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Espanha: crise entre PSOE e Podemos pode impedir formação de governo

Nesta segunda (15), Pedro Sánchez do PSOE (Partido Socialista Operária Espanhol), presidente da Espanha, afirmou que acabaram as negociações com o partido PODEMOS para a formação do governo espanhol.

Em entrevista à rádio Cadena Ser, Sánchez disse que Pablo Iglesias (líder do PODEMOS), “deu por rompidas as negociações”, acusando-o de usar uma consulta interna, agendada para esta quinta (18), como forma de “justificar o seu voto contrário à investidura” do PSOE no governo.

Em junho do ano passado o PSOE elegeu 84 dos 350 assentos no parlamento e fez uma aliança com o PODEMOS, que detinha 67 cadeiras e outros partidos menores, para obter maioria capaz de formar o governo.

Já em 2019, os socialistas (liderados por Sánchez) ganharam as eleições legislativas de 28 de abril, conseguiram eleger 123 deputados dos 350, porém, novamente sem capacidade para formar o governo.

Após os partidos da direita (Ciudadanos, Partido Popular) e da extrema direita (Vox) terem anunciado que votarão contra a formação de um governo socialista, o PSOE passou a necessitar o apoio do Podemos (que elegeu 42 deputados) e de forças regionais de esquerda para garantir a recondução do mandato de Sánchez.

O impasse entre Pedro Sánchez e Pablo Iglesias ocorre sobre a participação do PODEMOS no governo. O partido exige a formação de um governo de coligação, que inclua seus quadros como ministros, mas o PSOE recusa a possibilidade de incluir dirigentes do PODEMOS no executivo.

Na última sexta (12), o PSOE se dispôs a ceder cargos ministeriais ao PODEMOS, desde que os ministros tivessem um perfil “técnico e não político”. O anúncio fez o PODEMOS convocar, para a próxima quinta (18), um referendo interno. Cerca de 190 mil pessoas deverão votar sobre como o PODEMOS se posicionará nesta discussão: se deve exigir um governo de coligação com representação proporcional aos votos que teve; ou se apoiará um governo exclusivamente do PSOE.

Para Sánchez, o referendo interno é uma forma mascarada, uma estratégia para o PODEMOS se justificar com seu eleitorado na participação de um governo do imperialismo. Na Cadena Ser desta segunda (15), Sánchez disse que Pablo Iglesias recusou “a incorporação de pessoas qualificadas da coligação Unidas Podemos no conselho de ministros” e continuou:

“É a primeira vez em 40 anos que o candidato a presidente do governo faz uma proposta deste tipo e recebe a resposta de que é uma idiotice. A sua consulta interna rompeu as negociações, porque vão usar esta consulta adulterada para justificar o seu não à investidura pela segunda vez.”

Essa briga entre PODEMOS (esquerda pequeno-burguesa) e PSOE (esquerda burguesa imperialista) reflete o aprofundamento geral da crise dos regimes “democráticos” da Europa. É uma luta entre quem administra melhor o Estado capitalista. O PODEMOS é como um segundo PSOE, sem o aparato e o apoio dos grandes capitalistas. No fim, mesmo que os dois cheguem a um acordo, o governo repetirá o que sempre foi o governo do PSOE, com intensas conciliações com a burguesia imperialista, reprimindo os povos que lutam por sua independência, como os catalães.

No entanto, há também a possibilidade de não ser formado governo, dado que sem o apoio do PODEMOS, o PSOE não conseguirá maioria, o que resultará no chamado de novas eleições legislativas. Rajoy caiu em 2018, o PSOE assumiu e após 8 meses convocou eleições, venceu e e corre o risco de não conseguir formar o governo, o que mostra o tamanho da crise política espanhola.

Quer entender melhor? o DCO acompanhou e analisou vários do principais acontecimentos da situação política na Espanha.

Em 15 de fevereiro, o DCO mostrou por que foram chamadas novas eleições. Espanha: em meio a profunda crise, Pedro Sánchez antecipa eleições

“O que havia desgastado muito o governo anterior foi a política de ataques à soberania do povo catalão, que entrou em um intenso processo de luta pela sua autonomia. O PSOE assumiu com a derrubada de Rajoy, o que fez com que os catalães colocassem esperança no novo governo. Com a aliança do PSOE com a direita imperialista e os fascistas contra o referendo pela autonomia da Catalunha. Os partidos catalães (PDeCAT e ERC), então, se colocaram contra o governo, enfraquecendo ainda mais o presidente já minoritário no parlamento, votando contra a aprovação do orçamento proposto pelo governo… A crise do governo, totalmente sem aliados, fez com que Sánchez chamasse novas eleições.”

Em 25 de abril, explicou-se a possibilidade de eleição do PSOE e as dificuldade que enfrentaria para formar o governo: Esquerda lidera as pesquisas na Espanha, mas teria dificuldade para formar um governo

“Em 2018 o governo direitista de Mariano Rajoy (PP) caiu devido a uma moção de censura (uma espécie de impeachment na Espanha), baseada em denúncias de corrupção e caixa 2, uma clara pressão do imperialismo para conter o problema da independência da Catalunha. A moção foi movida pelo PSOE, a esquerda burguesa, que chegou ao governo sem votos. Agora esta esquerda está para ganhar as eleições do próximo domingo, aparentemente com o apoio da burguesia, para tentar manter alguma estabilidade no regime. Uma forma de conter um outro fenômeno recente, a vitória da extrema-direita nas eleições regionais da Anadaluzia, um sintoma da crise e de seu aprofundamento.”

Também sobre opções de alianças que, segundo o jornal El País:

“Uma das melhores opções para o PSOE – formar uma aliança entre Unidas Podemos e Compromís e PNV, partidos com os quais já cogoverna na Comunidade Valenciana e no País Basco, respectivamente – o deixaria, segundo a pesquisa, às portas da maioria absoluta, com 170 cadeiras. Nessas circunstâncias, tem importância chave o resultado dos separatistas catalães – os possíveis aliados mais arriscados para Sánchez, em pleno desafio separatista e com a Catalunha transformada em pedra angular da oposição e da campanha da direita – e em especial do ERC, cujas boas perspectivas o estudo ratifica, segundo o qual passaria de suas nove cadeiras atuais para 13, claramente acima das cinco dos Junts per Catalunya.”

Em matéria de 30 de abril:

Espanha: ante o esgotamento do PP, burguesia escolhe o PSOE mas o fascismo ainda é uma alternativa

“Se a direita tivesse ganhado, abriria-se uma crise ainda maior em relação à Catalunha, mas também iniciaria uma grande desestabilização na unidade com os outros países oprimidos por Madri, sendo seguramente o principal foco de instabilidade para o governo da direita. Na Catalunha, a esquerda independentista foi a grande vencedora; no País Basco, PP, Ciudadanos e VOX não lograram um mísero assento; na Galiza, o PP teve uma queda considerável. Ficou demonstrado que a direita não tem apoio nessas regiões, bem como em outras regiões com movimentos de independência, como Valencia ou Andaluzia. Logo, a burguesia percebeu que, colocando a direita no governo, veria ameaçada mais do que nunca a unidade nacional, com risco de novos conflitos ainda mais radicais.”

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