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Uma frente contra a esquerda

Na PUC, uma convenção de vampiros, com FHC, Kassab, Ciro, Novo e Cia.

Ato reuniu a nata dos golpistas com apoio do DEM, Podemos, PTB e outros e discursos de defensores da política de Bolsonaro contra os trabalhadores e da prisão de Lula

Bastou que a apresentadora pedisse que todos se acomodasse em seus lugares no Tuca (Tetro da Universidade Católica de São Paulo), nessa segunda (dia 2), para que alguns poucos presentes procurassem puxar a palavra de ordem mais popular do País, presente em todos os fóruns da esquerda, de defesa dos direitos democráticos, de luta real contra os ataques do governo ilegítimo Jair Bolsonaro: “Lula Livre”. Diferentemente de todos esses outros fóruns o grito não ecoou, expressando a oposição que a imensa maioria dos presentes fazem a essa questão fundamental na situação politica, diante da qual a maioria dos partidos e dirigentes organizadores do encontro concordam com a direita bolsonarista: “Lula preso”.

Nas pouco mais de duas horas seguintes do ato de lançamento do Movimento Direitos Já!, houve novas tentativas vindas do plenário, mas ficou evidente de que havia um pacto entre a maioria dos dirigentes presentes de que o nome de Lula e a defesa de sua liberdade eram causas malditas e o nome do ex-presidente foi destacado apenas uma vez, de forma cuidadosa, pelo governador do Maranhão, Flávio Dino (PCoB), que não condenou a criminosa operação Lava Jato defendendo a anulação de seus processos, não defendeu a libertação imediata de Lula, mas apenas assinalou que Lula “não teve um julgamento justo”, mas que isso “não deveria separar os que participavam daquele ato”, afinal não é tão importante assim.

O Movimento divulgou ter a adesão de pessoas de 16 partidos, incluídos partidos que participaram diretamente do golpe de Estado que derrubou Dilma e a prisão de Lula, como o PSDB, DEM, Podemos, Solidariedade, PPS/Cidadania, PSD, PV, PSB, PDT, PR, PROS e Rede, aos quais se somaram outros para aprovar toda a politica de cassação de direitos dos trabalhadores, como na recente votação da “reforma” da Previdência, como o ultra reacionário partido de banqueiros, o Novo.

No exato momento em que setores da burguesia cogitam sobre a continuidade ou substituição de Bolsonaro, setores da própria direita golpista, que impulsionaram a derrubada da presidenta Dilma Rousseff, apoiaram a criminosa operação Lava Jato para perseguir, condenar e prender o ex-presidente Lula, contaram nessa empreitada que visa reabilitar o prestígio destruído desses partidos inimigos do povo brasileiro com a vergonhosa colaboração de partidos atingidos pelo golpe e que se reivindicam como sendo partidos de esquerda e de defesa dos interesses dos trabalhadores, como o PT, PCdoB e PSOL.

No ato, dominado por figuras direitistas, não faltaram discursos de notórios executores e defensores da política de cassação de direitos do povo trabalhador, como do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), que encerrou o ato, do ex-prefeito de São Paulo e ex-ministro de Temer, Gilberto Kassab (PSD), de Antônio Anastasia (PSDB), ex-governador de Minas Gerais (PSDB) – os três por meio de vídeo – do ultra pelego e presidente do Solidariedade, deputado “Paulinho da Força”, também licenciado da Força Sindical (que defendeu o STF) ou ainda do deputado federal José Nelto, líder do direitista Podemos na Câmara, de Goiás, onde seu partido integra o governo do tradicional dirigente da UDR, organização de perseguição e extermínio de sem terras, Ronaldo Caiado (DEM), entre outros.  “Tutti buona gente“!

Não compareceu, mas foi convidado, o próprio presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), segundo Bolsonaro, o “general da reforma da Previdência”. Um verdadeiro circo dos horrores.

O evento no teatro da PUC foi anunciado pelos seus entusiastas como o primeiro de uma série e, segundo o PCdoB,  “A Frente Ampla avança com o lançamento do manifesto ‘Direitos Já'”. O mesmo partido que, junto com outros setores da esquerda burguesa e pequeno burguesa, obstaculizaram a realização do Congresso do Povo, defendido pela Frente Brasil Popular, deixou ainda mais claro seu compromisso, junto com outros setores reacionários da esquerda, de realizar o mini-congresso com setores da burguesia para deliberar um plano de salvação dos capitalistas e dos seus partidos diante da crise.

