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Imigração nos EUA

Biden reabre campos de concentração de crianças

Apesar das inúmeras promessas de campanha, Biden continua a política reacionária implantada nos governos Obama e Trump em relação a imigração no país

Como já denunciado diversas vezes neste Diário, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, mostra mais uma vez o caráter imperialista de sua política. A bola da vez foi reabrir um dos campos de concentração que abrigava imigrantes menores de idade.

Localizado em Carrizo Springs, Texas, o “centro de detenção para crianças imigrantes” foi aberto durante o governo Trump em 2019, mas fechou em cerca de um mês. Ele agora está sendo reaberto e se espera que cerca de 700 crianças entre 13 e 17 anos sejam abrigadas no local.

Dois fatores são alegados para justificar tal política: que outras instalações voltadas para crianças imigrantes tiveram sua capacidade reduzida por conta da pandemia do coronavírus e que o número de imigrantes menores de idade desacompanhados que entraram nos EUA vem crescendo, com um total de 5.700 detenções registradas — o maior número do período nos últimos anos.

A propaganda é que, diferentemente de Trump, Biden implantaria um “aprisionamento gentil e humanitário, focado no bem-estar das crianças”. Só tentam encobrir o fato de que as crianças estão proibidas de sair do local. Como era de se esperar, o ato gerou inquietações dentro da comunidade de ativistas pelos direitos humanos do país inteiro, com acusações de insalubridade, alto custo e falta de transparência nesses campos em geral. Um fato curioso é que foi anunciado que as operações no campo serão baseadas num sistema de gestão de emergência federal, onde os trailers nos quais serão abrigados os imigrantes são nomeados com nomes como Alpha, Charlie e Echo, regularmente usados em ações de detenção militar — “Echo”, por exemplo, é o nome do campo na Prisão da Baía de Guantánamo que abriga os prisioneiro s que “não podem ser misturados com outros”.

O sítio Borderreport.com, que monitora e conta a história de pessoas que vivem na fronteira dos EUA com o México, contatou oficiais do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos EUA para confirmar que testes para COVID-19 seriam disponibilizados para todos os envolvidos no campo, porém não obteve resposta direta. É dito que as crianças serão testadas e cumprirão um período de quarentena, mas não existe nenhuma declaração sobre os agentes que ficarão no campo.

Outro ponto são as próprias leis e acordos estadunidenses. Um acordo chamado de Flores Settlement Agreement estabelece que, em casos de emergência (a exemplo da própria pandemia), imigrantes menores de idade desacompanhados podem ser mantidos sob custódia do governo federal por até 20 dias — após isso precisam ser transferidos para um local não-guardado (onde elas tenham liberdade de sair, por exemplo) e licenciado. O campo em Carrizo Springs, entretanto, poderá manter os menores por até 30 dias, considerando ainda que é um campo guardado (as crianças não poderão sair) e não-licenciado pelo governo do Texas. Até mesmo o custo de mantimento das crianças é mais alto: $775 por dia e por criança em Carrizo Springs em comparação com $290 em instalações voltadas para essa atividade.

As políticas de imigração do governo Trump são bem conhecidas: enjaulamentos, violência física e sexual, insalubridade, etc. Houve relatos de que as crianças viviam sob uma rígida disciplina, sendo proibidas até mesmo de chorar. Os protestos contra a reabertura do campo foram justamente pelo medo da repetição ou de algo ainda pior, com diversas afirmações de que Biden estaria indo para o lado contrário de tudo que havia prometido durante sua campanha.

É importante lembrar, porém, que essa política surgiu justamente durante o governo Obama, da qual Joe Biden era vice. Não a de detenção de crianças pelo Estado, mas a de enjaulamento dessas — e também de insalubridade, violências física e sexual. Quando a polêmica explodiu, as autoridades americanas jogaram a culpa no México, afirmando que o país precisava controlar melhor a emigração de menores desacompanhados caso não quisesse causar uma crise humanitária. 

Outro fato interessante foi o apelidado ganhado por Obama de autoridades latinas, o “deportador-chefe”, atribuído por ser, até então, o presidente dos EUA que mais deportou pessoas ao seu país de origem.

Contudo, a política demagógica funcionou com a esquerda pequeno-burguesa estadunidense e logo em seguida com a brasileira. Foi restabelecida, assim como nas eleições presidenciais em 2018, a luta do “bem contra o mal”, da “civilização contra a barbárie”, da “democracia contra o facismo”, etc. A classe média histérica começa a esbravejar sobre conceitos abstratos como democracia e justiça até ser confrontada por todas as atrocidades cometidas por Biden. É aí que nos deparamos com o argumento do “mal menor”.

Um caso interessante foi quando denúncias de assédio sexual e até de estupro por parte de Biden vieram a público. Em vez da histeria habitual já esperada da esquerda pequeno-burguesa, o que vimos foi um silêncio absoluto até alguém decidir se pronunciar, afirmando que isso era “algo menor” em comparação com a eleição; um indício de que a esquerda é completamente domesticada pelo imperialismo e que a política identitária também é controlada por esse.

Até mesmo o argumento de que “o passado deve ficar para trás” não é mais válido: ao se tratar da política aplicada por Biden durante seu mandato, até bombardeio a país africano já ocorreu! Isso tudo é apenas uma aplicação da política imperialista que já estava explícita mesmo com as tentativas de mascaramento da imprensa burguesa, e que foi ignorada sob pretexto de um “mal menor”.

A mesma política — e o fato de que a esquerda pequeno-burguesa realmente não aprende com seus erros, até porque “aprender” implica “reconhecer” — foi utilizada não muito tempo depois das eleições americanas, nas eleições da Câmara e do Senado brasileiro: com a política do “mal menor” a esquerda apoiou Mussolini contra Hitler e, posteriormente, Hitler contra Mussolini.

A política do mal menor culmina na política da frente ampla. São inseparáveis. Uma aliança com a direita golpista é feita para combater o “mal maior” com o uso do “mal menor”. É apoiar o sujo contra o mal lavado, quando os dois, na realidade, trabalham pura e simplesmente contra a população e em prol da burguesia. 

Tudo isso, no final das contas, prova que a esquerda pequeno-burguesa é cúmplice de todas as atrocidades cometidas pelo imperialismo, incluindo um campo de concentração infantil. Biden é tão fascista quanto Trump e isso é cada dia mais evidente para toda e qualquer pessoa que queira ver.

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