Na última semana, alguns dos setores mais direitistas da esquerda burguesa e pequeno burguesa deram mais uma demonstração da enorme confusão que os domina e do claro aprofundamento da política reacionária e fracassada que adotam há anos, que de nada serviu para par impulsionar a mobilização dos trabalhadores para enfrentar os brutais ataques sofridos nos últimos anos. Ou seja, insistem em uma política de derrotas depois de uma série de derrotas dessa política.
Em um ato na PUC, a direção do PCdoB, junto com alguns dirigentes do PT e de alguns outros setores da esquerda burguesa, se juntaram com notórios líderes do golpe de Estado, como o ex-presidente FHC, o ex-prefeito de São Paulo, ex-ministro de Temer e presidente do PSD, Gilberto Kassab, o ex-governador e senador que relatou o impeachment de Dilma no Senado, Antônio Anastasia (PSDB-MG) e o presidente licenciado da Força Sindical e do partido Solidariedade, “Paulinho da Força”, entre muitos outros, para lançar o Movimento Direitos Já, que o PCdoB, apresentou como sendo um sinal do avanço da política de “frente ampla”.
Os esquerdistas presentes apenas ofereceram um limitado aval, uma cobertura parcial e insuficiente de esquerda, para uma operação que representa uma tentativa do centro falido da burguesia, amplamente repudiado pelas massas, de se recompor. Para essa tarefa buscam a colaboração decisiva de setores da esquerda que se apressam em apresentar essa manobra como uma saída “progressista” ou até mesmo de “esquerda”.
A esquerda adota essa política, não apenas em atos e discursos, mas também quando age de forma concreta em favor dos interesses do grande capital que esse “centro” representa. Dentre outras medidas ajudando a fortalecer o próprio “centrão”, apoiando a eleição e reeleição de Rodrigo Maia (DEM) para a presidência da Câmara dos Deputado, a quem Bolsonaro classificou como “o general da reforma da Previdência”(que também foi convidado para o ato e não compareceu); votando questões caras à direita e ao imperialismo como a entrega da base de Alcântara, no Maranhão, para os EUA (apoiada pelo PCdoB, PSB e PDT); convocando o povo a usar nas manifestações as cores dos atos da direita, como fez a direção da UNE (PCdoB), antes do próprio Bolsonaro chamar seus apoiadores a saírem às ruas de verde e amarelo, nesse 7 de setembro. Isso sem falar no acordo de setores dessa mesma esquerda que estão apoiando a aprovação da reforma da Previdência no Senado, para ampliar o seu raio de ataque e atingir também os milhões de servidores públicos de Estados e Municípios.
Isso tudo, no exato momento em que setores da burguesia cogitam sobre a continuidade ou substituição de Bolsonaro e quando os setores da burguesia que se atritam com Bolsonaro e buscam a cobertura dessa esquerda, procuram construir uma “alternativa” que mantenha intacto aspectos centrais do regime golpista como as condenações da criminosa operação Lava Jato e suas condenações contra Lula, os ataques aos trabalhadores etc.
Trata-se de uma política em toda linha reacionária que visa criar a ilusão de que está se constituindo um movimento de defesa de direitos, feito por alguns dos maiores responsáveis pela cassação de direitos e pelo apoio a todo tipo de arbitrariedade contra os trabalhadores e da juventude e contra os direitos democráticos do povo, que procura evitar que haja uma mobilização real contra o governo ilegítimo de Bolsonaro e todos os golpistas.
Além de denunciar, é preciso impulsionar a superação dessa política pelos ativistas classistas e organizações de luta dos explorados, por meio de uma mobilização real, por reivindicações concretas, capazes de unificar a luta dos trabalhadores e da juventude, de apresentar uma alternativa próprias destes contra todas as frações da direita golpistas: a luta pelo fora Bolsonaro e por todos os golpistas, pela anulação da lava jato e imediata libertação de Lula, convocação de novas eleições – livres e democráticas, com Lula candidato.
Estas reivindicações, como qualquer outra que seja fundamental para a maioria do povo brasileiro, não podem ser conquistadas por meio de um acordo com os golpistas, através da capitulação diante da burguesia e dos seus partidos, mas apenas por meio da mobilização nas ruas.
Nessa perspectiva, a mobilização, em Curitiba, no próximo dia 14, tem um papel importante, no sentido de apontar uma perspectiva independente, revolucionária diante da situação, unificando os setores que são parte da fundamental nessa luta que se desenvolve em todo o País.