O Washington Post apagou uma matéria na qual apresentava uma “piada” feita por Kamala Harris e sua irmã, Maya, em 2019, em meio à campanha dos pré-candidatos democratas à eleição para presidente os EUA.
A piada demonstrava de maneira mais acabada o lado sombrio da agora vice-presidente enquanto ela era promotora dos Estados Unidos. A conversa das irmãs no Twitter comparava a campanha presidencial de Kamala Harris com um prisioneiro que, com fome e sede, pedia água e comida aos guardas, “como em um livro de Dickens”.
O que por si só já poderia ser uma piada feita somente por um direitista descarado que não dá a mínima para as condições da população pobre nas cadeias, fica ainda pior quando lembramos do histórico de Kamala Harris enquanto promotora. Como bem lembrou a jornalista Helen Buyniski em uma matéria escrita para a RT, Harris foi uma das pessoas que mais jogou pobres atrás das grades, que mais se empenhou em acobertar policiais corruptos, que jogou mães pobres de crianças que fugiam da escola na cadeia e que, pasmem, manteve prisioneiros não violentos presos mesmo após a data para sua liberdade para que eles servissem como mão de obra barata apagando incêndios florestais.
Buyniski também argumenta em sua matéria que de todas as coisas que Harris têm feito publicamente nos últimos anos, a conversa com sua irmã é a mais autêntica eu que melhor revela sua verdadeira face, já que o que vem sendo pintado pela imprensa imperialista é uma completa invenção para agradar a esquerda pequeno-burguesa indenitária, com notícias sobre suas roupas e seu cabelo.
A conversa entre as irmãs Harris também é mais próxima da realidade do que as mentiras ditas por Kamala, como o que ocorreu no final do ano passado, quando Harris disse que tinha memórias de sua época de criança, quando celebrava o feriado pan-africano Kwanzaa, feriado este que era já comemorado por gerações dentro de sua família. Acontece que ela nasceu em 1964 e o feriado começou a ser celebrado em 1966, não dando tempo para que sua família tivesse o celebrado por inúmeras gerações.
Tudo isso só serve para demonstrar como a imprensa imperialista tem contribuído para criar uma imagem completamente falsa de Kamala Harris, escondendo as atrocidades por ela cometidas enquanto trabalhava no sistema de justiça dos EUA e inventando uma figura progressista, que sente orgulho em ser negra e que luta contra a opressão sobre os negros e as mulheres. O Washington Post fez questão de contribuir para apagar os podres mais aparentes da história de Harris, apesar de acabar colocando a matéria de volta assim que foi descoberto. As conversas de Harris também haviam sido deletadas.
Kamala Harris é uma direitista e, junto de Biden, lutará para que a opressão sobre milhões de pessoas de todo o mundo se intensifique, incluindo a opressão sobre os negros norte-americanos, os negros da América Latina e os negros africanos, vistos como colonizados pelo governo dos EUA.
Apesar de todo o histórico da vice-presidente, a esquerda pequeno-burguesa insiste em apoiar o novo governo norte-americano por conta do “mal maior” Donald Trump, utilizado como espantalho para assegurar que pessoas de setores ainda piores que o dele fossem eleitas nos EUA.
Pior, agora a esquerda pequeno-burguesa apoia, inclusive, a censura e a opressão contra esse mesmo espantalho, permitindo que monopólios como os do Twitter e do Facebook, além de outros como os da CNN, determinem o que pode ou não ser dito nas redes sociais, além de permitir que cidades sejam todas sitiadas nos EUA, como é o caso de Washington, por tropas da Guarda Nacional, como proteção a supostos ataques terroristas domésticos que nada mais eram do que manifestações comuns, por mais direitistas que fossem.
Sendo assim, fica claro mais uma vez como as chamadas políticas indenitárias nada têm de progressistas e servem somente para tentar desorganizar os movimentos de esquerda, além de apoiar a direita que é contra os negros, as mulheres e a população LGBT, desde que isso apareça na imprensa imperialista como sendo algo bom.
Não é possível apoiar alguém como Harris e querer que, ao mesmo tempo, as condições da população negra e das mulheres no geral mudem.
É preciso que a esquerda tenha uma política de completa independência frente a todos os setores da burguesia e invista em uma luta própria, sem se pautar por aquilo que é propagandeado pela imprensa burguesa, além de construir veículos próprios como ferramentas de luta.