Nessa semana o candidato à prefeitura do Rio de Janeiro Eduardo Paes (DEM), que se lança através de um partido que é fruto direto da ditadura militar, soltou uma declaração que esclarece objetivamente o caráter da “frente ampla” e unidade que a esquerda pequeno-burguesa busca com setores da direita com o pretexto falso da “luta contra a extrema-direita”. O pré-candidato declarou que se esquiva de criticar o governo ilegítimo de Jair Bolsonaro por conta dos votos de conservadores evangélicos que ele pode perder.
Primeiro, é importante deixar claro o que significa a candidatura de Eduardo Paes no Rio de Janeiro. Essa candidatura é o resultado de uma manobra capituladora da esquerda parlamentar com a direita tradicional, o dito “centro” do regime político. Principalmente, manobra feita pelo PSOL-RJ em especial o dirigente do partido no RJ, o deputado federal Marcelo Freixo. Em nome da luta contra o fascismo, a extrema-direita, o bolsonarismo, etc. o ex-candidato a prefeitura pelo PSOL abandonou sua candidatura própria. E o que significa esse gesto? Significa buscar uma unidade… com a direita.
Com a direita porque ele não retirou sua candidatura para buscar uma aliança com a candidata do Partido dos Trabalhadores (PT), Benedita da Silva, que de longe é uma das figuras políticas mais populares do Rio de Janeiro. Que seria, nesse caso, uma frente eleitoral de esquerda. Independente do mérito da manobra, seria unificar os votos da esquerda contra a direita. Já o que está acontecendo, é unificar os votos da esquerda desorientada, pequeno-burguesa, com um candidato que é um golpista declarado. Inclusive, o fato dele pertencer ao DEM, o partido do Rodrigo Maia, talvez o maior defensor prático do “Fica Bolsonaro” da política nacional, visto que o Presidente da Câmera funciona como uma blindagem de qualquer tentativa de derrubar o governo.
É uma manobra espúria. É jogar areia nos eleitores da esquerda para jogarem toda militância desses partidos a reboque da direita golpista, que blinda Bolsonaro. Essa direita não tem nenhum interesse de derrubar Bolsonaro, pelo contrário, o seu interesse é mantê-lo lá. Paes não quer criticar o governo para desviar os votos “conservadores” e “evangélicos”, não há nada mais superficial que isso, ele não critica o governo por estar em completa aliança com o mesmo. Paes não faz oposição ao governo genocida de Bolsonaro por fazer parte do mesmo grupo político. É um reacionário do mesmo porte, com um pouco menos de coragem de dizer o que pensa.
É necessário denunciar essa manobra que é, nada mais nada menos, que uma tentativa grotesca de colocar a esquerda a reboque da direita golpista. Nada de aliança com o DEM, o PSBD, que são sustentáculos do governo fradulento de Bolsonaro! Fora todos os golpistas!