arrogância e crueldade. São pessoas que riem quando morre uma criança de sete anos. Que comemoram quando a polícia comete massacres em favelas, quando morrem ambientalistas ou vereadoras negras. Pessoas que não conhecem a diferença entre flertar e assediar. Pessoas com relações com milícias. Pessoas que falam toda hora em Deus mas mentem, xingam e difamam. Pessoas que gritam “zero corrupção!”, mas que são corruptas.
Lichterbeck denuncia então o desmonte do Ibama pelo governo Bolsonaro. Denuncia o discurso e o comportamento fascistas do ministro Ricardo Salles, as demissões em massa, a desregulamentação generalizada do setor, o incentivo ao uso de agrotóxicos na lavoura, o conluio entre os principais agentes políticos e o grande Capital.
Para defender-se das acusações em sua conta do Twitter, Salles partiu para o argumentum ad hominem mais corriqueiro: desqualificar o adversário em lugar de tratar dos seus argumentos. Ao fazê-lo, acabou por atestar o caráter nazista do governo Bolsonaro. Sem negar uma vírgula sequer das acusações feitas por Lichterbeck, o ministro replicou: “Essa sua descrição se parece mais com o que a própria Alemanha fez com as crianças judias e tantos outros milhões de torturados e mortos em seus campos de concentração…”.
É claro: em nada diferente do Brasil de Bolsonaro e de Salles.
Ricardo Salles: um brucutu da direita
Mas quem é o ministro Ricardo Salles? Em 2018, Salles lançou-se candidato a deputado federal pelo partido de extrema direita Novo com a plataforma Segurança no campo, em que prometia decretar tolerância zero “contra a praga do javali, contra a esquerda e o MST, contra o roubo de trator, gado, insumos, contra a bandidagem no campo”. O remédio: balas de fuzil ilustradas em seu material de propaganda.
Salles sempre foi um bate-pau da direita. Um fascista encarregado de fazer o trabalho sujo da burguesia. Já em 2006, com financiamento dos Estados Unidos, fundou o movimento Endireita Brasil, um dos chamados think tanks encarregados de fazer propaganda golpista. Evidentemente, nosso atual ministro sempre foi menos think e mais thank. Na vida pública, foi condenado por improbidade administrativa à frente da Secretaria de Meio Ambiente do estado de São Paulo na gestão de Geraldo Alckmin (PSDB), fraudando, por encomenda da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), mapas produzidos pela USP.
Recentemente, Salles forjou de modo canhestro uma suposta cena de crime em que denunciava uma “investida terrorista” contra ele mesmo, perpetrada por militantes do MST e do PCO que protestavam contra a privatização do Parque Nacional Pau-Brasil, no sul da Bahia. Na verdade, foi o carro do fascista que investiu contra os manifestantes, os quais simplesmente se defenderam do ataque. Em seguida, numa pantomima mambembe, Salles ordenou que seus jagunços roubassem uma bandeira do PCO aos manifestantes, estendendo-a ao lado do pára-brisas que ele mesmo quebrara, publicando uma foto da bizarra cena em sua conta no Twitter. Por fim, no tom histriônico próprio da extrema direita, apresentou denúncia junto ao Mussolini de Maringá, o juiz golpista Sérgio Moro, de modo articular a perseguição policial e judiciária contra o PCO.
Todo o governo Bolsonaro, dos militares ao chamado “setor ideológico”, tem somente um norte: destruir as organizações dos trabalhadores, extinguir os direitos da população e transformar o Brasil numa colônia escrava das grandes corporações, das grandes potências, do Imperialismo enfim. É preciso dar combate tanto constante quanto intenso a esses capachos do estrangeiro, mobilizando a população para exigir a liberdade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a imediata deposição de Bolsonaro e de todo o seu gabinete golpista. Fora Salles, bate-pau fascista! Fora Bolsonaro, lacaio do imperialismo!