Ao longo da história, as maiores economias do mundo têm desenvolvido seu capitalismo em cima da exploração quase que colonial de países atrasados. Antigamente, esse abuso era feito por meio de uma ocupação física, direta, na qual a metrópole cooptava por completo a economia da colônia. Todavia, atualmente, o roubo é feito de forma muito mais discreta.
Com o avanço do imperialismo, sistema que representa o suprassumo da decadência capitalista, utilizam-se meios ”democráticos”, “legais” e até mesmo “diplomáticos” para assegurar que a exploração vindoura das grandes potências não tenha fim. O imperialismo engendra estruturas para que consiga legitimar a sua ação sobre a periferia do capitalismo, viabilizando a exploração de suas economias e de seus recursos naturais. O FMI (Fundo Monetário Internacional) e o Banco Mundial estão entre os principais representantes desses mecanismos, fato que se comprova ainda mais com os acontecimentos desta semana.
A poucos dias atrás, a vice-presidente da Venezuela, Delcy Rodríguez, divulgou gravações nas quais José Ignacio Hernández, ex-procurador geral da administração ilegítima de Juan Guaidó, admite ter se aliado ao presidente do Banco Mundial e da Ciadi, David Malpass, para promover avanços contra o governo de Maduro. Segundo Hernández, esses órgãos teriam auxiliado o governo provisório a boicotar a participação de Maduro em arbitragens que dizem respeito ao controle de empresas de petróleo por parte da Venezuela.
Frente à publicação dessas gravações, Hernández anunciou sua saída do cargo, alegando que já era algo planejado e que as denúncias de Delcy somente adiantaram seus planos. Entretanto, continuará fazendo parte da milícia de Guaidó, atuando, principalmente, como advogado de defesa. Ademais, o governo “legítimo” emitiu uma nota sobre o assunto, na qual acusa o governo da Venezuela de roubar a população e o petróleo do país.
Deve ficar bem claro que a acusação de Guaidó não passa de uma grande piada. Afinal de contas, ele é o representante do imperialismo que procura submeter a Venezuela às ações, acima de tudo, dos Estados Unidos. No final, está falando de si mesmo quando alega roubos à população venezuelana. É ele quem quer transformar o país num verdadeiro posto avançado dos Estados Unidos, cedendo sua economia por inteiro aos norte-americanos.
David Malpass e a defesa dos interesses do imperialismo
Dentro deste escândalo, surge o protagonismo de David Malpass, presidente do Banco Mundial e da Ciadi. Precisamos perscrutar melhor quem, de fato, ele é. Acima de tudo, é mais um carrasco do imperialismo, principalmente pelo fato de que foi subsecretário do Tesouro para Assuntos Internacionais de Donald Trump.
Em sua administração, Malpass defendeu e promoveu com unhas e dentes as sanções criminosas instituídas contra a Venezuela por parte do governo de Trump. Além disso, ao tomar posse de seu cargo no Banco Mundial, impulsionou a política sancionatória dos Estados Unidos, utilizando o aparato da instituição para garantir o cumprimento de tais medidas e, acima de tudo, controlar as relações comerciais da Venezuela com outros países.
Nas denúncias feita por Delcy, como prova dos interesses por trás da política de Malpass e, por conseguinte, do Banco Mundial, foram citadas algumas empresas venezuelanas sobre as quais instituiu-se as medidas coercitivas da política imperialista dos Estados Unidos. Dentre elas, vale citar os 72 funcionários do governo venezuelano, a moeda digital Petro, a empresa de extração de ouro Minerven, o banco nacional de desenvolvimento econômico e social Bandes e, destacadamente, a companhia venezuelana de extração de petróleo PDVSA.
Com isso, fica evidente que toda a política de Guaidó gira em torno de pautas do empresariado mundial. Acima de tudo, desenvolve alianças com instituições genuinamente imperialistas, por mais que isso resulte em consideráveis prejuízos à Venezuela. Ademais, fica claro quem de fato controla o Banco Mundial e qual o seu papel dentro da economia global. É uma instituição completamente à mercê do imperialismo que promove avanços ferrenhos contra o governo de Maduro. No fim, é uma máquina que foca todos os seus esforços em promover o neoliberalismo e infectar toda e qualquer nação com preceitos econômicos efetivamente decadentes.
Nesse sentido, é imprescindível que o governo de Maduro tenha total apoio ao expulsar tais forças imperialistas do território venezuelano. Ademais, é dever das liderançãs ditas esquerdistas promoverem verdadeiros levantes populares contra o imperialismo. Afinal de contas, a dominação da Venezuela marca um enorme precedente para a invasão norte-americanos de outros países. Se vacilarmos, cairemos na armadilha dos Estados Unidos e, cada vez mais, a classe trabalhadora será dominada por uma exploração verdadeiramente doentia. Quantas vidas precisarão ser ceifadas para que finalmente isso acabe?