Como divulgou a imprensa burguesa, algumas “lideranças nacionais do PT e PSDB, no entanto, não compareceram ao evento, por divergências internas, apesar de integrantes dos dois partidos terem aderido ao movimento“, evidenciando a pressão das bases do PT, na semana da realização de suas convenções em todo o País, contra essa frente e contra o acordo com setores direitistas em torno do abandono da defesa da liberdade de Lula. O PT foi representado pelo vereador Eduardo Suplicy, que falou no ato – e por outros dirigentes de menor envergadura. A organização do encontro, saudou a colaboração de petistas como Fernando Haddad e Aloísio Mercadante.

Como não poderia deixar de ser, nessa verdadeira convenção de abutres do povo brasileiro – à qual não  poderiam ter comparecido representantes dos trabalhadores  como o presidente da CUT, Vagner Freitas – não faltaram estelionatários políticos que buscam se passar por representantes da esquerda, como o ex-presidenciável do PDT, Ciro Gomes, do “Lula, tá preso, babaca“, entre outras pérolas de ataque aos petistas e a toda esquerda.

O ato lançou um manifesto que, nem de longe, toca na necessidade de se opor, substituir ou levar adiante qualquer luta contra Bolsonaro (já que está integrado por inúmeros apoiadores de sua política contra o povo brasileiro) e não menciona nenhum “direito” que deveria ser defendido, uma vez que a maioria dos seus signatários é a favor do fim das aposentadorias, da eliminação da CLT (“reforma” trabalhista) etc.

É uma política em toda linha reacionária que visa criar a ilusão de que está se constituindo um movimento de defesa de direitos, feito por alguns dos maiores responsáveis pela cassação de direitos e pelo apoio a todo tipo de arbitrariedade contra os trabalhadores e da juventude e contra os direitos democráticos do povo, que procura evitar que haja uma mobilização real contra o governo ilegítimo de Bolsonaro e todos os golpistas.

Essa frente precisa ser denunciada e superada pelos ativistas classistas e organizações de luta dos explorados, por meio de uma mobilização real, pelo fora Bolsonaro, por novas eleições – livres e democráticas -, pela anulação da criminosa prisão de Lula.

 

Leia abaixo a íntegra do Manifesto:

Direitos Já – Fórum pela Democracia

O Brasil vem enfrentando nos últimos anos uma explosiva combinação de crises econômicas, fiscais, éticas e de representatividade. O resultado é um sentimento de desesperança e descrédito nas instituições e valores democráticos. A classe política é vista como parte do problema, e não da solução.

Na ânsia de virar a página da recessão, desemprego, violência e escândalos bilionários de corrupção, a sociedade brasileira foi manipulada por notícias falsas, demonização de pautas identitárias e movimentos sociais, e pela promessa de soluções fáceis, rápidas e definitivas.

As eleições de 2018 foram marcadas pela ascensão política de um discurso ultranacionalista, religiosamente fundamentalista, de ataque a instituições e segmentos sociais. Ao atacar a complexidade dos processos político e social do país, e rotulá-las como origem dos problemas do Brasil, as forças vencedoras do pleito, paradoxalmente, atacam a própria democracia e a legitimidade dos anseios de parcelas da população.

Em 1988, com os horrores do Estado de Exceção da Ditadura Militar frescos na memória, o povo brasileiro escolheu o caminho de uma Constituição Cidadã, que preconiza a justiça social, o acesso universal aos direitos fundamentais e à proteção contra as diversas formas de opressão. Hoje, aqueles que estão no poder tentam reescrever a nossa História. Tanto negando os malefícios dos Anos de Chumbo, quanto relativizando ou mesmo atacando garantias e direitos constitucionais conquistados pelo povo brasileiro.

Em nome de valores morais submissores e de um desenvolvimento econômico excludente, estão sob ataque os direitos humanos e trabalhistas, a pluralidade de pensamentos, liberdade de imprensa, de cátedra e de crença, o conhecimento científico, o meio ambiente e até mesmo a tradição diplomática brasileira. Os impactos serão diretamente sentidos pelos segmentos mais vulneráveis e, em alguns casos, com efeitos nocivos que durarão gerações.

O momento exige união e vigilância constante. É preciso que as forças democráticas do país superem suas diferenças programáticas e estejam conectadas e engajadas em torno de uma pauta comum: a defesa irrevogável dos direitos conquistados pela população brasileira.

Com este objetivo nasce o Direitos Já – Fórum pela Democracia, uma iniciativa suprapartidária, plural e aberta a todas e todos, pessoas e instituições, que desejam se engajar na vigilância e defesa da nossa democracia.

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