O eleitorado do PSOL tradicionalmente é formado pela classe média, pela pequena-burguesia de esquerda. Esse fato pode ser comprovado ao avaliar a votação de seus principais líderes políticos. Marcelo Freixo, uma liderança nacional do partido, na última eleição em que concorreu a prefeito da cidade do Rio de Janeiro, em 2016, em que perdeu o pleito para Marcelo Crivella, seus votos concentraram-se na zona sul e nos bairros da classe média alta, perdendo para o bispo nos bairros operários. Guilherme Boulos, candidato do PSOL à prefeitura de São Paulo nas eleições que correm, tem exatamente o mesmo perfil, seu eleitorado fiel está concentrado na classe média paulistana com maior escolaridade e renda.
Ainda no primeiro turno das eleições na capital paulista, que agora é disputada pelos candidatos Guilherme Boulos (PSOL) e Bruno Covas (PSDB), uma pesquisa de intenção de votos do Ibope, em que pese o caráter fraudulento e manipulador dessas pesquisas, Boulos aparece com as piores intenções de votos entre os mais pobres. Para quem tem até o ensino fundamental, sua intenção de voto foi de 3%, atrás de todos os candidatos no primeiro turno. No quesito renda, quem ganha até um salário mínimo, aparece com 5% das intenções de votos. Já entre os eleitores com ensino superior, seu índice de intenção de votos foi de 23% e é preferido de 22% dos que ganham igual ou mais de cinco salários mínimos.
As eleições no primeiro turno, embora haja todos os indícios de que a eleição foi completamente fraudada, teve como resultado a vitória de Covas em todos os distritos eleitorais. O que é uma comprovação da fraude, já que Covas e o PSDB são odiados em todos os pontos da cidade. Porém, o melhor resultado de Boulos, tal como aparece no resultado eleitoral, foi na 1º Zona eleitoral, região de classe média, que engloba o centro e bairros como Sé, Liberdade, Higienópolis, Consolação e Bela Vista, onde Boulos obteve 29,3% dos votos e Covas 33%.
Toda a base social do PSOL é constituída pela pequena burguesia, nesse sentido, um partido pequeno-burguês puro sangue, tanto na composição social, quanto na ideologia pseudo-democrática e oportunista. É notório que as lideranças, os candidatos deste partido, não são parte do movimento operário, nem do movimento social, mas, via de regra, intelectuais da universidade, de movimentos identitários, etc.
Mesmo Boulos não foge a regra, é um elemento da classe média alta paulistana que utilizou-se de um movimento social urbano como trampolim político, e fica evidente agora que se apresenta de maneira oportunista como um gestor humano do capitalismo.
Uma rápida análise do caráter do Partido Socialismo e Liberdade faz cair por terra a ideia disseminada pela burguesia de que o PSOL estaria se constituindo como um partido popular que estaria superando o Partido dos Trabalhadores.
É parte da campanha da frente ampla golpista fazer do PSOL um dos herdeiros da suposta derrocada do PT, justamente por ser um partido sem base operária e popular, ou seja, um partido facilmente manipulável.
Uma análise da concentração de votos entre os partidos na capital paulista para vereadores mostra muito claramente o caráter de classe do PSOL. Sobre o voto dos vereadores, antes de analisar é preciso explicar que esses votos não expressam somente o apoio real a determinado partido mas também onde se concentram os cabos eleitorais de determinados vereadores. A dominação do DEM na periferia do extremo-sul de São Paulo é um produto da atividade de cabos eleitorais. Já no caso dos partidos de esquerda, embora também lancem mão de atributos dos candidatos burgueses, sua votação tem uma relação mais real com um verdadeiro apoio político.
Dito isso, uma olhada no mapa da votação para vereadores em São Paulo revela uma verdade bastante inconveniente para o PSOL. Seus votos se concentram principalmente nos bairros de classe média da cidade. Já o PT, que é apresentado pela imprensa golpista como grande fracasso, conseguiu manter uma expressiva base nas regiões da periferia da zona Leste, zona Sul e outros bairros na zona Oeste e Norte.
Esse problema deixa claro não apenas o caráter do voto do PSOL, mas mostra que a propaganda apresentada pela imprensa golpista de que o PSOL seria o substituto do PT não tem nenhum fundamento na realidade. Pelo contrário, justamente a propaganda é produto não de uma realidade mas da preferência da burguesia pelo PSOL, um partido sem nenhuma base popular, que inclusive ainda se mantém no PT.
Mas não somente a base social deste partido que conforma seu caráter pequeno-burguês, também a sua ideologia é um elemento distintivo de seu caráter pequena-burguesia. O PSOL do ponto de vista ideológico é um partido pseudo-democrático na medida que seu democratismo vai até a democracia burguesa normal, que é extremamente limitada. As reivindicações democráticas do povo são escamoteadas ou contestadas em nome do bom senso capitalista, o armamento do povo, reivindicação democrática central e secular, é rejeitada em nome da democracia burguesa tradicional, do senso capitalista, democracia essa que assassina milhares de pessoas todos os anos.
Toda a ideologia do PSOL é direcionada completamente ao modo e as aspirações de vida da classe média, os interesses e aspirações da classe operária e do pobres e oprimidos são completamente ignoradas. Graça, no lugar das reivindicações operárias e populares, as pautas identitária, subterfúgio da burguesia para conter a luta e a organização dos trabalhadores por “dentro”. A ideologia do PSOL também explica a sua completa irrelevância no movimento operário e popular no país.
Pelo exposto fica evidente que o PSOL não é um partido popular, nem mesmo no sentido puramente burguês, eleitoral do termo. Trata-se de um partido sem base social ampla, sem inserção nas massas operárias nem mesmo eleitoral, com uma ideologia confusa que atende aos interesses da classe média. É justamente por essa características que a burguesia promove nesse momento o PSOL.
O PSOL não é o partido da burguesia, contudo é peça fundamental na política do setor mais importante da burguesia, o chamado centro político. O PSOL está sendo impulsionado pela burguesia para assumir a liderança da esquerda nacional, substituindo, em parte pelo menos, assim o PT, mais precisamente o PT lulista, porque o PT lulista é uma ameaça para a dominação da direita golpista devido à sua base de massas, enquanto PSOL é um político pequeno-burguês sem base popular e, portanto, inofensivo para a burguesia tanto do ponto de vista eleitoral, quanto da mobilização das massas.