Dados escolares do Censo Escolar da Educação Básica, do Ministério da Educação (MEC), colhidos em 2020, demonstram que, em 2019, cerca de 3,5 mil escolas públicas de ensino básico não tinham banheiro para o funcionamento básico. Um ano depois, no mês de março de 2020, os números subiram para mais de 4,3 mil escolas com ausência de banheiro.
O fato é que as escolas mal tinham condições de funcionar antes da pandemia, há de se imaginar a situação de funcionamento durante o pico dela, isto é, algo completamente desastroso. Entretanto, isso parece não significar nada para o governo Bolsonaro e para toda a direita, formada por governadores, prefeitos e empresários capitalistas por todo o País.
É preciso dizer que, mesmo sabendo da situação calamitosa, os governos e os empresários, juntos num conluio, empurraram os estudantes da escola pública, filhos da classe trabalhadora, para uma situação de risco declarada. Tudo isso precisa ser denunciado como um ato criminoso, e o resultado agora está aí. Durante o período de início das aulas, só em São Paulo, o estado mais rico do País, mais de mil pessoas da comunidade escolar, entre estudantes e trabalhadores, vieram a ser infectadas na escola.
Há cerca de 179.533 mil escolas públicas no Brasil. Além da falta de banheiros, os dados acusam que serviços como internet e tratamento de esgoto também apresentam situação de calamidade. A internet de banda larga não estava presente em 15 mil escolas em 2019, passando para 17,2 mil, em março de 2020. Sobre a situação de tratamento de esgoto, em 2019 a situação era 36,6 mil, e em março de 2020 esse cenário foi para 35,8 mil.
Os números já podem ser classificados como absurdos e, mesmo assim, a política do MEC é a de empurrar os estudantes nessa situação, jogando a responsabilidade para o dia a dia dos professores e trabalhadores da educação. É nesse momento que nos perguntamos, aonde surge o caos? Surge justamente do abandono dos governos à população, e na imposição a condições extremamente absurdas, contrárias a uma educação digna para os filhos dos trabalhadores.
Desde o início da pandemia no Brasil, e desde o agravamento consequente da crise sanitária deliberada no País, este Diário vem denunciando que o principal responsável pela crise pela qual passamos é o abandono da população pelos governos, tanto o federal quanto os estaduais. Dessa forma, os problemas “causados” pelo coronavírus são, na verdade, revelações das condições básicas de qualidade para a educação pública. A COVID-19 exerceu a tarefa de escancará-los.
Diante da situação, devemos definitivamente defender a greve da educação em todos os setores até que possamos atuar de modo seguro, com todos os profissionais vacinados.