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Direita impõe Comissão neoliberal, mas crise do imperialismo continua

Os capitalistas europeus estão empurrando candidatos do bloco neoliberal para dirigir os postos-chaves da União Europeia. Após vários dias de crise e deliberações, o representantes da aliança continental foram escolhidos, com uma vitória da direita tradicional e dos neoliberais. Mas nem tudo é um mar de rosas, como veremos adiante.

Para a presidência da Comissão Europeia, órgão que atua como executivo da UE, a direita indicou a atual ministra da Defesa da Alemanha, Ursula Von der Leyen. Ela é uma pessoa de confiança da chanceler Angela Merkel, participando de seu governo desde a década passada, como ministra da família e também do trabalho. Desta forma, a “executiva” da UE está sob as mãos da direita neoliberal, que procura manter os interesses do capital financeiro.

 

Crise

Ursula Von der Layen, capacho de Merkel

A discussão sobre o cargo gerou diversas crises, com longas negociações. O presidente francês, Emmanuel Macron, um dos principais expoentes do bloco neoliberal, opôs-se à indicação de Manfred Webber, inicialmente indicado pela Alemanha. Webber representa um setor mais direitista do bloco de Merkel, o Partido Popular Europeu. Um setor que ainda mantém boas relações com o primeiro-ministro húngaro Viktor Orban, que apresenta divergências graudas com o principal setor do imperialismo europeu, que levou-o a ser expulso do PPE. Desta forma, inicialmente, a indicação de Webber poderia ser uma manobra de Merkel para conter de forma momentânea a crise com a extrema-direita húngara, que lidera um dos maiores partidos da Europa.

Por isso, a indicação de Von der Leyen foi aprovada por Macron, que procura uma aliança com a ala esquerda do imperialismo europeu, os sociais-democratas, que mesmo assim não ficaram agradados com a indicação.

Os sociais-democratas queriam Frans Timmermans, do partido trabalhista holandês, que é o atual vice-presidente da Comissão. Os Verdes denunciaram que o acordo para colocar a alemã foi uma manobra feita à surdina, contra as discussões feitas pelos blocos.

Por isso, apesar da aliança do bloco de direita tradicional e os neoliberais de Macron, que são duas faces da mesma moeda, ainda terão de negociar com os outros partidos do parlamento da UE para impor a ministra de Merkel. Von der Leyen precisa de uma maioria absoluta do Parlamento, e provavelmente a direita terá de costurar com os Verdes e os Sociais-Democratas para conseguir mantê-la como presidente da Comissão Europeia, e assumir o lugar do atual, Jean-Claude Juncker.

 

Demagogia para manter a política de devastação neoliberal

Christina Lagarde e Ursula Von der Layen, as “empoderadas”

Para a liderança do Banco Central Europeu, a crise foi menor. Os franceses e alemães, países mais importantes da principal ala do imperialismo Europeu, realizaram um “toma-lá-dá-cá” para definir os cargos-chaves da UE. Os alemães definiram a presidente da Comissão, e os franceses a chefia do BCE. Macron indicou a atual diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, fortalecendo a manutenção da dominação política neoliberal na Europa.

A imprensa, obviamente, para disfarçar o fato de que os setores que sempre dominaram a UE continuarão governando, apresentou a indicação de duas mulheres como algo totalmente novo para o continente. A tentativa é de esconder a manutenção de uma política de devastação total, com desemprego e instabilidade econômica, que rege atualmente a Europa, através de uma campanha demagógica de exaltação da “igualdade de gênero”.

Lagarde também terá de ter a aprovação do Parlamento para conseguir o cargo.

 

Outros cargos

O fantoche Michel Charles

Na presidência do parlamento europeu, ganhou o italiano David Sassoli, do Partido Democrático Italiano. Um representante da esquerda neoliberal europeia. O PDI é provavelmente um dos partidos mais desmoralizados, assim como os socialistas franceses, pela política de atuação com a direita do imperialismo para levar adiante a política de destruição e ataques aos direitos da população.

Josep Borrell Fontelles

Já os membros do Conselho Europeu escolheram para a presidência do órgão, que atua em conjunto com a Comissão Europeia, o atual primeiro-ministro da Bélgica, Charles Michel, do Movimento Reformista, aliado tanto de Merkel quanto de Macron. Michel será um fantoche destes dois países, também no sentido de manter a política neoliberal. E, nesse caso, não precisa de votação no parlamento, sendo o presidente do Conselho Europeu escolhido pelo próprio Conselho. O cargo é uma forma de garantia, através de meios totalmente antidemocráticos, de que a política oficial do imperialismo será mantida.

Além desses, o ministro das Relações Exteriores da Espanha, Josep Borrell Fontelles (PSOE), foi indicado para o cargo de Alto Representante da União para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança, que ainda precisa da aprovação do Parlamento. Fontelles é outro homem de confiança do imperialismo, tendo sido presidente do Parlamento Europeu de 2004 a 2007. Ele é responsável pela política de agressão espanhola ao governo Venezuelano. A Espanha reconheceu o fascista e autoproclamado, Juan Guaidó, como presidente do país latino-americano, desrespeitando a soberania dos países da América do Sul. Por isso, também nesse quesito trata-se de um funcionário do capital financeiro.

 

Uma balcão de negócios neoliberal

O imperialismo, portanto, está impondo para a população europeia e mundial a manutenção da política falida que domina atualmente o continente. Porém, uma política falida, mesmo com artifícios, não se sustenta por muito tempo, como demonstra o governo brasileiro de Jair Bolsonaro, que na metade de seu primeiro ano de mandato, já está sofrendo uma das maiores crises políticas da história do país, com sua popularidade quase inexistente.

Desta forma, algo semelhante pode ocorrer na Europa. Como revelou o governo Macron, a continuação de uma mesma política falida gera rapidamente uma intensa crise política. Macron, por exemplo, procurou continuar com a política neoliberal dos governos anteriores, que caíram de podre, e foi abalado pela gigantesca crise dos coletes amarelos, que quase derrubou o governo antes do final do mandato. Por isso, os neoliberais talvez consigam impor seus funcionários, mas a crise do imperialismo continua.

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