Da redação – Reproduzimos texto do sociólogo venezuelano Anisio Pires, que estudou na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e vive atualmente na cidade de Asunción, capital do estado de Nueva Esparta, Venezuela. Neste artigo, ele denuncia as distorções sobre o que ocorre na Venezuela a pretexto de uma invasão imperialista para derrubar o governo legítimo de Nicolás Maduro e o chavismo.
Recentemente, ele concedeu uma entrevista ao Diário Causa Operária sobre as mentiras que a imprensa venezuelana e internacional contam sobre seu país.
Leia o texto de Anisio Pires:
Venezuela, meu pais, está assediado neste momento.
Comparo a informação que a mídia “interessada” divulga com o dia-a-dia que me toca viver e me pergunto: como podem mentir de forma tão descarada e sistemática sobre o que aqui está acontecendo? E logo vem a pergunta de como é possível que as mesmas pessoas – amigos (as), professores (as) e conhecidos (as) – que tanto escreveram no Brasil indignadas com o que aconteceu com a Presidenta Dilma e com o que vem acontecendo com o Presidente Lula, sejam incapazes de se solidarizar neste momento com meu povo quando se encontra ameaçado de ser atacado militarmente pelos EUA.
As mesmas pessoas que ontem denunciavam a tragédia acontecida no Iraque, na Líbia e na Síria, hoje permanecem caladas nesta grave situação que enfrenta a Venezuela. Parafraseando a Hanna Arendt, é a banalização do que significa imperialismo por uma ideologia que em nome da “democracia” nega a realidade, isto é, a vida mesma, porque se meu pais for atacado militarmente pelos mesmos criminosos que tantos assassinatos têm cometido no mundo inteiro, o que acham que vai acontecer? Eis o preço desumano que alguns e algumas estão dispostos a pagar baseados num suposto “pensamento crítico” que em nome de não compactuar com supostos “regimes autoritários” lavam as mãos ante o sério perigo que enfrenta a Venezuela.
Por sorte depois do choque inicial midiático que tornou a Venezuela a pior coisa do mundo, começaram a aparecer no mundo inteiro as manifestações reais de solidariedade com o povo venezuelano. O mesmo Roger Waters do Pink Floyd que esteve e está ao lado do Lula, hoje está ao lado da Venezuela. Estamos virando o jogo e, para alegria pessoal, é bom saber que na Porto Alegre na qual lutei por vários anos surgiu o Comitê Gaúcho de Solidariedade ao Povo Venezuelano.
Gracias, meus irmãos e irmãs! Lula será livre e a Venezuela também.