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"PT nunca mais"

“Vou a Paris”: Ciro se apresenta como opção da direita golpista

Sob a palavra de ordem coxinha e bolsonarista de “PT nunca mais”, Gomes busca ser o candidato da direita golpista em 2022, mas caso não dê, apoiará Bolsonaro de novo

Em entrevista ao jornal burguês O Globo, o abutre pré-candidato a presidente, Ciro Gomes, afirmou que viajaria a Paris num 2º turno entre Lula e Bolsonaro, em 2022, com mais convicção do que fez em 2018. Na entrevista ele volta a atacar o ex-presidente e a proferir mantras coxinhas e bolsonaristas como “PT nunca mais”, mostrando claramente sua articulação para ser o candidato a presidente da direita golpista nas eleições do ano que vem.

Num dos pontos chave da entrevista, o pedetista foi perguntado se tinha arrependimento de ter fugido para Paris durante a disputa contra Bolsonaro, no 2º turno em 2018. Ele então respondeu:

“Pelo contrário. Eu faria hoje com muito mais convicção. Em 2018, fiz com grande angústia. Aquela eleição já estava perdida. Mesmo somando meus votos com os do Haddad, não alcançaríamos Bolsonaro. Lula mentiu para o povo dizendo que era candidato quando todos sabiam que não seria. Manipulou até 22 dias antes da eleição, deixando parte da população excitada.”

Num cinismo sem limites, Ciro Gomes culpa o ex-presidente Lula, que foi preso e cassado pelos golpistas, que o tiraram da eleição de forma fraudulenta para eleger Bolsonaro! Não tem nada de angústia, como este Diário procurou esclarecer durante todo o ano de 2018, as eleições presidenciais não era um problema eleitoral, mas sim o problema da luta entre os golpistas (Bolsonaro, a direita, os capitalistas, a imprensa burguesa, os militares, o Judiciário, o regime de conjunto) vs a população, suas organizações de luta e a candidatura de Lula. Gomes não fez nada contra isso. Pelo contrário, deu um golpe para dividir os votos do PT e facilitar o caminho para a vitória de Bolsonaro.

Fez de tudo para que o PT o apoiasse e não lançasse Lula como candidato, mas na hora de apoiar o PT no segundo turno, fugiu para Paris enquanto seus cabos eleitorais e o aparato fisiológico do PDT apoiava Bolsonaro e a direita golpista, do PSDB ao PSD, como ele mesmo admite nesta entrevista ao Globo.

Sombra de Lula

Em outro momento da entrevista, o ex-ministro de Lula foi perguntado se “não teme que o ex-presidente concentre o apoio da esquerda e do centro, reduzindo o seu tempo de TV e palanques regionais?”

Ele então novamente atacou Lula, “não tem nenhum tipo de escrúpulo ou limite”, disparou.

“Lula virou uma pessoa que, o que diz de manhã, já não serve de tarde. Está tomado de ódio. Tudo o que domina Lula hoje é a vontade de se vingar. Lula tem cinismo. A gente faz monitoramento de rede. Eles continuam atacando a mim e a outras pessoas na blogosfera. Lula dá a ordem, eles fazem. Se existe gabinete do ódio com Bolsonaro, com o PT é igualzinho.” (Ciro Gomes, em entrevista ao Globo)

Novamente ele acusa o PT e o ex-presidente de uma postura que na verdade é dele próprio. Quem acompanha as redes sociais sabe que durante as eleições de 2018 apareceram inúmeros robozinhos “ciristas”, que inclusive foram apelidados de “cirominions”, por atacarem Lula e o PT em todas as redes sociais de forma igualzinha a que o “bolsominions” faziam e fazem. Ou seja, tratava-se de um aparato de difamação organizado. Contra isso, o PT e Lula fizeram pouco ou quase nada.

