O governo de Theresa May está em uma profunda crise. A questão do Brexit é uma bomba relógio. A burguesia imperialista está tentando desviar das exigências da população de sair da União Européia. Ou o governo toma uma decisão clara sobre o assunto, ou ele cai. Para se safar da crise, é preciso resolvê-la. Ou seja, os conservadores (partido ao qual pertence May) precisam dar um jeito de solucionar essa questão.
Trata-se, entretanto, de uma questão bastante complicada. A atual primeira-ministra inglesa já foi colocada no poder através de um processo não eleitoral, quando o primeiro-ministro conservador anterior, David Cameron, renunciou ao cargo. O problema é que colocar um novo governo não eleito pelo povo no poder, para os conservadores, é praticamente insustentável, já que o próprio governo May só fez aumentar a crise deixada por Cameron.
Desta forma, os conservadores estão em uma situação desconfortável, em que May pode ter de renunciar e convocar novas eleições. O inconveniente, entretanto, é que Jeremy Corbyn, do Partido Trabalhista inglês, um político ligado à classe operária, aos sindicatos e aos grupos oprimidos da sociedade, está ameaçando ganhar as eleições.
Este Diário já havia denunciado que um cenário como este poderia levar a um golpe – possivelmente militar – na Inglaterra, pois sua vitória é quase certa. A campanha contra Corbyn é gigantesca na imprensa burguesa, o que revela o medo da burguesia com sua ascensão política em um dos principais países do imperialismo.
A solução que os conservadores estão encontrando é passar por cima da vontade popular, que decidiu em 2016 pela saída da Inglaterra da União Européia (Brexit), e convocar um novo referendum sobre a questão. Quer dizer, para o imperialismo, a questão é colocada da seguinte forma: “se for à favor, colocamos em prática, se não for, damos um golpe na lei”. Isto é, atuam da mesma forma que o judiciário brasileiro atua, o que ficou claro com a questão Lula.
De uma forma ou de outra, o governo conservador só verá sua própria crise se aprofundar, o que reflete a crise geral que existe no seio do imperialismo.