Com mais de 140 mil mortes por coronavírus confirmadas – isso sem considerar as subnotificações e o malabarismo dos golpistas para esconder a realidade, fica difícil empurrar a população para o matadouro. Segundo pesquisa do Datafolha, 75% dos eleitores de São Paulo são contra volta às aulas.
O índice para os casos onde há matricula em locais de ensino público é ainda maior: quando se trata de matrícula em creche da prefeitura, o índice sobe para 79%; enquanto nos casos de matrícula na rede municipal e estadual são de 80% e 77%, respectivamente. A pesquisa, por sua vez, fora realizada nos dias 21 e 22 de setembro na cidade de São Paulo e trabalhou com um espaço amostral de 1092 eleitores. Embora a pesquisa aponte para uma clara compreensão por parte da população quanto ao perigo de exposição à covid-19, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), considerado como a “direita científica”, já definiu o cronograma de volta às aulas a partir de outubro – liberando parte das atividades escolares desde 8 de setembro (período em que os casos de infecção voltaram a crescer). Na esfera municipal, caberia ao prefeito Bruno Covas (PSDB), carimbar sua insígnia de tucano e confirmar o posicionamento dos empresários; e foi isso que fizera: Covas adiou a decisão para novembro, justamente em cima do período eleitoral. Enquanto a população deixa claro que não quer correr o risco, Covas faz jogo de cena para ver se consegue empurrar a decisão – diga-se de passagem, já tomada no comitê empresarial do partido burguês ao qual faz parte.
O dilema de Covas pode ser visto na oposição entre os interesses do povo e dos capitalistas. Se por um lado o sindicato dos professores pressiona para que as aulas voltem apenas em 2021, os capitalistas da educação pressionam para que as aulas voltem ainda este ano, com coronavírus e tudo. Nesse caso, vale tudo. Nesta sexta-feira, 25, Covas chegara a anunciar que pretende um “censo sorológico” em todos os professores e alunos da rede municipal de educação acima de 4 anos antes do retorno às aulas. A primeira etapa do censo está prevista para 1º de outubro, com 181 mil participantes. Se não houve testagem massiva em nenhum momento, por que essa suposta atitude agora? Obviamente, esse expediente é apenas um trunfo para atender aos capitalistas e enganar a população. É preciso se colocar contra qualquer medida que possibilite a volta às aulas. Volta às aulas somente com vacina e depois da pandemia.
Tirando os capitalistas que lucram com o ensino privado, o povo não quer voltar, os estudantes não querem voltar, os professores não querem voltar às aulas. Ninguém quer morrer de graça. Só os capitalistas, os sanguessugas da humanidade, querem colocar a juventude para morrer e lucrar em cima. Os capitalistas – atuando sob as cores da bandeira tucana – não se importam com as pessoas. Covas e Doria são legítimos representantes dos exploradores. Volta às aulas, não!