Neste exato momento em que esta matéria é escrita, o acampamento do MST, Quilombola Campo Grande, sofre uma tentativa de despejo realizada pela PM fascista do governador mineiro Romeu Zema (partido NOVO).
São mais de 450 famílias: crianças, idosos, mulheres trabalhadoras e trabalhadores do campo. Alí, na cidade de Campo do Meio (MG), são produzidos diversos alimentos, e, principalmente, o café: são 510 toneladas de café que há 20 anos pelo agricultores sem-terra, que têm ali investidos 20 milhões em infraestrutura ao longo dos anos.
A PM havia tentado nesta quarta (12) o despejo, e Zema havia mentido na sua rede social que havia cancelado a reintegração de posse. Uma reunião de 65 deputados junto com a Comissão Nacional de Direitos Humanos (CNDH) enviaram um ofício a Zema para tratar da reintegração de posse. O governador postou no Twitter mensagem dizendo que a Secretaria de Desenvolvimento Social havia solicitado a suspensão de cumprimento de ordem judicial para reintegração de posse durante a pandemia. Depois, faz uma nova postagem se desdizendo, reafirmando que a PM cumpria ordem judicial dada pelo juiz da Comarca de Campo do Meio.
A manobra de Zema foi uma tentativa de desmobilizar a luta contra o despejo covarde feito pelo governador bolsonarista. A PM já havia na semana passada invadido o acampamento e desmontado a escola Popular Eduardo Galeano, que oferece educação popular aos jovens, às crianças e adultos.
Essas terras interessam diretamente à empresa Jadil, pertencente ao empresário João Faria, maior produtor individual de café do mundo, que vende, inclusive, para a suíça Nestlé. “Ele é quem financia esse conflito e quem financia a não resolução desse conflito por outros meios (não judiciais). A usina está falida, está transitado em julgado, mas ele defende que ela pode ser recuperada”, explicou a coordenadora do MST Tuira Tule.
O fato é, que a mentira não fez com que a PM arredasse o pé do local; permaneceram ali a noite toda e tentam agora retirar as 450 famílias do Quilombo a base da violência e covardia. Violência esta que só aumentou desde o período do golpe contra a presidenta Dilma Roussef, e se aprofundou nos períodos posteriores dos governos golpistas Michel Temer, e principalmente, Jair Bolsonaro.
É necessário denunciar e mobilizar pela autodefesa das organizações populares do campo contra o genocídio promovido pelo Estado, dos governos bolsonaristas de Zema e do governo federal, que têm perseguido, expulsado e assassinado os campesinos, quilombolas, indígenas e sem-terras, em favor de latifundiários da burguesia.