Quando perguntado se “A volta de Lula ao cenário eleitoral e a provável polarização dele com Bolsonaro prejudicam as suas pretensões à Presidência”, ele disse:

“Não sei quem será o próximo presidente, mas estou seguro de que não vai ser Bolsonaro. Isso tem importância grande porque descomprime o eleitor. Parte do eleitorado vota no PT porque não quer Bolsonaro, ou no Bolsonaro porque não quer o PT. À medida em que Bolsonaro passe a aparecer como derrotado nas pesquisas, as pessoas vão tentar outra via. Trabalho por um cenário realista no qual Lula e eu estaremos no 2º turno, o que ofereceria ao povo debate de alto nível. E ainda admito a possibilidade de que Bolsonaro sequer esteja na disputa.”

Aqui fica claro que ele está aplicando exatamente a política da burguesia da “anti-polarização” Lula vs Bolsonaro, ou seja, a política da chamada “frente ampla”. A imprensa burguesa faz campanha diariamente contra a polarização política, seja nos jornais, nos telejornais, na internet, nas redes sociais. Ela precisa lutar contra a polarização porque é a única forma de abrir caminho, em meio aos polos (Lula e Bolsonaro), que neste momento atraem a maior parte dos eleitores. Ciro Gomes entende que dentro desta polarização sua candidatura não tem espaço e será diluída. Portanto, ele entrou de cabeça na campanha burguesa da luta contra a polarização.

Isto fica explícito quando ele é perguntado se “No manifesto dos presidenciáveis em defesa da democracia, ficou a impressão de que há chance de uma candidatura única envolvendo o senhor, Doria, Amoêdo, Eduardo Leite, Mandetta e Luciano Huck. Por outro lado, há muitas divergências programáticas entre os seis…” e responde:

“O ideal seria que todo mundo que acha que o lulopetismo e o bolsonarismo não prestam ao país fizesse enorme esforço de unificação para dar ao povo uma via alternativa concreta e produtiva que diminuísse o nível de ódio e paixão. Mas, realisticamente, não é provável. O centro do colapso está na economia, emprego, dívida pública, sistema tributário. E há um conjunto de respostas diferentes nas cabeças das pessoas que você citou. Mas demos um sinal. De que somos capazes de, apesar das diferenças, achar um ponto em comum: a defesa da democracia.”

Não é por acaso que Gomes na entrevista revela sua relação de amor antigo com o PSDB, o principal partido do golpe de Estado de 2016, dizendo que irá “propor, assim que houver maturidade”, uma aliança com os tucanos:

“…Vou conversar com o PSDB, que hoje tem problema interno que não vou interferir. A esmagadora maioria acha inconveniente a candidatura do Doria. Falo isso porque tenho relação íntima com muitos no PSDB, como o Tasso. Se o Doria insistir, vão lançar prévias com Eduardo Leite. O Eduardo Leite vencendo, o PSDB ficará mais flexível para compor. É remota a possibilidade de eu ter (como aliado) o PSDB, um partido que tem Fernando Henrique, que tem o governador de São Paulo… Conheço meu lugar, mas preciso sinalizar e vou chamar organicamente partidos como o PSDB para conversar.”

Mas não para por aí.

O abutre pedetista já falou também com o DEM, do qual “há conversa que já deu frutos”, segundo ele. Também falou com o PSD, do prefeito de Belo Horizonte, o empresário Alexandre Kalil, que irá apoiar no ano que vem ao governo de Minas Gerais. De acordo com o ex-ministro traíra:

“…a tática do PDT é agrupar PSB, PV, Rede, como fizemos em muitas cidades em 2020, e expandir aliança para a centro-direita com o DEM e o PSD. Muitas dessas conversas são conduzidas pelo (presidente do PDT) Carlos Lupi, único que fala 100% por mim.”

A polarização entre Lula e Bolsonaro restringiu a candidatura do “coronel” cearense à única possibilidade de se apresentar como uma opção para a direita tradicional. Como ele mesmo admite na entrevista, não há como ele enganar que é esquerdista, como fez em 2018, com Lula candidato. Neste sentido, as declarações são muito ilustrativas, pois expressam como a situação política vai revelando e escancarando cada vez mais como Ciro Gomes é, como sempre foi, um elemento de direita, ou seja, do bloco golpista!

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