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É preciso um programa de luta

Volta às aulas só com vacina! Organizar a greve geral da educação

O presidente da UNE, Iago Montalvão, corrobora a política da direita de que é preciso retomar as aulas com "urgência"

A esquerda pequeno-burguesa está adotando cada vez mais uma posição totalmente adaptada ao regime político. Colocando-se a reboque de uma das alas golpistas, a esquerda está se anulando politicamente. Há o escandaloso apoio ao candidato de Rodrigo Maia (DEM), Baleia Rossi (MDB), para a presidência da Câmara dos Deputados e há também o apoio a João Doria na questão da vacina.

Em nome de uma suposta luta contra Bolsonaro – que de fato ninguém realmente quer levar adiante – a esquerda pequeno-burguesa entrou num oportunismo político. O partido que lidera a bandalheira é o PCdoB, o mais ardoroso defensor da política de frente ampla que orienta todas as capitulações diante da direita golpista.

O presidente da UNE, Iago Montalvão, do PCdoB/UJS, publicou artigo na revista Carta Capital intitulado “UNE: A volta às aulas é urgente. Precisamos vacinar os profissionais da educação” no qual expressa bem claramente a nulidade política que se tornou a esquerda frenteamplista.

O artigo é muito revelador sobre como uma pessoa que se propõe a ser dirigente do movimento estudantil não seja capaz de apresentar uma política independente para o problema da pandemia e da necessidade do retorno às aulas.

A política apresentada por Montalvão, como veremos a seguir, é baseada não em uma política própria para os estudantes e professores, mas nas pautas da direita golpista.

Logo de cara, o artigo já começa defendendo o governo Doria, o parabenizando pelos “esforços” do governo de São Paulo no caso da vacina.

“E quando o mundo já respondia à pandemia, com países criando Planos de Imunização, aqui no Brasil, apesar dos esforços de cientistas, do Instituto Butantan, de servidores públicos, do nosso SUS e também do governo de São Paulo, só conseguimos início à vacinação no último dia 18”

Montalvão critica Bolsonaro e elogia Doria. É a política da frente ampla, na prática. Nenhuma palavra é dita no artigo sobre a farsa da vacinação de Doria, sobre a propaganda política enganosa com a vacina, a ausência de doses suficientes e por aí vai. Montalvão apenas parabeniza Doria e para disfarçar tamanha bajulação ao governador direitista, o presidente da UNE elogia o SUS, o Instituto Butantan e os servidores. Não há dúvida que os servidores da saúde estão trabalhando muito no caso da pandemia, à revelia da política de Doria. Não há dúvida também que o SUS é importante, assim como o Butantan. Mas o elogio de Montalvão é político, é um aval para a propaganda eleitoral antecipada – e como toda campanha eleitoral, é uma propaganda enganosa – de Doria.

A imprensa golpista está apresentando Doria como o herói da vacina, o salvador do País, e Iago Montalvão participa da farsa golpista.

Baseado na propaganda enganosa sobre a vacina, Iago Montalvão defende que a volta às aulas seja urgente. A preocupação do presidente da UNE até poderia ser legítima. De fato, a ausência das aulas compromete o desenvolvimento de milhões de crianças e jovens no País.

No entanto, o que está em questão não é meramente um problema técnico sobre o retorno às aulas. Em primeiro lugar, a pressa em voltar às aulas é uma exigência dos capitalistas. Os prejuízos por conta da falta de movimentação de milhões de estudantes nas cidades é enorme. Iago Montalvão parece ignorar esse fato, que é essencial para formular uma política que de fato obedeça aos interesses dos estudantes e professores.

Antes de falar em urgência na volta às aulas, seria preciso formular um programa de luta. Em primeiro lugar que exija a vacina para todos. Mas não a vacinação de Doria. Não a vacina que até agora não foi nada mais do que propaganda política. Que até agora não apresentou um plano realmente sério de vacinação e imunização em massa, única possibilidade de segurança para o retorno das aulas.

Como presidente da UNE, Montalvão não apresenta um programa de luta, tem apenas a política de Doria para justificar a volta às aulas.

Antes que os histéricos, programados para defender a direita, venham dizer que estamos atacando a ciência ao questionar a vacina de Doria, é bom explicar que a vacina pode funcionar. Mas para se ter certeza disso, primeiro Doria precisa convencer a população porque até agora tudo o que fez foi meramente propaganda eleitoral.

A única política proposta por Montalvão é que os profissionais da educação tenham prioridade na vacinação:

“Defendemos que a vacina seja disponível para todos, com respeito à prioridade e também estamos em uma grande mobilização para que os profissionais da educação sejam incluídos nesta etapa inicial de imunização”

Aparentemente correta, essa proposta, na realidade, é apenas um disfarce para a completa ausência de um programa próprio para o problema.

Em primeiro lugar, por que os profissionais da educação deveriam ter prioridade? Como ideia geral poderia ser algo a ser discutido, mas do ponto de vista político, ou seja, baseado na realidade, o que faria os profissionais da educação terem prioridade sobre outras categorias? Por exemplo, os atendentes de supermercados, de farmácias, por exemplo, também não deveriam ter prioridade?

Os carteiros, que não pararam de trabalhar nem um dia inclusive durante a fase mais intensa da quarentena, também não deveriam ter prioridade?

E os pais e familiares dos estudantes, também não deveriam ser prioridade? Qual seria o critério? Com certeza, o critério não seria a vontade de Iago Montalvão.

No final das contas, o que Montalvão defende é a mesma política de Doria. Não se trata de uma reivindicação clara: “volta às aulas só com vacina”. Para o presidente da UNE é “Volta às aulas é urgente, vamos dar um jeito nisso”. É isso o que querem os capitalistas que estão pressionando a volta às aulas.

O que Doria está preparando e que está sendo preparado na maioria dos estados é que as aulas irão voltar mesmo sem vacina, enquanto os governadores enrolam os estudantes, professores, funcionários e pais de que a vacinação vai acontecer em algum momento.

Iago Montalvão pode não perceber, mas sem um programa de luta, independente, que defende os interesses dos estudantes, ele está apenas sendo um elemento da política da direita: “voltar as aulas é urgente”. Colocando em risco professores, estudantes e pais de alunos.

Nesse momento em que os governos querem retomar as aulas de qualquer jeito, a tarefa das organizações de estudantes e professores é organizar a luta, organizar a greve da educação e não ajudar a direita a colocar em prática essa política criminosa.

A esquerda pequeno-burguesa está de mãos dadas com a direita golpista em todas as oportunidades. Não tem uma política própria, um programa de lutas. Não denuncia a farsa da direita golpista, não apenas de Bolsonaro, mas de Doria e de toda a direita, que não fez nada contra a pandemia e continua não fazendo nada no caso da vacinação.

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